Paradoxos & Sofismas
S e   n ã o   b e b e r ,   n ã o   l e i a !
26/01/2016
Uma reflexão sobre minhas reflexões!
  • Percepção x Compreensão
  • Só percebemos relações simples,
    o resto é imaginação!
  • Uma nova relação: G=L*P2
  • Sininho já morreu?
    O impressionismo científico
  • Dando uma chance ao erro
    Bem-vindo ao inacreditável mundo do acertar!
  • PERSEJA
    Perceba&Seja
  • Gedankenexperiment
    Imaginação pura
  • ESPAÇO É A OUTRA FACE DO TEMPO
    Ambos filhotes da GRAVIDADE
  • A cenoura metafísica do demar
  • Apêndice
    Meu mais novo sofisma


Antes de começar recordemos as definições* formais dos termos:
Paradoxo: aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.
Sofisma: argumentação que aparenta verossimilhança ou veracidade, mas que comete, voluntariamente ou não, incorreções lógicas.
Poucas são as coisas das quais tenho certeza, na verdade só três:
  • de certo mesmo só a incerteza!
  • tudo é absolutamente relativo!
  • toda unanimidade é burra!**
Objetivamente falando, só me interessa a realidade subjetiva, porque é a única que posso perceber, o resto são...






(*) Os significados apresentados não são os únicos, mas os que se aplicam ao objetivo do texto.
(**) Nelson Rodrigues

Percepção x Compreensão

Sempre me intrigou a naturalidade com que as pessoas em geral encaram o fato de não compreender grande parte da realidade à sua volta, principalmente quando confrontada (essa naturalidade ou conformismo) com a estranheza ou mesmo indignação que manifestam quando as coisas não saem como esperavam.
Desde forçar demais algum objeto e decepcionar-se quando quebra até surpreender-se com a forma como o mercado funciona ou com as reações das pessoas em conflitos.
Em outras palavras: vão vivendo (e reclamando da vida)!
Nada contra. Não só entendo, como acho muito natural e, diria mesmo, o mais comum. Apenas não consigo me conformar que se sofra por não entender como é a nossa relação com o ‘resto’ do universo e não dedicar, minutos que sejam, para refletir sobre isso.
Há, é claro, os bobos alegres, que distorcem a sua percepção da realidade para ignorar aquilo que os ameaça ou para se esconder dos seus medos. Usam a ironia e o escárnio para fugir dos paradoxos.
Acho até que são mais felizes assim, só que a ignorância é como a virgindade, uma vez perdida não se pode recuperar. Pobres de nós!
Tem ainda os marrudos, aqueles que não se rendem às evidências, fingem que não estão percebendo nada e insistem em manter a mesma atitude mesmo com resultados negativos.
Isto posto, podemos dizer que vivemos entre paradoxos e sofismas!
Senão, vejamos: nossa percepção é limitada, sem falar no entendimento do que percebemos, então, ao presenciar certos fenômenos, não é raro termos dificuldade em entendê-los e assim considerá-los paradoxais.
Para entender melhor essa afirmação vamos ao paradoxo de Zenão:
“O que se move deve sempre alcançar o ponto médio antes do ponto final.”
Zenão de Eléia
Considerando o enunciado desse paradoxo, podemos afirmar que sempre haverá um ponto médio entre o que se move e o seu destino, dessa forma o móvel nunca atingirá o ponto final, ou, como a estória contada: Aquiles nunca alcançaria a tartaruga, desde que ela estivesse um pouco à frente dele no início da corrida e mesmo que Aquiles fosse o mais rápido corredor do mundo.


