A Copa  das  Copas
I  m  a  g  e  m     d  a     V  e  r  g  o  n  h  a
28/05/2014






Estamos envergonhados (por mais que alguns insistam em negar). Uns mais, outros menos, mas não há como ignorar a campanha difamatória que corre o mundo, tendo como alvo o nosso Brasil, campanha essa deflagrada pelos problemas/protestos em relação à Copa Fifa.


O pano de fundo de todo esse barulho é uma mescla de frustração com a situação política do país, corrupção, crime organizado, incompetência generalizada, principalmente da ‘presidenta’ (sic), que corrompeu até a língua pátria, tudo isso confrontado com a incoerência de ver o governo se submeter ao chamado ‘padrão Fifa’ para as obras exigidas para a Copa.

Até aí, parece fazer sentido, afinal tudo tem limites e, pelo menos aparentemente, a paciência do povo chegou ao seu. Apesar de sabermos que o povo não se move sem lideranças e que essas lideranças dirigem os movimentos conforme seus interesses particulares[1] e muito poucas vezes conforme o interesse da maioria, ainda assim o povo se dispôs a sair para as ruas.

Porém meu interesse neste momento é comentar nossa decepção com a imagem do nosso país, disseminada pelo mundo.

Há um coro geral proclamando que a imagem que se publica no exterior é distorcida, que mostra um país muito mais atrasado do que somos de fato.

Por outro lado, os movimentos 'anti-copa' continuam tentando desestabilizar as instituições e, conforme suas lideranças, denunciar ao mundo a situação em que o país se encontra.

Vergonha, Vergonha!!!!

Vergonha I

Os primeiros demonstram um total desconhecimento do Brasil real, imaginando que a ‘ilha’ em que vive representa esse Brasil. Ledo engano, o Brasil real é tão ou mais atrasado do que se propala na imprensa internacional, embora eu também me sinta muito mal com isso.

Mais atrasado ainda pelo fato de possuir essas ‘ilhas’ de desenvolvimento completamente artificiais, produzidas pelos mesmos mecanismos que acusamos os países desenvolvidos de utilizar. Apenas que, ao invés de explorar outros países, exploramos nosso próprio povo, através do trabalho do imigrante ‘nordestino’[2], políticas concentradoras e, principalmente, uma cultura feudal de sociedade.

Vergonha II

Os líderes dos ‘movimentos denúncia’, esses deveriam se envergonhar de fato, porque denunciam uma realidade que nada tem a ver com regimes de governo, ou mesmo de lideranças espúrias totalitárias, desaventuradamente fazendo uso de poder excessivo contra um povo oprimido.

Nossa realidade tem a ver com cada um de nós, com a capacidade que temos ou teremos de organizar uma sociedade descente, com políticos corretos, lideranças voltadas para um objetivo um pouco maior do que seu sucesso pessoal, com a disposição, não de denunciar, mas de participar, de construir essa sociedade melhor.

A menos que estejamos nos declarando incompetentes como nação e esperando pelo socorro de algum poder internacional que assuma a organização de nosso país.

Quem sabe ser um novo Porto Rico, se é que os nossos grandes irmãos do norte nos aceitariam como ‘estado associado’.









[1] Esses interesses, ainda que possam ser altruístas ou compartilhados por um grupo de pessoas, ainda assim são particulares na medida em que a origem de um movimento se dá a partir de uma convocação, baseada no ideário de uma liderança, ao qual atendem os que se sentem concordes com esse conjunto de ideias, mas que não são os originadores dessas ideias. Como o processo de convencimento é baseado na qualidade do discurso da liderança, cujo objetivo precípuo é cooptar liderados e não esclarecer, nem sempre o liderado tem clareza completa dos objetivos da liderança. Se não entenderam, cito o PT como um exemplo, hoje clássico, desse fenômeno.

[2] Aqui ‘nordestino’ é um termo livre designando todos os originários de estados paupérrimos que acorrem aos centros desenvolvidos para tentar a sorte.