LIBERDADE Poder é liberdade e liberdade é a necessidade mais profunda do ser humano
31/08/2013

Como já dito mais de uma vez nestas anotações, o ser humano é um animal com sonhos de transcendência. Em minha opinião é isso que o caracteriza e não capacidades como a racionalidade, consciência etc. que, em graus variados, conforme a definição que se dê a essas palavras, outras espécies também têm.

É sempre bom lembrar que o objetivo deste escrevinhador não é a precisão acadêmica, até porque não há o preparo mínimo para isso, trata-se mais de uma anotação de idéias e conceitos próprios e absolutamente discutíveis.

Voltando ao nosso raciocínio:

Podemos traduzir esse sonho de transcendência como uma necessidade de superar as limitações da “realidade”, tais como: fome, desconforto, carências de um modo geral e, em última análise, a morte: o desejo de vencer todos os obstáculos ao livre-arbítrio, um sonho de liberdade plena.

O fato é que a “dura realidade”, ou o que percebemos enquanto “existimos”, é o conjunto de condicionantes espaço-temporais à nossa existência (buscando uma tradução pelo que ensina nossa ciência).

Em outras palavras, somos um fenômeno de “existência espaço-temporal”.

Quando pensamos em “paraíso”, apenas para usar um conceito, seja como origem da nossa “existência”, seja como o nosso “destino” almejado, imaginamos uma condição de “gozo”, de felicidade plena e eterna, incondicional, o que pode ser interpretado como “não espaço-temporal”, como um estado de libertação das condicionantes da existência no espaço-tempo.

Em última análise, podemos dizer que nossa necessidade mais profunda é a “liberdade”.

A Gota d’Água e o Gene Egoísta
O Paradoxo do Capitalismo e da Democracia – Eficiência e Segurança

A série “A Gota d’Água” que eu montei a partir do movimento iniciado pelas celebridades “Globais”, trata, aparentemente, de teorias conspiratórias, paranoias de grupos semelhantes aos pseudo-cientistas da teoria do “antigo astronauta”, mas acho que é algo mais.

A dita série começa com o documentário
“Taken for a Ride” <clique para assistir>, que relata a forma inescrupulosa como as indústrias do automóvel, da borracha, do petróleo e da construção moldaram nosso modo de vida, insensíveis às consequências dessa atitude, passa por
“A Verdadeira História da Internet” <clique>,
“a Gota d'água ‑ Global” <cliquee
“a Gota d'água ‑ Aquecimento Global A FARSA” <clique>.

Em todas essas pesquisas os autores verificam o mesmo fato, até certo ponto angustiante, de que, a despeito da superioridade aparente do ser humano sobre os outros animais e da sabedoria alcançada pela humanidade, através dos ensinamentos de inúmeras escolas filosóficas milenares, o indivíduo continua agindo conforme seus instintos mais primários, com uma visão tão imediatista quanto a de um chimpanzé ou de um orangotango.

Quando Adam Smith criou a teoria da “mão invisível” do mercado, demonstrou um pragmatismo perigoso: constatando que o homem agia mais eficientemente quando estimulado pelo ganho individual do que pelo benefício coletivo, formulou a teoria básica do mercado, ou seja, a lei da oferta e procura, que se mostrou extremamente eficaz na prática.

Sua tese foi fortalecida pela experiência socialista que levou ao desastre as economias que a aplicaram, além dos próprios resultados obtidos nos ambientes capitalistas, pelo menos quando comparados com outras experiências.

A democracia, fundamentada na filosofia socrática, se baseia na ideia de que o coletivo deve ser preservado, garantindo dessa forma a igualdade de direitos para todos, evitando a concentração de poder em um único indivíduo. Fica claro, mais uma vez, o pragmatismo do filósofo, ao admitir que o indivíduo dificilmente agirá pelo coletivo, tendendo a ser egoísta e, portanto, prejudicando o grupo.

Essa forma de organização foi reforçada pela comparação com os mesmos países que experimentaram o socialismo, baseado em governos totalitários, além da própria experiência democrática no ocidente, derrubando tiranias deletérias e consagrando esse conceito.

O paradoxo é que a eficiência esperada do capitalismo sucumbe ante ao fato de que o poder do capitalista aumenta exponencialmente com o aumento do seu capital e esse sucesso se deve a uma única habilidade: a de vender ou fazer negócios, trocas vantajosas para si mesmo.

