Pondo os pingos nos is!

02/04/2019

02/04, efeméride mais verdadeira que o falso 31/03 e antítese do dia da mentira, porque foi nessa data que tudo se consolidou, mas...
cada coisa a seu tempo.

A esquerda de fato!

O fato é que o mundo do século XXI está consolidado por um grupo de empreendedores pragmáticos e extremamente competentes que definem a cara da sociedade e o resto, os demais, que se dividem em dois grupos.

Nos países com alto índice de educação, qualidade de vida e consciência política, são majoritariamente os indivíduos com menor competência que tentam seguir o modelo dos mais competentes, eventualmente atingindo o nível de competência da elite.

Já nos países pobres e pouco desenvolvidos, com educação precária, qualidade de vida muito baixa e altos índices de corrupção permeando a cultura da sociedade, há uma pseudo-elite formada por pessoas que se classificam como de esquerda ou centro-esquerda, que, ao invés de se dedicar ao auto-desenvolvimento, preferem apontar "culpados" pela situação, sua e dos mais pobres, acusando principalmente os mais competentes.

Os menos competentes, mesmo não compactuando com as teses de esquerda, oscilam entre a admiração e o ódio aos competentes, massacrados pelo discurso vitimista da ideologia socialista.

Fundamentalmente são duas correntes: a que respeita a natureza da vida em sociedade, baseada na competição e na lei do mais forte e a idealista que pretende a instauração de um regime igualitário que se imponha pela força.

Esse fato gera um clima de deterioração da confiança, aumento da intolerância e é o principal, ainda que não o único,  motivo de surgimento de movimentos radicais de direita e dos regimes de força com o pretexto de proteger a sociedade contra essas ideologias deletérias. Não por coincidência tem tantos pontos em comum com as religiões, incluindo-se as boas intenções do baixo clero e o maquiavelismo diabólico das cúpulas.

Hoje constato muito decepcionado que o principal, se não o único, motivo para a infelicidade de um povo é a aceitação das ideologias de esquerda como admissíveis para a administração do país.

Nota: Esta discussão é a base de tudo, porque muitos defendem a livre iniciativa e a democracia e, ingenuamente, apoiam grupos cuja ideologia é o oposto disso.

A esquerda de fato II!

Um outro viés desta discussão é o qualificativo "esquerda".

Se formos às origens veremos que foi a Revolução Francesa que deu origem aos termos "direita" e "esquerda"

O uso político dos termos esquerda e direita é referenciado na Revolução Francesa, em 1789, quando os liberais girondinos e os extremistas jacobinos sentaram-se respectivamente à direita e à esquerda no salão da Assembléia Nacional.

Os direitistas pregavam uma revolução liberal, a abolição dos privilégios da nobreza e estabeleceram o direito de igualdade perante a lei. Os esquerdistas também defendiam o fim dos privilégios para nobreza e clero, mas eram favoráveis a um regime centralizador.

No final do século XIX, com a divulgação das ideias de Karl Marx, surgiu uma nova dicotomia política, as ideias liberais do capitalismo de Adam Smith versus as ideias centralizadoras do socialismo marxista.

As qualificações direita e esquerda, que eram adotadas como situação e oposição, começaram a se identificar com liberalismo e socialismo.

O socialismo, tal como foi experimentado, acabou por se tornar sinônimo de estado centralizador e, consequentemente, autoritário, até porque os princípios pelos quais uma sociedade socialista deveria se orientar são tão contrários às tendências naturais do ser humano que só poderiam ser respeitados pela força. Aqui as tendências capitalista e socialista já não vem mais ao caso.

O golpe de 1964

O golpe militar começou no dia 31 de março de 1964 e se sacramentou na madrugada de 1º para 2 de abril, quando Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, declarou vago o cargo de presidente da República. A partir de então, o país permaneceu 21 anos sob uma ditadura.

