22/10/2018

Calma! Usei o título acima em alemão - “Minha Luta” em português - como poderia ter usado em russo, “Моя Борьба” (Moie Beribá, grosso modo), mas acho que ninguém entenderia, né? Já o título do mais demonizado livro dessa nossa civilização judaico-cristã-ocidental causa até calafrios!

Nada contra os calafrios, aliás muito justificados, mas o que me interessa neste ensaio é o desinteresse e quase, por que não dizer, simpatia em relação a fatos históricos muito mais graves e presentes.

Me lembra aquela piadinha velha (e de mau gosto):
   ―    Estou escrevendo um livro: “Sobre a perseguição aos judeus e aos ciclistas”.– diz o sujeito.
   ―    Ué? Por que aos ciclistas?
   ―    Vê como tenho razão: ninguém se importa com os judeus!

O discurso que criamos tenta nos lembrar o tempo todo do que é “bom” e do que é “mau”. Esquecer do holocausto por que passaram os judeus é imperdoável, as pessoas que o fazem devem ser admoestadas, nem que seja em uma piada.

Novamente recorro a coisas que já escrevi muitas vezes, ou seja, não são novas ideias ou epifanias do momento, apenas a necessidade de relembrar conceitos e conclusões antigas, mas que continuam atuais.

O nazi-fascismo foi responsável por, aproximadamente, 6 milhões de mortes, quase totalmente de judeus, já o comunismo matou em seus gulags entre 20 e 70 milhões, não importando a etnia ou origem dos infelizes.
Veja neste link: Holocausto comunista

Mais uma vez, antes que eu seja linchado em praça pública, nada contra ser revoltado contra a morte de judeus, índios, burakumin, cristãos etc., nada mais justificado, mas em relação aos “traidores” (supostos) do comunismo não sentimos nada? Seria porque não pertencem a uma raça ou religião específica?

Por quê temos tantos memoriais, museus, monumentos e todo tipo de publicidade sobre os horrores do primeiro e quase nada sobre o segundo, que foi muito pior sob qualquer ponto de vista?

Por quê temos em nosso ideário comum tanto horror ao nazismo e ao fascismo e certa condescendência em relação ao comunismo?

Por quê temos leis contra a promoção da ideologia nazista ou fascista, incluindo o uso de seus símbolos e aceitamos ter partidos comunistas, inclusive usando o mesmo símbolo da “foice e o martelo”, equivalente à suástica do nazismo?

Essas perguntas me lembram uma dúvida que expressei muitos anos atrás, antes do acirramento dos ativismos de um modo geral, sobre o racismo. Me perguntava, à época, se algum grupo musical adotasse o nome “Raça Branca” ou “Raça Ariana”, qual seria a reação, popular e até oficial? Entretanto existia, como acho que ainda existe, o grupo musical “Raça Negra”, que não causa, a não ser em mim e talvez outros gatos pingados lúcidos, nenhuma estranheza.

Infelizmente a explicação é simples: somos ingênuos!

A vida é, basicamente, nossa luta constante, segundo a segundo, contra a morte - pelo menos é a “Minha Luta”. Seja pelo nosso sistema vegetativo, seja por nossas ações conscientes, estamos sempre por um fio, nos sustentando como for possível e nos esquivando da velha ceifadeira.

Nessa luta, qualquer mensagem de esperança se torna nossa tábua de salvação, lembrando que todas as religiões nasceram dessa necessidade.

Quanto ao fato de que socialismo ou comunismo, assim como os fascismos, que aliás foram muitos e de várias ideologias, serem assemelhados às religiões, já falamos bastante. Como as bases científico-filosóficas dessas ideologias são desprovidas de coerência e consistência, coisa que a academia já provou extensiva e intensivamente, só resta a crença incondicional para manter unidos seus fiéis seguidores.

É o desejo – inconsciente?! - de não precisar mais lutar o tempo todo pela vida, a delargação de todas as nossas aflições a alguém, um guru, um líder, um pastor, um deus, o fim de todo sofrimento, da miséria, da pobreza?

Seria essa a cenoura que move essas hordas de crentes?

Nossa sociedade está dividida entre a grande maioria que exerce burocraticamente funções básicas quase sem risco e a delargação de todos os riscos para entes misteriosos (misteriosos porque formados por indivíduos diferentes da média, cuja origem ninguém sabe qual é) do estado: forças armadas, polícia, bombeiros, socorristas etc. etc. que, por uma remuneração pecuniária apenas, tem que assumir todos os riscos que o restante da população é covarde demais para assumir. Será que isso é evolução e, mais, será que isso vai dar certo pra sempre?