Foi só com Newton, Leibniz e o desenvolvimento do cálculo diferencial que esse paradoxo pôde ser desmistificado matematicamente.
O Cálculo Diferencial e Integral, também chamado de cálculo infinitesimal é um ramo importante da matemática, desenvolvido a partir da Álgebra e da Geometria, que se dedica ao estudo de taxas de variação de grandezas e a acumulação de quantidades. Onde há movimento ou crescimento e onde forças variáveis agem produzindo aceleração, o cálculo diferencial e integral é a matemática a ser empregada.
A solução envolve os conceitos de limite e convergência de séries numéricas. O fato de existirem infinitos pontos intermediários entre a tartaruga e Aquiles não implica que a soma dessas distâncias intermediárias será infinita porque a distância entre esses pontos será tão menor quanto maior for a quantidade de pontos, serão  infinitésimos. Assim, a soma dos infinitésimos não tem que ser infinita, ou seja o seu somatório converge para um valor limite. Isso foi o que os matemáticos conseguiram modelar com as derivadas e integrais, funções que conseguem lidar com o infinitamente pequeno (espaço entre os pontos) e infinitamente grande (quantidade de pontos) de forma algébrica.
Gosto de lembrar que, ao contrário dos pitagóricos, não acho que a matemática é Deus*, na verdade a matemática não é capaz de determinar nem o comprimento de uma circunferência, que qualquer um de nós consegue com uma prosaica fita métrica. Para dar uma resposta aproximada ela precisa se valer de um número, o ∏ (pi), que é indeterminado.
Apesar dessa minha crítica - que deve atormentar a mente dos matemáticos mundo afora!? - é inegável o fato de ser uma ferramenta extremamente útil para a ciência e para a tecnologia.
Por agora basta saber que precisamos verdadeiros malabarismos numéricos para traduzir os fenômenos da natureza de forma passível de quantificação.



(*) Os pitagóricos não achavam que Deus era um matemático e sim que a matemática era Deus! O Número seria a substância de todas as coisas, para eles o Número dominava o universo.

Só percebemos relações simples,
o   r e s t o   é   i m a g i n a ç ã o !

Para entender melhor nossas limitações, vamos examinar dois fenômenos corriqueiros: velocidade e aceleração
Percebemos a velocidade de um objeto, porque é uma relação simples: variação da posição com o tempo, entretanto temos dificuldade em perceber a aceleração, que é uma relação de relação, ou seja, é a variação da velocidade, que já é uma relação, com o tempo. Basta tentar atravessar a rua diante de um carro que está acelerando: muito provavelmente seremos atropelados, porque, apesar de conseguirmos avaliar bem o tempo que ele levaria para chegar até nós em velocidade constante, dificilmente conseguiremos avaliar esse tempo se ele estiver acelerando, porque não percebemos ‘quanto’ ele está acelerando.
Até aí, tudo bem! Aprendemos a conviver com essas limitações e pronto, o problema é quando lidamos com questões um pouco mais essenciais.
Para começar volto à minha tese de que a Liberdade é o nosso maior desejo.
A liberdade, sem dúvida, explica todas as nossas ambições: o querer em si pede a liberdade de realizar aquilo que se quer. Segundo Spinoza, a alegria é o sentimento que experimentamos quando nada nos impede de conseguir o que queremos e a tristeza é o contrário.
Um aspecto importante nessa questão é o tempo entre um desejo e sua realização, o que representa uma falta de liberdade. Quando queremos, queremos agora.
Por exemplo, o automóvel nunca foi a liberdade de ir e vir, mas a liberdade de ir e vir mais rapidamente, assim como as tecnologias da informação não nos trouxeram a liberdade do conhecimento, apenas de obtê-lo de forma mais imediata. Mas, ainda que não representem desejos novos, aumentam nossa liberdade em realizá-los pela velocidade que propiciam.
Entretanto, ao produzir recursos sofisticados para aumentar nossa liberdade, criamos relações altamente complexas entre os benefícios e seus custos. Basta comparar o caminhar com o andar de carro. Ao caminhar me sinto livre para ir onde quero, mas o custo está evidente no cansaço, nas dores eventuais etc., já ao andar de carro não sinto nada disso, estou confortável mesmo quando aumento a velocidade ou subo um ladeira.
Nossa memória registra isso como um benefício sem custo, como se as horas de trabalho consumidas para comprar aquele bem ou as privações que tive que passar para pagar as prestações, não estivessem relacionadas com aquele benefício. Isso produz uma memória incompleta que induz a considerar o carro muito mais benéfico e importante do que de fato é*.
É aí que entra nossa imaginação. Ao nos confrontarmos com um aparente paradoxo, imediatamente começamos a imaginar possíveis explicações para o fenômeno.
A ferramenta da imaginação é o sofisma, uma proposição que, embora inicialmente carente de consistência, serve como invenção de uma nova verdade. A partir dessa ‘invenção’ de verdade, baseada no fato de que a percepção não está sendo capaz de explicar o fenômeno, mas para o qual intuímos a solução, buscamos uma estrutura racional para explicá-lo.
Claro que o sofisma se presta para finalidades muito menos nobres, mas não estou analisando o ‘sofisma’ em si, apenas o seu uso neste contexto. Pensei nisso porque me descobri um sofismador**, o que pode não ser motivo de orgulho, mas reflete a forma como penso.
Insisto nessa palavra porque minha intenção é reforçar a ideia de que é algo limítrofe, na borda, algo que beira a loucura por um lado e a canalhice por outro.
Explico: quando acreditamos muito em uma ideia, como no caso de Benjamin Franklin e a eletricidade, Einstein e a relatividade, Copérnico e o sistema solar, construímos uma argumentação altamente sofismática, ou seja, manipulamos a lógica e as evidências descaradamente a nosso favor (ou a favor do que queremos provar).
Ocorre que, também quando queremos trocar de carro, comprar um novo celular, conquistar alguém, usamos a mesma técnica, digamos, pouco honesta.


