Radical ou Sectário
Impeachment ou Golpe

12/04/2016
Hoje ouvi o Mário Sérgio Cortella no rádio e ele falava do comportamento das pessoas frente ao impasse que estamos vivendo esta semana.
Ele iniciou com um reparo sobre o uso da palavra radical, normalmente usada no sentido de sectário. Achei muito pertinente e, como costumo fazer, vou iniciar pelas definições:
Radical: relativo ou pertencente à raiz ou à origem; original.
Sectário: discricionário, que não transige; intolerante.
Acho, como o filósofo citado, que devemos ter uma posição, afinal o muro é do PSDB… ops, desculpem, é do Diabo. Sendo assim, vou falar, doa a quem doer.

Impeachment
Porque sou a favor

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O motivo mais vistoso é a Petrobrás. A empresa, maior do Brasil, está super endividada e em processo de encolhimento e desmonte, registrando prejuízos monstruosos.
Não, não pensem que é devido à corrupção! Não! As dívidas sobrevieram muito mais devido a preços tabelados e investimentos equivocados do que da corrupção. A Petrobrás arcou com os custos de um programa de industrialização que a obrigou a adquirir produtos nacionais a preços muito acima do mercado mundial. Somadas, são perdas na casa de centenas de bilhões.
Mas essa é a estupidez mais vistosa, em todos os outros setores que conheceram a mão deste governo, marcada por intervenção política rudimentar, incompetência e apego a ideias econômicas ultrapassadas, a ruína foi estrondosa.
A tentativa de baixar a fórceps os preços da energia, em 2012, contribuiu para que a segunda maior estatal do país, a Eletrobrás, tenha prejuízos desde aquele ano.
A manipulação de preços de combustíveis e energia elétrica arruinou a Petrobrás e todo o complexo petroleiro, diminuiu o setor de biocombustíveis e desorganizou e endividou o setor elétrico.
A politização da gerência dos fundos de pensão de estatais provocou prejuízos históricos. Além da mera incompetência, tais fundos foram levados a investir em projetos do "Brasil Grande" petista, caso da Sete Brasil ou de Belo Monte –um caso de falência quase certa e outro de prejuízo duradouro.
Os leilões de concessão de infraestrutura foram prejudicados e chegaram quase ao fim em 2013, dadas as tentativas canhestras do governo de controlar a rentabilidade dos empreendimentos e a barafunda das normas regulatórias. Perdeu-se então a última chance de conter a desaceleração econômica, que já começava.
A ideia estapafúrdia de incentivar o consumismo e manter juros baixos, descuidando do controle da inflação. Alimentar o fisiologismo na classe política com verbas e ministérios para manter o controle do Congresso (sem conseguir, o que é pior). Engordar uma máquina estatal super inchada, ineficiente e corrupta para cooptar votos. Promover a distribuição de subsídios para os pobres, às custas de impostos que asfixiam a atividade econômica, como se os recursos caíssem do céu.
Não se sabe quando nem de que forma terminará o governo Dilma Rousseff, mas já se sabe que a presidente deixará um legado histórico de destruição incomparável.