Para levar o ato adiante, os militares contrários ao governo de João Belchior Marques Goulart (PTB), o popular Jango, contaram com o apoio de governadores, como Carlos Lacerda (Guanabara), grande parte do empresariado, os meios de comunicação, a Igreja Católica e uma expressiva base social.

Foram diversos os fatores que levaram à queda de Jango, como a oposição às reformas estruturais por parte dos setores conservadores, que temiam o avanço do comunismo.

O golpe foi realizado por uma coligação de forças e interesses, composta pelo grande empresariado brasileiro, por latifundiários – proprietários de grandes parcelas de terras, e por empresas estrangeiras instaladas no país, sobretudo aquelas ligadas ao setor automobilístico. A conspiração contou com a participação de setores das Forças Armadas, aos quais a maioria da oficialidade acabou aderindo, diante da passividade da liderança militar legalista, ou seja, aquela que era contra um golpe de força contra o presidente eleito.

Acenando com o espantalho do comunismo, visto como sinônimo de regimes violentos e totalitários, a Igreja Católica contribuiu para disseminar o medo do governo de Jango entre a população e arrastou multidões às ruas, clamando por liberdade. Manifestações que também serviram de justificativa para o golpe militar contra as liberdades democráticas.

A situação da politica interna no Brasil criava todas as condições para um golpe, mas o encorajamento do governo dos Estados Unidos talvez tenha sido fator decisivo para que ocorresse de fato o golpe. Na preparação da tomada de poder, a diplomacia norte-americana, comandada pelo embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, praticamente coordenou a conspiração entre empresários e militares, dando garantia de apoio material e militar.

O momento, inimaginável para as gerações atuais, era de guerra fria, denominação que se deu ao clima de tensão permanente que se estabeleceu após a 2ª grande guerra, entre as duas grandes forças imperialistas que se estabeleceram nessa época.

É bom lembrar que o socialismo, ou comunismo como meta, era um fenômeno muito recente, com as teorias de Marx completando cem anos e a revolução russa apenas algumas décadas.

Com os eventos que culminaram na derrota das potências do eixo em 1945, coisa que ocorreu por algumas participações decisivas: a derrota da Alemanha se deu pela intervenção da Rússia, a da Itália, pelas ações, principalmente do Reino Unido e a do Japão, pelo ataque do B-29 “Enola Gay” dos USA.

Esses eventos deram origem a uma divisão geopolítica, com o ocidente sob o império americano e a Europa Oriental e parte da Ásia pela União Soviética.

É de extrema importância relembrar a estratégia de atuação de ambos os poderes hegemônicos da época: enquanto o império americano se dava pela via econômica apenas, visando negócios vantajosos para os conglomerados industriais e financeiros desse país, entretanto, dada a visão extremamente pragmática de seus líderes, filhos de uma cultura desenvolvimentista e de oportunidades iguais para todos, respeitando o espaço para desenvolvimento dos países sob seu domínio, como ocorreu com o Canadá, Austrália e países europeus, do outro lado, os países satélites, como a USSR chamava os estados dominados no pós-guerra, eram mantidos por mão de ferro – expressão cunhada pelos próprios russos – com suas economias em franca deterioração.

Evidente que de ambos os lados os interesses das respectivas potências centrais se sobrepunham aos interesses dos países dominados, mas, do lado americano, havia uma visão muito objetiva de que a riqueza desses países seria favorável ao desenvolvimento econômico de todos, a dominação estaria garantida pelo domínio do conhecimento que sempre obrigaria os dominados a se submeter a eles.

Nesse ambiente, aqui no Brasil, desde a revolução russa, com a adesão de setores da política ao projeto soviético e, particularmente ao de Cuba, palco de recente revolução – 1959 – que levou ao poder o ditador Fidel Castro, alguns já haviam tentado uma revolução com a Intentona Comunista de 1935.

A presença da KGB no Brasil – assim como da CIA – era conhecida desde os tempos de Prestes e Olga, sendo que os grupos armados com o objetivo de alcançar o mesmo que os cubanos alcançaram continuava mais vivo do que nunca.