  



Em março de 2016 escrevi o seguinte sobre o que chamei de Síndrome de EstouCalmo:

Aí percebemos a diferença entre as visões dominantes sobre direita e esquerda.

Apesar da discussão sobre as definições de direita e esquerda ser infindável, eu prefiro adotar o seguinte:
  • Direita é a ideologia do senso de dever, ressaltando valores como trabalho, mérito e competição. Daí decorrem os valores da liberdade individual, lealdade ao grupo, admiração da força e desprezo à covardia.
  • Esquerda é a ideologia da exigência dos direitos, centrada nas necessidades e na colaboração. Os valores decorrentes são a solidariedade, o desapego e respeito às minorias e aos vulneráveis.

Fica fácil perceber qual das duas é mais atraente para os que sonham com um mundo melhor, mais justo e livre das desigualdades, da discriminação e outras mazelas sociais.

Por quê, então, essa ideologia nunca conseguiu dominar a maioria da população mundial?

A ideologia de esquerda pressupõe um estágio “evolutivo” das sociedades em que seus indivíduos serão quase anjos, despidos de suas pulsões animais e devidamente catequizados para viver em uma sociedade de abundância e harmonia, mas sem privilégios.

Ainda que a doutrinação para esse “Admirável Mundo Novo” esteja em plena atividade há quase um século, conseguindo converter formadores de opinião por todo o mundo, também fica fácil perceber que isso ainda não é verdade, se é que algum dia será.

Como algum filósofo disse: As únicas coisas verdadeiras que pensamos são aquelas que ocorrem quando estamos nos afogando!

O discurso do náufrago é o único autêntico, porque a vida está por um fio, não podemos nos distrair com nada que não seja vital.

A esquerda, no afã de resolver os problemas sociais, invariavelmente produz crises profundas em todos os países em que se impôs. Adicionalmente, dada sua tendência evidente à hegemonia, concentra poder por longos períodos em um único grupo político, o seu, criando o ambiente ideal para o alastramento da corrupção.

No auge dessas crises, a população em pleno naufrágio, se volta violentamente contra esse grupo e, naturalmente, agarra a tábua que aparecer, claro que será sempre a oposição de direita.

Isso sempre me suscitou a dúvida sobre o que representaria evolução da espécie humana.

Será que a ciência, a tecnologia, e o estado de bem-estar social estão nos levando para essa evolução ou seria o contrário.

O filme Wall-e é uma caricatura interessante dessa questão: a espécie humana com o domínio da tecnologia se torna, na animação citada, indolente e fraca, totalmente dependente da tecnologia para sua subsistência.




Quando eu era jovem, lá pelos anos 1970, isso já me intrigava, eu achava que o desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais dos indivíduos deveria ser prioritário em relação ao desenvolvimento de tecnologias. Gostava de pensar que os nossos índios seriam esse tipo de sociedade, usando a tecnologia mínima necessária e dedicando-se ao aprimoramento do corpo. Coisas da juventude!