G  o  l  p  e
Porque sou contra

É exatamente essa classe política fisiológica e alimentada pelo governo que deve assumir em caso de golpe:
Michel Temer, o vice que já fez até discurso de posse, que conduziu o seu partido a romper com o governo, mas não renunciou.
Eduardo Cunha, braço do crime organizado (alguma coisa tinha que ser organizada por aqui), conduzindo o grande conchavo que deverá comandar o país.
Aí vem o maior dos mistérios: A República de Curitiba!
sergiomorolavajato.jpgDe onde vem esse poder?
Por um lado, parece estar chegando a alturas nunca dantes sobrevoadas, atingindo alguns dos Godfather mais poderosos, mas aparentando certa inapetência quando os investigados não são do governo.
Curiosamente, a 22ª fase da operação Lava Jato, batizada de Triplo X, é um desses casos.
Uma das buscas foi na filial brasileira da Mossack & Fonseca, recentemente popularizada no episódio dos Panama Papers. A suspeita era de que o famoso triplex do Lula fizesse parte de uma negociação intermediada por essa empresa.
Fato é que entre os documentos apreendidos durante a Triplo X, aparecem ligações potencialmente ilegais de offshores com as  Organizações Globo. Não à toa, a Globo registrou timidamente o escândalo internacional que monopolizou a atenção da mídia estrangeira nos últimos dias.
Há outros ilustres nativos, vários envolvidos em crimes de corrupção, no rol de clientes do escritório panamenho. Robson Marinho, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e acusado de receber propina durante sua passagem pelo governo do tucano Mário Covas, é dono da Higgins Finance.
Segundo o Ministério Público, Marinho embolsou 2,7 milhões de dólares em troca de contratos fraudulentos assinados com a multinacional francesa Alstom. A propina teria ainda abastecido o caixa 2 de campanhas eleitorais do PSDB paulista.
Além dos Marinho globais e do Marinho tucano, os proprietários de offshore até agora flagrados na enorme pilha de documentos incluem políticos brasileiros de sete partidos: PSDB, PDT, PMDB, PP, PSB, PSD e PTB.
Constam da lista, entre outros, o indefectível Eduardo Cunha, presidente da Câmara, o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, o ex-ministro Edison Lobão, o falecido tucano Sérgio Guerra, acusado por um dos delatores da Lava Jato de ter recebido 10 milhões de reais para abafar uma CPI, e o ex-deputado federal João Lyra.
Os Panama Papers, pelo que se viu até o momento, não vem ao caso para o juiz Moro.
Ao contrário de outras fases e do padrão de comportamento do juiz Moro, os representantes do escritório panamenho não amargaram longos períodos na cadeia nem tiveram os pedidos de prisões temporárias convertidos em detenções preventivas, cuja suspensão fica a critério da Justiça. Foram soltos em tempo recorde, menos de dez dias após a operação. Entre os libertados perfilava-se o principal representante da companhia no Brasil, Ricardo Honório Neto.
O executivo trabalha na Mossack & Fonseca há ao menos dez anos e é bem relacionado, com contatos na própria Polícia Federal. Em 2007, um e-mail interceptado prova que Honório Neto havia sido informado a respeito de uma operação da PF no escritório da empresa.
Na mensagem, ele avisa da ação e orienta subordinados a destruir e ocultar documentos antes da chegada dos federais. Esconder informações é, aliás, uma prática corriqueira e contínua na companhia. Escutas telefônicas recentemente autorizadas que embasaram a Triplo X flagraram Ademir Auada, um dos presos em 27 de janeiro e logo liberado, a confessar a destruição de papéis do escritório.
Teria sido apenas desatenção ou algum interesse específico explicaria o comportamento incomum da turma de Curitiba no episódio?

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Impasse
Oh, dúvida!

Já tive meus momentos na vida, já acreditei com toda a convicção em ideias e em pessoas. Infelizmente, as convicções e a confiança se mostraram exageradas.
Cheguei à conclusão, como já mencionei diversas vezes e de diversas formas, que não temos como saber se estamos certos, apenas podemos acreditar e em ir em frente. Assumir uma posição, o mais conscientemente possível, e lutar por ela.
Lembram da celeuma gerada por aquele diálogo “O Cético e o Lúcido”?
Percebi que a nossa discussão é um embate entre pontos de vista que tem muito a ver com aquela polêmica.
Esquerda x Direita, Espiritualismo x Materialismo, Socialismo x Capitalismo, me parecem discussões cuja essência é a mesma, mas, ao invés de explicar, resolvi montar um contraponto, o “O Crente Cético”, um monólogo de um velhinho consigo mesmo sobre as suas convicções.
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