Leonel Brizola, com a ideia do socialismo moreno, e seu cunhado João Goulart, estavam promovendo, após a renúncia de Jânio da Silva Quadros, ocorrida por ação de “forças ocultas” nunca esclarecidas, mudanças, incitando a população a apoiá-los, no sentido de criar as condições para um processo de socialização do estado brasileiro, muito similar ao que ocorreu décadas mais tarde, na Venezuela, com Hugo Rafael Chávez Frias, Hugo Chaves.

O clima geral era totalmente pró-americano e dominado por um verdadeiro terror ao comunismo, sentimento que carrego até hoje, como um medo transcendental que foi inoculado nas populações do ocidente por uma propaganda massificante dos USA, propaganda cuja maior eficácia não vinha de sua qualidade, mas das notícias que vinham do outro lado, da cortina de ferro, como genocídios, pobreza e sofrimento generalizados. O genocídio do socialismo matou e invalidou 5 vezes mais que toda a sanha nazista.

Nessa época começaram alguns movimentos populares, liderados por eminências da política e da economia, contra as intenções explícitas do governo empossado com a saída de Jânio.

A quebra de hierarquia militar no episódio que ficou conhecido como revolta dos marinheiros, no Rio, também incomodou a cúpula das Forças Armadas. Pesou ainda a fragilidade do governo do político gaúcho, que praticamente não esboçou reação à investida dos militares.

Embora Brasília já fosse a capital do país, o Rio de Janeiro foi o epicentro da crise.

Em 13 de março de 1964, o presidente João Goulart participa de comício na Central do Brasil, no Rio. Entre as propostas defendidas por ele, duas, em especial, irritam os militares: nacionalização de todas as refinarias de petróleo e desapropriação de terras para reforma agrária.

No dia 19, contra as propostas de Jango, centenas de milhares saem às ruas em São Paulo na Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Organizadores da marcha pedem intervenção militar.

No dia 20, o general Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, envia circular para alguns militares em que trata das ações de Jango como ameaças à Constituição.

No dia 25, cerca de 2.000 marinheiros e fuzileiros navais realizam celebração de uma entidade considerada ilegal. Uma ordem do ministro da Marinha, Sílvio Mota, para prender os líderes da resistência não é cumprida. Mota deixa o governo.

No dia 30, em discurso para cerca de mil sargentos pró-governo no Automóvel Clube, no Rio, Jango volta a defender as reformas de base. É o seu último pronunciamento como presidente.

Na madrugada do dia 31, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, de Juiz de Fora (MG), inicia a movimentação de tropas em direção ao Rio. Por volta de 22h, o Comandante do 2º Exército, em São Paulo, e ex-ministro da Guerra, o general Amaury Kruel, pede a Jango que rompa com alguns nomes da esquerda que integram seu governo. O presidente nega o pedido, e Kruel adere ao golpe.

Na mesma data, teve início a Operação Brother Sam, da Marinha dos EUA, para apoiar o golpe que iria derrubar o governo constitucional. Mas nem foi preciso, pois a situação militar se resolveu internamente, já que não houve resistência organizada aos golpistas.

Aqui fica muito clara a similaridade em relação ao que ocorre nos dias de hoje na Venezuela, com a diferença que lá a insurgência é contra um governo socialista e corrupto que conta com o apoio das Forças Armadas, totalmente aliciadas pela corrupção sistêmica implementada pelo bolivarianismo.

Esboçou-se alguma resistência no meio sindical e no movimento estudantil, entretanto, essa resistência foi desorganizada e desestimulada pela própria atitude de João Goulart, que por saber da ameaça de intervenção estadunidense no país teria desistido de resistir quando foi do Rio de Janeiro, local estratégico para a resistência, para Brasília e, dali, para o Rio Grande do Sul. Ainda houve alguma discussão entre Jango e Leonel Brizola se era possível resistir a partir do RS, mas o presidente não assumiu esta opção. Como muitos outros, Jango achava que seria um “golpe passageiro”, e dali a alguns anos, novas eleições seriam convocadas. Afinal, fora assim em 1945, por ocasião da intervenção militar para depor Getúlio Vargas - em 1954 outra intervenção foi abortada com o suicídio de Getúlio.