Em junho de 2017 escrevi, a respeito de um texto sobre a necessidade de amadurecer, o seguinte:
O texto acima, assim como os da alemã Judith Mair há cerca de 10 anos, é baseado em uma corrente de pensamento que defende o fim da hipocrisia na forma de encararmos a nós mesmos e a nossa sociedade. Os defensores dessa corrente afirmam que um pouco mais de autocrítica e um pouco menos de romantismo não farão mal nenhum à humanidade.
Essa forma de pensar nossos hábitos de vida levanta um questionamento fundamental:
Seja o welfare state dos americanos que se universalizou pelas democracias ocidentais, seja o estado provedor de direitos dos socialistas, ambos, aparentemente em lados opostos, tiveram desde o início um objetivo comum: a busca do bem estar, do conforto e da segurança da população em geral.
Independente do grau de sucesso obtido por esses modelos de sociedade, eles revelam nossa tendência de buscar sempre uma vida mais fácil, em detrimento de uma vida melhor.
Será que esse caminho não nos desviou do que poderia ter sido uma real evolução humana?
Para conseguir a aprovação da maioria, líderes suficientemente maduros e dispostos a correr os riscos inerentes de suas buscas pessoais, promoveram, apenas atendendo aos reclamos do povo, uma mentalidade de inércia e delargação.
Falamos muito que a vida humana melhorou nos séculos mais recentes. Será mesmo?
Sob o ponto de vista do conforto físico e aparente segurança pode parecer que sim, mas e se usarmos o parâmetro felicidade? Será que somos mais felizes do que há quatro ou cinco séculos?
Considerando o sofrimento físico e psicológico a que a maioria de nossos ancestrais eram submetidos, a resposta é um retumbante sim, mas se considerarmos aqueles que se arriscaram, sejam conquistadores, guerreiros, amantes, artistas ou mesmo sonhadores, como o Dom Quixote de la Mancha da ficção de Cervantes, a resposta já não será tão clara.
Teríamos promovido uma distribuição da felicidade, fazendo com que todos nos tornássemos semi-infelizes?
Veja este trecho de uma palestra da prof.ª Lucia Helena Galvão do Instituto Nova Acrópole:
Ver neste link
O medo é o primeiro e principal inimigo do homem.
O homem dorme mais apegado ao seu medo do que à sua maior amante.
Perguntas impertinentes:
Seria essa paixão tão profunda, a ponto de termos criado sociedades, religiões, escolas e ensinarmos nossos filhos a pensar só no medo e esquecer os sonhos verdadeiros, aqueles que envolvem grandes riscos?
Seria esse o motor das crenças, a necessidade de algo mais, algo que nos liberte completamente, sem as amarras da gravidade e da atmosfera?
Será por isso que, para a imensa maioria, é tão necessário acreditar que a morte não seja o fim?
As maravilhas da vida não seriam suficientes para aceitarmos plenamente seus perigos?
É muito evidente a mudança pela qual as crianças vão passando no seu ciclo de educação, de livres para pensar, perguntar e especular qualquer coisa, para uma atitude cada vez mais contida e refratária à discussão, apoiando-se cada vez mais em dogmas que lhe vão sendo impostos, como barrinhas de uma gaiola dourada na qual o adulto que emerge desse processo vai viver toda a sua vida.
Não seria essa a origem do que chamamos “mal”, uma visão distorcida de tudo que está fora de nossa gaiolinha de segurança?
Apesar de acreditarmos que sair dessa proteção nos levaria ao inferno, não é dentro dela que nos sentimos condenados e aspiramos ardentemente por uma libertação?
Esse é o campo fértil em que pregadores e pastores regam seus rebanhos.

Para quem quiser conferir o texto na íntegra, veja neste link:
Porque amadurecer é tão difícil

Se por um lado o discurso da esquerda é mais atraente, nos leva inexoravelmente para o naufrágio, do qual sempre seremos salvos pela mão forte da direita e, como disse a prof.ª Lucia no vídeo do link acima, quem foi educado para a ação, para a competição, acaba por ter mais audácia e normalmente reúne os indivíduos mais truculentos.

Gramsci talvez tenha sido o filósofo mais amoral já surgido, porque Niccolò Machiavelli descreveu os mecanismos pelos quais o príncipe controlaria o estado, mas nunca disse que isso era intrinsecamente bom, enquanto Antonio Gramsci apregoou aos quatro cantos do mundo as maravilhas do estado controlado por uma hegemonia socialista e através da homogeneização da cultura.

Esse douto senhor descobriu que o discurso da vítima seria uma arma muito mais eficiente do que qualquer violência e convenceu os modernos comunistas a explorar esse discurso sub-repticiamente – isto não é teoria da conspiração, está devidamente registrado nos ensinamentos de Gramsci, nas discursos de todos os socialistas de algumas décadas para cá e, inclusive, nos programas dos partidos e documentos de doutrina.

Desde então, por causas endógenas, ou seja, nossos medos, nossos arquétipos, enfim nossa constituição como seres pensantes, e exógenas, disseminadas por canalhas que utilizam-se dessas vulnerabilidades para nos controlar, muitos deles nem tão canalhas, apenas inocentes úteis, os que chamo de súcubos, enfim, por todas essas causas, a imensa maioria da população ficou refém desse discurso politicamente correto, que nada mais é do que o discurso do dominador.

Quando a realidade “real" se impõe, por circunstâncias da vida, ofuscando a realidade “ideal”, inseminada em nossas mentes com a ajuda de nossos medos, utilizando inescrupulosamente a Síndrome de EstouCalmo – e ela se impõe queiramos ou não – nos deparamos com o confronto e, nesse momento, são os náufragos, exatamente aqueles que idealizamos como indefesos, que nos surpreendem.

