Lúmpen que te quero lúmpen!


06/06/2014

A hipocrisia humana não tem limites!

Estamos em vias de abraçar o espírito 'bolivariano', nos unindo a Venezuela (do 'saudoso' Hugo Chávez), Bolívia, entre outras tentativas, mais ou menos frustradas, de resolver os problemas sociais que criamos nesta nossa sofrida América Latina.

Decreto presidencial publicado na semana passada determina que sejam criados conselhos populares e que sejam feitas conferências e audiências, entre outras formas de diálogo, para a realização de consultas públicas antes de decisões de órgãos do governo sobre temas de interesse da sociedade.

Faz pensar!

O crime organizado (PCC, Comando Vermelho...) literalmente manda nos maiores centros do país.  É notória a promiscuidade existente entre políticos, policiais, juízes e essas organizações.

Como na história de muitos países democráticos, temos os sindicatos de categorias de menor nível de escolaridade, naturalmente os que representam quantidades maiores de trabalhadores, dominados pelas máfias.




Serviços públicos, como transporte e lixo, além de alguns setores de serviços, como postos de gasolina, estão absolutamente contaminados, senão dominados, por essas máfias.

O combustível básico dessa indústria criminosa é o 'lúmpen'. A população situada socialmente abaixo do proletariado, do ponto de vista das condições de vida e de trabalho.

Essa população, destituída de recursos econômicos e de consciência política e de classe, é altamente suscetível à cooptação.

Muitos teóricos da revolução socialista, classificavam o lumpemproletariado como pernicioso, já que seu cinismo e sua absoluta ausência de valores poderiam contaminar a consciência revolucionária do proletariado.

Os 'bolivarianos', assim como nossa 'presidenta' e seus acólitos, acham que poderão utilizar esse mesmo combustível para seu projeto político, afinal ele é abundante em nossa sociedade.

O lúmpen não é uma exclusividade de sociedades atrasadas, é fruto de um aspecto da natureza humana, alguns são mais passivos que outros. O que difere as sociedades mais desenvolvidas, socialmente falando, é a distribuição de oportunidades, garantindo que cada indivíduo sinta que pode desenvolver seu potencial plenamente. Dessa forma poucos ficarão estagnados culturalmente, dificultando sua utilização como massa de manobra.

Em uma sociedade como a nossa, os lúmpen são praticamente a base populacional, excetuando-se as 'ilhas' de desenvolvimento, mas mesmo nesses grandes centros, a migração em busca de melhores condições de vida, concentrou uma quantidade expressiva de miseráveis. Massa que hoje está totalmente dominada pelo crime organizado, nas favelas e cortiços distribuídos em todas as regiões das grandes cidades.


Conselhos populares nunca serão populares nessas condições, por um simples motivo: lúmpen não tem capacidade de liderar ou decidir, são apenas massa de manobra para lideranças e essas lideranças são humanas, portanto vão lutar pelos interesses da maioria até que seus próprios interesses sejam colocados em risco.




Além disso, ao perceber que a maioria quer carnaval e futebol, vai começar a desprezá-la, como os 'marxistas' do passado o fizeram, achando o lumpemproletariado pernicioso à causa, exceto quando precisavam deles para engrossar os seus movimentos, passeatas, greves etc.


Receio que estejamos mais uma vez querendo queimar etapas de desenvolvimento.

Não acho que conselhos populares significarão algum avanço para nossa sociedade, porque, não tenho dúvida, serão ocupados por máfias interessadas exclusivamente no seu próprio poder.