Gramsci e o Negacionismo

05/01/2023

Teoria de Gramsci

Antonio Gramsci foi um intelectual e líder político italiano que viveu no início do século XX. Ele é conhecido por sua teoria da hegemonia cultural, que se baseia na ideia de que as elites políticas e culturais exercitam o poder e a influência sobre as massas não apenas por meio da coerção e da repressão, mas também por meio da persuasão e da ideologia.

Segundo Gramsci, as elites mantêm o poder através da construção de uma "consciência hegemônica", isto é, uma ideologia que é amplamente aceita e compartilhada pela sociedade como um todo. Esta ideologia é promovida através dos meios de comunicação, da educação e da cultura, e ajuda a justificar e legitimar o status quo.

Gramsci argumentou que as elites hegemônicas são capazes de manter o poder porque são capazes de persuadir as massas de que seus interesses estão alinhados com os interesses das elites. Quando as massas aceitam a ideologia hegemônica, elas são menos propensas a se rebelar e mais propensas a aceitar o status quo.

Gramsci também argumentou que os grupos subalternos, aqueles que são oprimidos ou excluídos pelas elites hegemônicas, podem resistir à opressão através da "guerra cultural", isto é, lutando para construir uma consciência alternativa que desafie a ideologia hegemônica e apoie a mudança social.

Definição de Negacionismo

Negacionismo é o ato ou a atitude de negar ou contestar alguma verdade histórica, científica ou outra forma de conhecimento estabelecido. Isso pode incluir a negação de eventos históricos, como a existência do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, ou a negação de fatos científicos estabelecidos, como a existência do aquecimento global causado pelo homem. O negacionismo é frequentemente motivado por interesses políticos, religiosos ou ideológicos e pode ser utilizado como uma tática para desacreditar ou deslegitimar as opiniões e ideias de outras pessoas.

Uma forma de identificar o negacionismo é comparar a afirmação em questão com o conhecimento estabelecido sobre o assunto. Se a afirmação contradiz de maneira significativa o que é considerado verdadeiro pelo consenso científico ou histórico, ela pode ser classificada como negacionismo. No entanto, é importante lembrar que a ciência e a história são campos em constante evolução e que novas descobertas podem levar a revisões de nossa compreensão do mundo. Portanto, é importante estar sempre aberto a novas informações e ser capaz de avaliar crítica e independentemente as afirmações que se encontram. Além disso, o negacionismo também pode ser identificado por sua tendência a rejeitar ou ignorar evidências em favor de uma narrativa pré-estabelecida ou de interesses pessoais.

Para aferir se uma afirmação é negacionismo, você pode seguir os seguintes passos:

Verifique se a afirmação está de acordo com o conhecimento estabelecido sobre o assunto. Isso pode incluir consultar fontes confiáveis, como artigos científicos revisados por pares ou fontes históricas de confiança. Em outras palavras, se a afirmação está de acordo com a "mainstream".

Considere o contexto em que a afirmação está sendo feita. O negacionismo geralmente é motivado por interesses políticos, religiosos ou ideológicos, então considerar o contexto pode ajudar a entender por que a afirmação está sendo feita.

Analise as evidências apresentadas para apoiar a afirmação. O negacionismo geralmente rejeita ou ignora evidências em favor de uma narrativa pré-estabelecida. Se as evidências apresentadas são fracas ou selecionadas de maneira tendenciosa, isso pode ser um sinal de negacionismo.

"Mainstream" é um termo usado para descrever aquilo que é amplamente aceito ou popular entre a maioria da população. Isso pode incluir ideias, crenças, práticas, produtos ou tendências que são amplamente aceitos ou adotados por uma sociedade. Algo que é considerado mainstream é geralmente amplamente difundido pelos meios de comunicação de massa e considerado como parte da "status quo" ou da norma cultural. Em contraste, aquilo que é considerado fora da mainstream é geralmente menos popular ou amplamente aceito e pode ser visto como alternativo ou subcultura.

Os textos acima foram obtidos a partir do chatGPT que é uma inteligência artificial da Openai, empresa do Elon Musk.

É interessante como ultimamente tem se falado muito em negacionismo, é um assunto praticamente novo, principalmente em função da disseminação muito grande de informações consideradas como tal - e eu digo consideradas justamente em função desses textos que eu acabei de colocar aí em cima.

O fato é que é muito difícil definir o que é negacionismo porque, na realidade, a ciência, como eu já disse várias vezes, é o templo da dúvida, o templo da especulação, o templo do questionamento, ou seja, a ciência, ao contrário do que pode parecer, se levantou contra as certezas que existiam, por exemplo, na Idade Média ou em momentos da história em que mitos foram considerados como fatos absolutamente indiscutíveis e que inclusive chegaram a ser protegidos pela lei, ou seja, era crime ir contra aquelas verdades fundamentais, haja vista o próprio Galileu que foi perseguido por defender ideias contrárias às da igreja.