Desde o início a ditadura militar buscou ter um aparato legal, como forma de se institucionalizar e de se legitimar perante a opinião pública, sobretudo a liberal, que tinha apoiado a destituição de Jango. Nesse sentido, o golpe contou com apoio de setores ancorados no Congresso Nacional e de juristas conservadores. Foi formalizado na madrugada do dia 2 de abril, no Congresso Nacional, mas sem amparo na Constituição, pois o cargo foi declarado vago enquanto o presidente continuava no território nacional e sem ter renunciado nem sofrido impeachment. Somente numa dessas três circunstâncias, além da morte, isso poderia acontecer.


O general Olímpio Mourão Filho narrou que se recolheu aos seus aposentos, em Juiz de Fora, na noite de 30 de março, enquanto Jango discursava no Automóvel Club do Brasil, no Rio. Comandante da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria, Mourão desencadeou o movimento, junto com o general Carlos Luís Guedes. Seu plano era dar a largada na marcha na alvorada do dia 31. 

De manhã, as tropas ainda estavam em Juiz de Fora. Lá, às 7h de 31 de março, o tenente Reynaldo de Biasi Silva Rocha ministrou instrução de combate à baioneta. “Quem quer passar fogo nos comunistas levante o fuzil!”, gritou. Às 11h30, o chefe do Estado-Maior do Exército, Humberto de Alencar Castello Branco, disse por telefone ao general Guedes, que permanecia em Minas: “A solução é vocês voltarem, porque senão vão ser massacrados”. O general Castello em breve se tornaria marechal e presidente da República.

Ao meio-dia de 31 de março, Jango estava no Rio. No Palácio Laranjeiras, disse que havia “muito boato”, mas nada de concreto, sobre rebelião militar. Só por volta das 16h15 doze carros do Departamento de Ordem Política e Social pararam em frente ao edifício da Federação Nacional dos Estivadores. Tentaram prender os dirigentes do Comando Geral dos Trabalhadores, mas estes foram socorridos por soldados da Aeronáutica fiéis a Jango.

Em 1º de abril, por volta de 16h, no Rio, cinco tanques do 1º Regimento de Reconhecimento Mecanizado deixam os arredores do Palácio das Laranjeiras, do governo federal, em direção ao Guanabara, da administração estadual. Às 22h30, depois de viajar do Rio a Brasília, Jango embarca para Porto Alegre. Dizendo evitar ações que levem a derramamento de sangue, ele praticamente não oferece resistência aos conspiradores. Nesse momento, ele abandona formalmente o governo.

Fonte insuspeita, o velho general Cordeiro de Farias anotou: “A verdade - é triste dizer - é que o Exército dormiu janguista no dia 31. E acordou revolucionário no dia 1º”.

Na madrugada do dia 2 de abril de 1964, Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, declara vago o cargo de presidente da República. Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, assume a Presidência interinamente. Com apoio do governador Carlos Lacerda, a Marcha da Vitória, no Rio, reúne centenas de milhares de pessoas.

O Governo Ranieri Mazzili foi dividido em dois breves períodos da história do Brasil.

O primeiro, na quarta República, se inicia com a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, e tem fim em 7 de setembro de 1961, após volta do então vice-presidente João Goulart de viagem que havia feito à China, totalizando 13 dias.

O segundo, na quinta República, teve início em 2 de abril de 1964, com a cassação do presidente João Goulart pelo Congresso, e fim em 15 de abril de 1964, após posse de Humberto de Alencar Castelo Branco (vencedor de eleição indireta no dia 11), totalizando novamente 13 dias. O espaço entre o fim do primeiro período e o início do segundo (Governo João Goulart) é de 938 dias (2 anos, 6 meses e 24 dias).