Recentemente escrevi o ensaio a seguir:

Tenho certeza de que essa visão da realidade (a minha, no caso) incomoda muito, mas acho que vale a pena refletir sobre os por quês desse incômodo.
Deu medinho?


13/10/2018
Não, nada de novo a dizer, apenas uma compilação resumida e objetiva da preocupação já dita e redita por mim em outros tempos, talvez uma forma de ter certeza de que eu falei.
Lá nos idos de 2010 iniciava o DeMimPro6, cujo único objetivo sempre foi assentar tudo que aprendi e abrir para discussão, porque, como está claro no prefácio do Volume I: http://www.youblisher.com/p/81292-DeMimPro6-Volume-I/ - abaixo, eu percebia um fenômeno com várias facetas, a robotização dos seres humanos, verdadeiros súcubos manietados por condicionamentos impostos de muitas formas.
Começando
Se conselho fosse bom seria vendido e não dado! É isso que o povo diz. Por isso não tenho a intenção de aconselhar ninguém, já tive meu tempo.
O que segue é apenas uma compilação das minhas reflexões ao longo da vida, das inúmeras tentativas, muitos erros e, principalmente, dos poucos mas decisivos acertos.
São mensagens propositadamente concisas, para que cada um construa o restante a partir de seus conceitos, sua visão de mundo.
São ideias que considero importantes para que cada um reflita e que não devem ser tomadas como certas ou erradas, apenas como temas de discussão. Minha intenção é estimular a reflexão que, tenho certeza, vocês já fazem, porque não sucumbiram, como a grande maioria, a um estilo de vida banal.
Súcubo (do latim succubus) é um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital.
Da mesma forma que os vampiros, a mitologia dos súcubos diz que eles eram pessoas normais que acabaram por sucumbir à sedução de outro súcubo.
O fato desse mito ter sido construído sobre uma metáfora sexual não é por acaso, afinal o sexo é o fundamento da vida e, por isso mesmo, nos impressiona mais facilmente, entretanto leva à reflexão sobre outros aspectos do comportamento.
O ambicioso que não mede consequências para ter sempre mais, o obcecado pela carreira que coloca tudo o mais em segundo plano, o vaidoso que corre atrás de objetos de ostentação, são, na minha visão, exemplos de súcubos, afinal sucumbiram a modelos impostos por grupos com as mesmas tendências, outros súcubos.
Eu vejo a humanidade como algumas pessoas, poucas, que preservaram integralmente sua liberdade de seres humanos, cercados por uma horda de súcubos.
Outro tipo de súcubo é aquele que perdeu a dignidade, não o pobre, mas aquele que perdeu a força para lutar. A pobreza em nosso país é triste por esse motivo. Nós (nossa família) temos uma história muito recente por aqui, meus avós, por exemplo, vieram da Europa a cerca de cem anos apenas e trouxeram com eles valores que, infelizmente, não vemos em uma parte significativa da população pobre deste país.
A boa notícia (não tenho dúvida nenhuma disso) é que nós somos humanos verdadeiramente livres. Eu, vo6, nossa família enfim, e devemos isso a nossos genes, sem dúvida, mas também, em grande parte, a nossos pais, avós etc. que nos prepararam para ser o que somos, a eles: Muito Obrigado!

Um dos aspectos mais evidentes desse fenômeno é o total descolamento entre o que chamamos de sabedoria humana, acumulada e discutida por milênios e a estupidez do homem que continua a repetir os mesmos erros do início da humanidade, outro é a facilidade como se convencem hordas de súcubos seja para algum ato de consumo, seja para alguma seita religiosa ou política.

Cresci em uma época dominada pelas certezas: família, democracia, capitalismo, religião, progresso, país do futuro, homem como centro da criação, conquista do espaço, do universo etc. etc.

Filosofia grega, alemã, ciência judia, história americana, globalização e o fim das fronteiras, liberdade, desenvolvimento tecnológico, miscigenação como solução para o aprimoramento do ser humano.

Logo depois alguns importantes pensadores anunciaram que entrávamos na era das incertezas. Tudo parecia desmoronar, conceitos, crenças, em nome de uma anarquia possível.

Hoje constato que esses filósofos do pensamento dominante estavam errados. O senso comum teima em assimilar tudo aquilo que aparece como resposta definitiva, final e, obviamente, “correta”!
E você achando que pensava livremente!