Hoje estão até discutindo leis para punir ou para controlar a difusão de desinformação, como agora tem sido chamado o negacionismo, mas volto a dizer, a questão é como definir corretamente negacionismo, já que nós estamos falando apenas da "mainstream", ou seja, da corrente dominante de pensamento. A rigor, os fenômenos como o “politicamente correto” e o “policiamento cultural” que estamos vivendo, nada mais são do que a pressão da "mainstream" sobre toda a população. Ocorre que, conforme a própria definição de “mainstream”, ela acaba sendo o que é difundido pelos meios de comunicação em massa, o que, como já disse outras vezes, está longe de ser consenso para a maioria da população.

Apenas como exercício de raciocínio, ou como especulação,  vamos dizer que a revolução cultural que Gramsci propõe se concretize, por exemplo, se o socialismo, ou as ideias socialistas, ou o comunismo forem se imiscuindo na "mainstream" de tal forma que se transforme na própria "mainstream", na própria "corrente principal", significa que o mundo vai se tornar comunista. Ora, esse é o grande temor da parcela excluída da "mainstream", que, por sua vez é manobrada pelos reacionários, movidos por interesses nem sempre nobres.

Isso é que precisa ser percebido, e eu digo isso não por me incluir entre os reacionários, eu digo isso justamente porque, para você combater alguém, você precisa antes de tudo conhecer bem esse alguém, conhecer o que está por trás da mente desse alguém, o que é que está motivando esse alguém e eu hoje, seja porque fui doutrinado ou porque fui cooptado pela "mainstream", seja porque eu estou convencido de que essas são as ideias mais válidas (o que em essência dá no mesmo!), o fato é que hoje, eu gostaria realmente de combater o negacionismo.

É importante entender que, além da própria ciência dar o direito a todas as pessoas de contestar seja qual for a verdade que se estabeleceu no momento, além disso existe a dúvida razoável, ou seja, existem coisas - e é óbvio que não é o caso da terra ser plana, mas existem coisas, como principalmente conceitos morais, que podemos ter nossas convicções e elas podem estar de acordo com a "mainstream", mas podem estar erradas e a gente precisa ter essa abertura porque senão isso vai se acirrando cada vez mais.

No momento em que, a partir da convicção de que a terra não é plana, eu admitir que, por exemplo, que alguns conceitos morais ou religiosos também não seriam admissíveis - e isso independente do que eu acredito ou do que considero justo, eu estou falando isso de forma aberta - conceitos que esbarram com dogmas religiosos, isso pode ser visto como "intolerância" em relação a essas outras formas de pensar ou outras crenças.

Aqui vale lembrar o que eu já disse antes, que aceitar a ciência também é uma crença, ou seja, para a maioria das pessoas não há como avaliar se uma afirmação científica é verdadeira ou não, a pessoa apenas acredita que estando na "mainstream", é verdade, então não deixa de ser uma crença.

Ao fim e ao cabo, acompanhar a "mainstream", aceitar a "mainstream", não deixa de ser uma crença, então nós estamos falando basicamente da mesma coisa, a única questão é a quantidade de pessoas que acredita nisso e a quantidade que acredita naquilo, ou seja, se essa balança mudar de lado a gente pode de repente se ver fazendo parte de uma onda de negacionismo, afirmando que a Terra é esférica.

É claro que isso é bem pouco provável, mas do jeito que os reacionários estão cada vez mais inflados e excitados por se sentirem cada vez mais excluídos por esse policiamento  cultural absolutista, já que entende suas convicções como verdades definitivas e absolutas, pode ser que eles acabem se tornando maioria.

Claro que eu não estou falando dos criminosos, dos baderneiros, dos violentos, dos que contestam o sistema como um todo, principalmente de forma radical, mas estes não são a maioria dessa corrente, a maioria dessa corrente são pessoas que estão dispostas a fazer parte da sociedade, mas que não concordam com alguns dogmas que estão se tornando verdade absoluta e pra eles não é. Eles passam a ser massa de manobra para os radicais.

Esse é um ponto que eu acho que merece toda atenção.


 

Meu fado é de não entender quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.

                               Manoel de Barros

 

 Socialismo x Liberalismo

01/01/2023

Neste dia de transição democrática, resolvi, mais uma vez, registrar minhas ideias sobre esse fenômeno chamado política.

O socialismo é um sistema político e econômico no qual o governo controla a produção e a distribuição de bens e serviços. O objetivo é garantir que todos os membros da sociedade tenham acesso igualitário às necessidades básicas, como alimentação, abrigo, saúde e educação. Existem várias formas de socialismo, mas todas visam a diminuição das desigualdades sociais e econômicas e a promoção da justiça social. Alguns críticos do socialismo argumentam que ele limita a liberdade individual e a iniciativa privada, enquanto outros defendem que ele pode levar a um aumento da eficiência econômica e a um aumento do bem-estar geral da sociedade.

