Paranoicoceno
O despertar do medo
                                                                                                                                                                                                                                                       25/07/2018
Em 27 de dezembro de 2010, última segunda-feira do último mês do último ano da primeira década do primeiro século de um milênio que pode ser o ducentésimo da era do Homo Sapiens, lancei o DemimPro6.

O medo, mais do que outras coisas, era o meu foco. O medo que já dominava o mundo neste começo do milênio e se tornava, disparadamente, o pior inimigo a ser combatido, muito além das ameaças reais, dos perigos e riscos que caracterizam a vida, afinal, como dizia lá e digo hoje: Viver é arriscado!

Ao longo desses quase oito anos escrevi sobre muita coisa, provavelmente muitas bobagens e, provavelmente, alguns medos também, afinal não estou imune a essa epidemia, mas mantenho-me alerta porque sei que nada é pior do que o medo.

Algumas frases que escrevi durante esse período tentavam lembrar a todos de alguns fenômenos que de tão óbvios se tornam transparentes:
  • ·        Coragem gera coragem da mesma forma que medo gera medo!
  • ·        É preciso dar chance ao erro ou nunca iremos acertar!

Para casar ou entrar numa ducha fria é preciso parar de pensar!

Se, querendo mudar de emprego, ficarmos esperando as condições ideais, ficaremos só esperando!

Infelizmente esse fenômeno só vem se aprofundando. Cada vez mais vemos o medo dominar o comportamento de nossa espécie, impondo uma imobilizante falta de atitude.

Medo de sofrer, medo de morrer, medo de se arriscar, medo da violência, medo da dor, medo das perdas, medo de acidentes, medo do vizinho... medo de ter medo! Miedo (clique)

Como consequência estamos vendo um crescimento extraordinário da necessidade de salvadores da pátria, do sectarismo, do radicalismo, não das atitudes, mas das escolhas, sempre preferindo apoiar quem represente a coragem que já não conseguimos ter.

Vemos as lideranças autoritárias ou populistas voltando a dominar a opinião pública no mundo inteiro. A libertação que parecia ter nascido na segunda metade do século XX, os sonhos utópicos de anarquia, do amor livre, do “proibido proibir”, inverteu-se radicalmente.

No ambiente da vida cotidiana isso se repete da mesma forma, o excesso de cuidados que especialistas do “Fantástico” nos convencem ser imprescindíveis, ou mesmo as campanhas de desinformação que proliferam na internet, como movimentos anti-vacinas, dietas radicais etc. etc.

O regime policialesco que vivemos com censura sobre todo tipo de atitude, como comemos, como falamos, como nos socializamos. Não pode falar de política nem de religião, nem de futebol porque temos medo do conflito. Estamos perdendo a habilidade mais essencial à vida, a coragem!

Claro que a quantidade informação é um imenso complicador, são tantas as possibilidades de erro que hoje conhecemos, sem nem sequer entender direito, que fica difícil decidir. O fato é que as decisões tem um timing próprio, não podem esperar indefinidamente, o medo impede que assumamos o risco e tomemos a melhor decisão possível por conta própria, então delargamos a decisão para algum guru real ou virtual achando que “ele” nos guiará.

A pergunta que fiz anos atrás continua válida:       

Você está satisfeito com as soluções que seus problemas têm encontrado?


Mesmo que você titubeie, seus problemas vão encontrar uma solução, a fila anda, como se diz. E se você cair na lábia de alguém, será que chegará ao esperado porto seguro?

A solução, como dizia há muito tempo, é Coragem e Prudência, lembrando que a primeira se constrói pela prática, coragem gera coragem, enfrentando o medo, porque medo também gera medo.

A última, a Prudência, uma das Virtudes Cardeais, é muito mal interpretada nestes tempos de covardia.

Prudência não é tomar todos os cuidados possíveis e imagináveis antes de tomar uma decisão, é antes, adotar uma postura prudente durante toda a vida, ou seja, preparar-se sempre, estudar, melhorar seu entendimento sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca, aumentar sua autoconfiança para, no momento de decidir, sentir-se confiante para assumir todos os riscos daquela decisão no tempo requerido pela situação. Só tendo certeza de que nos preparamos da melhor forma para os desafios da vida sentiremos essa confiança.






Interessante que a proliferação das famosas Fake News, praga que está dominando nossa comunicação, é o típico resultado da falta de prudência.
Vejam este artigo no link: Vivemos na era da Paranoia!