(*) Casos mais perniciosos de relações indiretas confundindo nossas tomadas de decisão são: os impostos, os planos de saúde, a democracia representativa e as sociedades por ações.
(**) Aristóteles indica que há duas classes de argumentos: uns verdadeiros e outros que não o são embora pareçam.
Estes últimos são os sofismas. Acrescento: não o são de partida, mas poderão vir a ser!
Observo que sofista é aquele que utiliza a habilidade retórica no intuito de defender argumentos capciosos ou logicamente inconsistentes, o que pressupõe certo grau de má-fé, daí o neologismo “sofismador”, ou seja, quem cria e usa sofismas apenas como argumentos prévios, como ensaios para uma nova teoria.


Muitos defenderão que os primeiros exemplos não se encaixam aqui, porque estudiosos e cientistas usam a intuição, desenvolvida ao longo de anos de experiência, em que acumulam uma base de conhecimento suficientemente forte para isso, enquanto os exemplos mais corriqueiros seriam apenas manifestações de desejos mais ou menos mesquinhos, sem justificativa plausível.
Lamento informar que não concordo. Sempre que tentamos provar algo, nobre ou mesquinho, estamos trabalhando a serviço de um conjunto altamente complexo de sentimentos, que se confundem e não permitem mais separar o que é egoísmo, vaidade, altruísmo, intuição etc.
Frente a questões que julgamos importantes, sejam filosóficas, científicas ou relativas à nossa vida cotidiana, tenderemos a distorcer a realidade no sentido daquilo em que queremos acreditar.