O liberalismo é uma ideologia política e econômica que defende a liberdade individual, a propriedade privada e o mercado livre. Os liberais acreditam que o governo deve ter um papel limitado na economia e na vida das pessoas, e que as pessoas devem ter a liberdade de fazer suas próprias escolhas e tomar suas próprias decisões. Eles defendem a redução dos impostos e a diminuição da regulamentação estatal, alegando que isso cria um ambiente mais propício para o crescimento econômico. Alguns críticos do liberalismo argumentam que ele privilegia os interesses de empresas e indivíduos ricos em detrimento do bem-estar geral da sociedade e da justiça social.

Como é óbvio, os dois extremos são ruins, o socialismo, ao limitar a liberdade individual e a iniciativa privada, eliminam o estímulo à geração de riqueza, à competitividade e ao progresso tecnológico, o liberalismo, ao privilegiar os interesses de empresas e indivíduos ricos, favorece a concentração de riqueza e, consequentemente, o aumento da pobreza de parcelas significativas da sociedade.

Imaginou-se que a alternância de poder poderia compensar as desvantagens de um ou de outro sistema, mas, exceto em países pequenos e com uma cultura bem desenvolvida, em que o nível de confiança entre os membros da sociedade é alto, na maioria das sociedades mais complexas só tem acirrado o radicalismo e, a cada alternância, o novo governo tenta desmontar todos os "avanços" que o anterior tenha realizado.

Resumindo, como também é óbvio, só o desenvolvimento da consciência, principalmente das parcelas mais ricas da sociedade, pode propiciar o equilíbrio necessário entre as políticas socialistas e as liberais.

Entretanto o socialismo sempre será pior do que o liberalismo, resultando sempre em mais pobreza e crises intermináveis.

E o motivo é muito simples, porque o socialismo tenta resolver os problemas da sociedade por imposição, obrigando os agentes econômicos a se submeter pela força aos planos do governo, provocando desestímulo e forte reação contra esse autoritarismo. Como efeito colateral dissemina a ideia de que os ricos e poderosos devem ser combatidos, minando ainda mais a confiança interna da sociedade.

Na minha opinião, em uma sociedade bem estruturada, o pobre vê o rico como exemplo, como a prova de que, com esforço e competência a evolução social é possível. Claro que para isso, é necessário que haja muito respeito, uma ética baseada na honestidade e práticas de competição justas, só assim a confiança, não a força,  poderá crescer e permitir um desenvolvimento com harmonia.

Ainda que o liberalismo seja incapaz de resolver o problema da justiça social, me parece um ponto de partida melhor para evolução da sociedade, uma vez que o ambiente de liberdade é mais propício para o desenvolvimento da consciência. A desigualdade social também é ruim para os negócios e os agentes econômicos tendem a buscar soluções para atenuar esse efeito deletério. Se isso realmente aconteceria no longo prazo, caso o liberalismo se sustentasse por esse período, é difícil dizer, entretanto, arrisco afirmar que pela força isso seria ainda mais improvável.

Uma ilusão frequente é a de que uma empresa estatal é um patrimônio do povo, um bem à disposição de um país. Nada mais falso, afinal, como alguém disse, ninguém sai pra jantar com o povo ou com um país, essas são apenas representações virtuais de ideias, não têm corpo, uma empresa estatal está sob o comando de alguém de carne, osso e ambições, que pode tomar decisões boas, mas também pode tomar decisões muito ruins. Infelizmente o mais provável é que sejam decisões ruins, pelo menos no longo prazo, porque serão decisões de uma só pessoa, ou de um pequeno grupo, normalmente ideológico.

Como não canso de falar, considero as convicções muito perigosas, mas, pro bem ou pro mal, não sou imune a elas, e uma das mais fortes é a de que devo combater sempre a concentração de poder, seja de que ideologia for, e nenhum sistema socialista prescinde dessa concentração, desse autoritarismo, pelo simples motivo de precisar impor pela força a divisão da riqueza.

O capitalismo liberal, as sociedades anônimas por ações, o livre mercado, são premissas para uma sociedade ter alguma chance de evoluir para um sistema como o que vemos em países socialmente desenvolvidos, embora eu reconheça que esse desenvolvimento é muito difícil em países complexos e imensos como o nosso.


O único caminho que vejo é combater qualquer concentração de poder, evitar o máximo possível o socialismo e apoiar todas as iniciativas que melhorem a educação do povo. Nesse processo, em função das circunstâncias, vou votando em representantes de várias tonalidades.