A mensagem inoculada por quase todas as religiões construiu a maior e mais eficaz barreira ao desenvolvimento humano: seríamos, segundo essas seitas, filhos escolhidos de deus (cada uma com seu modelo), criados à sua imagem e com potencial para sermos anjos.

A mais perniciosa de todas as religiões continua sendo a religião socialista.

A máxima bíblica: No princípio era o verbo!, revela um fato da vida, a enteléquia de Aristóteles, a potência que vem antes do ser. Como disse algum pensador: Pensar traz consequências!

O fenômeno dos robôs nas eleições ganha um outro significado quando constatamos que não são apenas virtuais, na verdade a grande maioria deles são reais, pessoas de carne, osso e cérebro, que venderam barato este último por uma ilusão de fazer parte do grupo “politicamente correto”.

Não que seja um fenômeno inédito, a estratégia dos socialistas emprega métodos bastante sofisticados desde que adotaram a teoria da hegemonia cultural de Gramsci, mas não deixa de ser desalentador perceber como indivíduos esclarecidos e bem formados sucumbem um após outro continuamente e com tal facilidade.

Angus Deaton, Nobel de economia de 2015, em seu livro The Great Escape: Health, Wealth, and the Origins of Inequality, explica como a desigualdade é subproduto natural do desenvolvimento econômico, mas existe um fenômeno similar em relação ao desenvolvimento cultural.

Da mesma forma que em economia, o desenvolvimento humano é desigual entre os indivíduos, natural que seja assim, entretanto quando falamos da cultura de uma sociedade democrática, isso resulta num enorme risco de desarmonia e conflitos.

As crises que estamos testemunhando em todo o planeta nas últimas décadas nada mais são do que o resultado dessa disparidade cultural entre os que tem o poder de decisão e os que são submetidos a essas decisões.

Um grupo cada vez menor de pessoas determina cada vez mais o que é correto pensar e os súcubos vão caindo como moscas.

Um dos princípios que sempre norteou minhas escolhas foi o de que qualquer evolução pessoal deve ser compatível com o grupo ao qual estou ligado, seja na família, seja no trabalho. Qualquer processo evolutivo deve ser compartilhado, tanto mais quanto mais próxima for a pessoa de nossa convivência.

Foi dessa forma que sempre tentei avançar em novos conhecimentos sem atropelar as pessoas com quem convivo, da mesma forma que no trabalho promovi muitas iniciativas para divulgação de novos conhecimentos de forma a equalizar o nível do grupo, como foi o caso, nos anos 80, quando promovemos cursos de informática feitos por nós mesmos, para trazer conosco mais de 100 colegas que não tinham nenhuma base do assunto.

Não é sem razão que meu lema é: Conhecimento distribuído é mais eficaz!

Não pretendo analisar o que ocorre no mundo, mas vamos pensar um pouco em nosso caso particular, no Brasil.

Ocorre que a grande maioria da nossa população é conservadora, religiosa e tradicionalista e, cada vez mais está sendo alijada dos processos decisórios pela elite “descolada” de súcubos pensantes.

Quando se propala os benefícios, por exemplo, do Vegano, será que estamos atingindo o pessoal do Grajaú, de Itaquera, do semiárido nordestino, ou mesmo do vale alemão em Santa Catarina?

Mais do que isso, será que estamos aderindo a alguma “verdade” científica ou a alguma “seita” imposta pela falsa maioria?

Construímos certezas a partir de conceitos que nos foram implantados por uma intelligentsia que se apoderou de nossa cultura e à qual sucumbimos sem reclamar.

Quando um jornalista redige um artigo sobre a proibição do aborto ou das drogas, ele normalmente usa o adjetivo “polêmicos” para esses assuntos, o que não ocorre quando se trata do contrário. A cultura dessa elite está dominada pela intelligentsia, porém a cultura da massa continua livre.

Repare como o típico “robô súcubo” adora rótulos, liberal, neoliberal, conservador, fascista etc. etc. Isso facilita o desligamento da percepção e da análise, um mero rótulo basta para eliminar uma possibilidade potencial de aprender e isso é o que a intelligentsia não quer.

E como se forma essa intelligentsia?

Viver é arriscado, o medo exige que nos integremos a algum bando, a Síndrome de EstouCalmo nos leva à aceitação passiva dos valores do bando, sucumbimos docilmente e aí Vem engano!

Passamos a defender qualquer coisa que a intelligentsia nos garante que é politica/cientificamente correta, mas esquecemos que nesse processo vamos intensificando a tensão entre nós e o resto do povo.