O presidente da Câmara, deputado Ranieri Mazilli, foi empossado como presidente interino. Os políticos golpistas tentaram assumir o controle do movimento, mas foram surpreendidos: os militares não devolveram o poder aos civis, sinalizaram que tinham chegado para ficar. Imediatamente criaram um Comando Revolucionário formado pelo general Costa e Silva(autonomeado ministro da Guerra), o almirante Rademaker, e o brigadeiro Correia de Melo.

Chamar a deposição de João Goulart de “golpe” ou de “revolução” revelava, e ainda revela, a linha ideológica da pessoa. Para a direita, sobretudo militar, o que estava em curso era uma revolução que iria modernizar economicamente o país, dentro da ordem. Para a esquerda e para os setores democráticos em geral, não havia dúvidas: tratava-se de um golpe de Estado, um movimento de uma elite, apoiada pelo Exército, contra um presidente eleito. A historiografia convencionou chamar o acontecimento de golpe, pelo caráter antirrevolucionário e antirreformista do movimento civil-militar que derrubou Jango.

Costa e Silva cria o Comando Supremo da Revolução, composto por três membros: o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo (Aeronáutica), o vice-almirante Augusto Rademaker (Marinha) e ele próprio como representante do Exército.

No Recife, o dirigente comunista Gregório Bezerra é amarrado à traseira de um jipe e puxado por bairros da cidade. No fim do percurso, é espancado por um oficial do Exército com uma barra de ferro.

No dia 4, Jango desembarca no Uruguai em busca de asilo político.

No dia 9 de abril de 1964, declarando que “a revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte”, esse comando baixou o primeiro Ato Institucional, que convocou o Congresso a eleger um novo presidente com poderes muito ampliados. No mesmo dia, o Congresso, já amputado em 41 mandatos cassados, submeteu-se ao poder das armas, elegendo, no dia 11, o general Humberto Castelo Branco à presidência. Entre os deputados federais cassados nessa ocasião, estavam Leonel Brizola, Rubens Paiva, Plínio Arruda Sampaio e Francisco Julião.

O movimento militar dava, assim, seu primeiro passo. Um movimento que se impôs com a justificativa de deixar o Brasil livre da “ameaça comunista” e da corrupção, e que desde o início procurou se institucionalizar. Dessa forma, pretendia criar uma nova “legalidade”, que evitasse as pressões da sociedade e do sistema político-partidário sobre o Estado, considerado como um espaço de decisão política acima dos interesses sociais, pretensamente técnico e administrativo, comandado pelos militares e pelos civis “tecnocratas”.

Entretanto, o primeiro Ato Institucional já configurava o novo regime como uma ditadura. Explicitamente afastava o princípio da soberania popular, ao declarar que “a revolução vitoriosa como Poder Constituinte se legitima por si mesma”. Dessa forma, concedeu amplos poderes ao Executivo para decretar Estado de sítio e suspender os direitos políticos dos cidadãos por até dez anos; cassar mandatos políticos sem a necessária apreciação judicial; também suspendeu as garantias constitucionais ou legais de estabilidade no cargo, ficando assim o governo livre para demitir, dispensar, reformar ou transferir servidores públicos.


Como consequência imediata, houve uma onda de cassações de mandatos de opositores, de demissão de servidores militares e civis, e numerosas prisões. Nos primeiros 90 dias, milhares de pessoas foram presas, ocorreram as primeiras torturas e assassinatos. Até junho, tinham sido cassados os direitos políticos de 441 pessoas, entre elas os dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, e João Goulart, de seis governadores, 55 congressistas, diplomatas, militares, sindicalistas, intelectuais. Além disso, 2.985 funcionários públicos civis e 2.757 militares foram demitidos ou forçados à aposentadoria nesses dois primeiros meses. Também foi elaborada uma lista de 5 mil “inimigos” do regime. A ditadura já começou implacável!