Dessa forma o poder chega às mãos de indivíduos que não estão preparados para ele, não são os mais sábios, sendo extremamente vulneráveis aos apelos desse poder, que a democracia não consegue domar, uma vez que acaba se apoiando nas mesmas práticas de convencimento do comércio.

Para alguns, poucos, mas decisivos para os destinos da espécie humana, esse poder chega a níveis que se assemelham a poderes divinos sobre os demais, sobre sociedades inteiras.

O apelo do lucro fácil se sobrepõe à busca da eficiência e a proficiência nas técnicas de venda e convencimento, chegando até as práticas inescrupulosas de imposição ao mercado, acabam por determinar uma perda sistemática da qualidade de uma forma mais geral. Aqui devemos entender qualidade como um conceito amplo, não apenas a durabilidade ou o acabamento de alguma coisa, mas a adequabilidade dessa coisa a uma vida melhor.

A segurança que a democracia promete é uma quimera, uma vez que os processos políticos, em seus vários níveis, são totalmente dominados pelos processos capitalistas, a ponto de vermos líderes democráticos agindo como verdadeiros agentes desse capitalismo, promovendo negócios entre empresas, permitindo a imposição de modos de vida insustentáveis, quando não promovendo conflitos e guerras para atender interesses de grupos econômicos.

Ainda mais grave é sensação de que a democracia nos assegura a liberdade e o capitalismo a eficiência, dessa forma os indivíduos inescrupulosos se sentem cada vez mais livres para agir em função de seus próprios interesses, deixando para o “sistema” a garantia dos interesses coletivos.

Infelizmente não acredito que a transição desta situação para uma situação mais sustentável poderá ser gradativa e amena, por duas razões: a primeira é que não sabemos quais deveriam ser as bases dessa nova situação, nossos filósofos foram calados pela massacrante convicção de que já sabíamos tudo que se precisava saber; a segunda é que o poder instituído se baseia não só na manutenção do status quo, mas na radicalização desses conceitos.

A ruptura começou a surgir com os “Black blocs”, revoltas aparentemente sem causa, além crises religiosas e políticas em várias partes do mundo, iniciando um movimento cujo fim não se pode prever. É como se algo estivesse emergindo dos subterrâneos da sociedade, subvertendo, destruindo, tentando chacoalhar as mentes para, desse processo destruidor, buscar novas alternativas.

Éramos nós os astronautas?

Depois de Von Däniken abriu-se a caixa de Pandora dos cientistas dos “antigos astronautas”.

Por que essas teorias são tão assimiláveis para nós e, ao mesmo tempo, tão difíceis de refutar pela sociedade científica?

Porque, na verdade, temos poucas informações sobre as civilizações mais importantes para nossa filosofia e, consequentemente, nossa ciência, como a árabe, a egípcia, a grega etc., e percebemos uma ruptura entre essas escolas e nosso mundo moderno. Podemos dizer que perdemos a capacidade que essas civilizações tinham de construir sabedoria.

Daí a curiosidade e a necessidade de formular teorias a respeito, entretanto não temos mais as ferramentas que eles tinham, só dispomos da ciência e da tecnologia, portanto nada mais normal do que construir modelos baseados em ciência e tecnologia.

Acho que a ciência e a tecnologia nos cegaram para o sonho.

O que essas civilizações tinham era a LIBERDADE de sonhar, sem as limitações que tanto conhecimento impõe – lembrando que conhecimento é acúmulo de informações e lógicas para processá-las, não é sabedoria que, eventualmente, ocorre sem a necessidade de grandes conhecimentos – porque o conhecimento é espaçoso, se intromete em tudo.

Quando pensamos em algum problema, imediatamente recorremos a algum conhecimento para tentar solucioná-lo, seja de nosso repertório, construído nas escolas, nas ruas, na TV, ou do repertório digitalizado no Google. Não temos mais a facilidade de formular novas possibilidades para aquela situação, tanto é que frequentemente alguém nos alerta: – Você tem que pensar fora da caixinha!

Paradoxalmente foram eles mesmos, os antigos filósofos, que criaram as bases da nossa ciência e tecnologia, como se tivessem criado um “monstro” que engoliu seu criador.

É evidente que ocorreu uma ruptura em algum momento entre as civilizações que tiveram contato com os “antigos astronautas” e a nossa. Também é evidente que os “astronautas” não voltaram mais.

Acho que a ruptura que os “Black blocs” estão tentando provocar tem muito a ver com isso. Será que temos coragem de sermos, de novo, os astronautas que já fomos?

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