Bônus eleições 2018
Boçalnaro é exatamente resultado disso, nada podemos fazer para conter essa força que pode até ser batida momentaneamente, mas continuará com seu potencial explosivo só esperando para chacoalhar as estruturas.

Para quem realmente se preocupa com isso – robots are not allowed – recomendo o que segue:
leitura: A corrupção da inteligência - Flavio Gordon
Lula fala das estratégias da esquerda: "... mas eu não tenho mais 30 anos!"
 https://youtu.be/efkaaNgNI_c
José Dirceu ao El País: "E dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição."


Para os seres humanos que pretendem ser livres, o artigo abaixo tem algumas chaves:
A MIRAGEM DO MERCADO - W l a d i m i r   P o m a r  -  1991 - Comentários DeMimPro6


Vêem porque o Boçalnaro é inevitável?

Muitos continuam me perguntando como eu sucumbi por 30 anos a essa conversa. Muito bem, por acreditar nas pessoas abaixo, liberais do PT que foram vencidos pelo aparelhamento do Zé Dirceu:
Suplicy: Ao contrário do cabresto do Bolsa Família, imposto de renda negativo, anônimo, automático e extremamente justo, além de não ser deseducador!
Buarque: Ao contrário da ênfase em universidades públicas e gratuitas, apoio total ao ensino básico, sem viés ideológico.
Bicudo: Ao contrário do aparelhamento do judiciário, uma justiça independente e livre das influências partidárias e governamentais.
Lula: Governo eminentemente liberal, com o BC atuando de forma livre e a economia nas mãos hábeis do Meirelles. Este apenas me enganou, preparava o colchão de amortecimento para o verdadeiro projeto hegemônico que viria em seguida.


Análise preliminar sobre os resultados de 07/10/2018

08/10/2018
1 - A miragem PT
A ilusão com o PT, cuja máscara caiu muito mais com o discurso de intervenção na economia e de pretensões hegemônicas no poder do que com os escândalos de corrupção, essa ilusão acabou. Isso demonstra que a pesquisa sobre democracia, em que a maioria declarou preferir esse sistema à totalitarismos, tem correspondência no comportamento eleitoral da população.
2 - Voto de cabresto
O voto de cabresto, infelizmente, se mantém renovado pelo espólio do PT no nordeste, demonstrando que é preciso atenção às práticas populistas que vão se exacerbar nessa região. É preciso investir em educação de qualidade massivamente nesses estados para acabar com esse curral eleitoral. Lembrando que figuras como Lula são indestrutíveis, portanto todo cuidado é pouco!
3 - Corrupção
Os escândalos de corrupção tiveram um efeito decisivo no resultado das eleições, com a maior renovação dos últimos 20 anos, ainda que a polarização entre direita e esquerda, protagonizada por PSL e PT, tenha como resultado bancadas artificialmente grandes para esses dois partidos.
4 - Salvador da pátria
Nesta eleição 30 anos de crença inabalável no PT como o partido salvador da pátria foi, finalmente, derrotada de vez.
Por outro lado, isso ocorreu com o surgimento de outro candidato ao mesmo posto, neste caso pior, já que personificado pelo indivíduo Boçalnaro e não por um partido político. Pior, mas melhor, explico:
A pessoa em questão não reúne as mínimas condições intelectuais para se manter como "mito" por muito tempo e seu partido não tem nem mesmo a coerência necessária para convencer o eleitorado, muito menos organização e infraestrutura partidária para se consolidar como tal.
O grande aprendizado que me parece o eleitor brasileiro teve nestas eleições - exceto o do nordeste - foi que não existe salvador da pátria. O resultado foi quase que exclusivamente contra o salvador da pátria anterior (PT), em que esse novo personagem se prestou apenas como instrumento.
Resta saber se conseguiremos continuar evoluindo e impedirmos quaisquer pretensões hegemônicas de quem quer que seja, partidos ou pessoas!
5 - Economia
Um dos pilares que sustentou o resultado destas eleições foi a ideologia que determina as bases econômicas defendidas pelos candidatos, demonstrando que, além da preferência pela democracia, derrotando o partido com pretensões hegemônicas e, portanto, anti-democráticas, houve uma manifestação clara por uma política econômica liberal - vide o surgimento impressionante do NOVO - com a aceitação do fato que em economia não se intervém, se administra, usando instrumentos como as políticas fiscais para minimizar as distorções e não a truculência do estado controlador.