A partir de 1968, acompanhando a onda de rebeldia global, aqui também houve um recrudescimento das manifestações contra o regime, pronta e violentamente reprimidos pelo governo. Foi quando o general Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5, o AI-5, considerado como um golpe dentro do golpe, fortalecendo o poder autoritário dos militares. Iniciavam-se os verdadeiros anos de chumbo.

O chamado "milagre brasileiro" levou um país periférico que era algo como a 50ª economia do mundo a se transformar em um importante player internacional, já como 8ª economia, a despeito da enorme concentração de renda que se aprofundou nesse período.

Posteriormente a corrupção e incompetência, ambos derivados do otimismo exagerado com o "milagre", levou as contas do país à bancarrota. Qualquer semelhança com os governos petistas não é mera coincidência!

Nota minha:

Aos meus filhos, parentes e amigos peço as mais sinceras desculpas.

Admito, sou culpado de ter ajudado a alimentar um monstro, um monstro que, não bastasse sua proposta política equivocada, sua suprema presunção de senhores da verdade, sua miopia sobre a natureza humana, sua irresponsabilidade em relação à coisa pública, seu desdém em relação às pessoas e sua liberdade, além de tudo isso, conseguiram popularizar, como nunca antes na história deste país, a intolerância e o sectarismo.

Meu erro foi acreditar que existia inteligência e, principalmente, bom-senso, naqueles que quase unanimemente apoiamos nos últimos 30 anos, muito mais como reação à ditadura do que a favor de ideologias. Acreditamos que, pelo menos em sua maioria, presavam a livre inciativa, as liberdades individuais e a democracia, valores dos quais nunca me apartei.

Neste país em que radicais, como os fascistas e os comunistas nunca passaram de traço, ainda que, é verdade, a esmagadora maioria sempre tenha sido submissa e alienada, eles conseguiram perpetuar a submissão e a alienação, mas agora temperadas com muito ódio de todos por todos.

Hoje somos submissos e alienados e massa de manobra de radicais violentos que nunca foram de esquerda ou de direita, mas canalhas cujo único objetivo é manter seus privilégios.

Sim, sempre fomos submissos e alienados, nem mesmo tentamos alterar a correlação de poder estabelecida desde a invasão européia, mas movimentos como o fascismo e o comunismo nunca prosperaram por aqui, porque nunca servimos de massa de manobra para radicais.
Até o advento deletério do PT.

Quem sabe, se não tivéssemos alimentado essa víbora, poderíamos estar livres desse escorpião que nos assola!

Infelizmente só posso me desculpar, o estrago já foi feito, agora são as novas gerações que terão que encontrar o caminho para uma nova sociedade, lamentavelmente conflituosa e injusta como sempre foi, agora também violenta.

O reducionismo que vivemos nos dias atuais está nos levando de volta à idade média. 

Quando artistas se levantam em uníssono contra fatos deploráveis apoiamos de forma incondicional, mas quando isso se torna um movimento repressivo contra todo tipo de atitude não admitida pelo grupo estamos vivendo uma inquisição coletiva.

Tudo se resume a um maniqueísmo infantil, de mal digeridas fábulas, onde os cenários de vilões do lado negro e heróis do lado luminoso não representam as pulsões humanas essenciais e presentes em todos nós, mas como se os fatos ocorridos fossem todos fruto, de um lado, das intenções maléficas e injustificadas de seres perversos e, de outro, a concepção correta e impoluta de seres superiores - como eu!





Não importa o lado que defendemos, mas a impaciência está dominando a sociedade e os riscos disso são conhecidos.

Ninguém mais está disposto a ouvir o outro, as verdades simplórias e pouco elaboradas são muito atraentes nessa hora, mas o abismo não perdoa, o simplismo das conclusões leva à inexorável queda!