Uma nova relação: G=L*P2

Vivemos entre o efeito ‘G’ e o desejo ‘L’.
Enquanto o primeiro nos prende à Gravidade, o segundo nos instiga para a Liberdade.
Um impasse tão decisivo que nos obriga a buscar todos os recursos disponíveis para resolvê-lo, tendo ou não consciência desse fato.
Quando o paradoxo se apresenta, como um obstáculo à nossa Liberdade, sofisma nele. Uma vez postulado, o sofisma tem que ser provado na experiência, só aí se torna ‘conhecimento’, segurança, a gravidade que nos mantém coesos.
Essa é a grande diferença em relação ao misticismo. No artigo “Expulsos do Paraíso: a Saga” (clique para ver de novo) usei o termo Super Espiritismo para satirizar o esforço dos cientistas em explorar áreas de conhecimento que parecem só existir ali, na mente desses cientistas, ideias quase místicas, mas há que se distinguir uma coisa da outra.
A diferença é exatamente o ‘P2’ da minha fórmula: Postular e Provar. Uma atitude totalmente diversa em relação aos místicos:
  1. Como se viu no documentário Particle Fever (clique para ver o filme) linkado no artigo citado acima, os cientistas, por mais decepcionados que possam estar com um resultado diferente do esperado - alguns vendo uma ideia defendida por toda uma vida ser frustrada no último momento - se rendem às evidências, voltam a suas mesas de trabalho e seus laboratórios e começam tudo de novo.
    Os místicos atribuem eventuais resultados negativos de suas “experiências” a: “falta de fé”, “falta de conexão com os poderes do além”, “mistérios do inefável” etc.
  2. As aplicações práticas da ciência são evidentes. Ainda que a mecânica quântica seja completamente contrária ao senso comum, quando diz, por exemplo, que algo pode ser ou não ser num mesmo instante, dependendo do observador (ver Gato de Schrödinger), ela está presente na frente de cada um de nós no processador de nosso computador.
    As curas milagrosas, os efeitos dos benzimentos e outros fenômenos místicos estão longe de ser comprovados e, de fato, úteis, exceto como lenitivos psicológicos.
Muito bem, feita a devida advertência, voltemos ao nosso tema.
Tomemos a célebre fórmula de Einstein E=m*c2, ela é um bom exemplo dessa complicação toda: o salto entre o efeito ‘G’, representado pela massa (m) ou inércia, a prisão da gravidade, do tempo, da vida e da morte, e o desejo ‘L’, de leveza, liberdade, eternidade, energia pura (E), só pode ser representado como uma relação complexa.
Uma das ferramentas que pode ajudar no entendimento de relações físicas é a análise dimensional, uma forma de tentar reconstruir o caminho de quem criou a teoria.
Verifica-se quais dimensões (e suas relações) são utilizadas nos termos de uma equação, que tem que ser equivalentes nos dois lados da igualdade.
Tomemos como exemplo a equação física que representa a velocidade, que é uma relação simples entre distância linear (medida em uma dimensão do espaço) e tempo:
v=d/t (velocidade é igual à distância percorrida dividida pelo tempo gasto)
A velocidade é representada pela relação entre as dimensões ‘comprimento’ e ‘tempo’, por exemplo: m/s (metros por segundo).
Supondo que não soubéssemos o que representa essa relação, poderíamos, pela análise dimensional da equação, verificar que:
  1. A equação é consistente, ou seja, do lado esquerdo apresenta a dimensão ‘velocidade’ que significa um ‘comprimento’ percorrido em uma unidade de ‘tempo’ e, do lado direito exatamente a divisão de ‘comprimento’ por ‘tempo’.
    Parece óbvio, mas esse mesmo raciocínio pode ajudar a entender equações muito mais complexas.
  2. Podemos entender melhor o fenômeno, inclusive avaliando o mesmo experimentalmente, pela medição do espaço percorrido e do tempo dispendido e obtendo um valor definido para a velocidade.
E=m*c2 é uma relação de relações, daí o c2 − velocidade da luz ao quadrado. Lembrando que esse é apenas um artifício matemático para sustentar uma ideia.
A origem do problema foi constatar, em experimentos de laboratório, que os fótons ou as ‘partículas’ constituintes da luz, não apresentavam massa mensurável, apenas uma certa quantidade de energia. Além disso, não eram observáveis em repouso, sempre em movimento e com velocidade também definida, no caso 299.792.458 metros por segundo ou ~300.000 km/s.
Esse valor é a velocidade da luz, já que o fóton é luz.
A partir daí, pesquisando outras partículas, como os elétrons e os prótons, notou-se que elas apresentavam massa em repouso (obtida indiretamente, já que não é possível colocar a partícula em uma balança). Esse paradoxo intrigou Einstein que começou a buscar uma relação matemática que se encaixasse nos resultados experimentais.
Para tentar entender o que a equação de Einstein representa, vamos inciar pela análise dimensional:
E representa energia que é a ‘coisa’ que permite executar um trabalho, ou seja alterar o mundo físico, seja por um deslocamento, seja por uma transformação.
Considerando os fenômenos mais simples, para entender essas relações, podemos dizer que se eu aplicar uma força em um corpo e, como resultado, ocorrer um deslocamento desse corpo, o trabalho realizado será igual ao produto dessa força pela distância percorrida T=F*d.
Energia é, por definição, a quantidade de trabalho disponível em um sistema E=T, portanto E=F*d.
m é a massa, ou seja o que faz um corpo resistir à mudança do seu estado de movimento, a inércia do corpo.
c2 é a velocidade da luz ao quadrado, ou seja, multiplicada por si mesma.
Velocidade é, como sabemos, uma relação entre comprimento e tempo.
Então temos, substituindo E por F*d e c2 por d2/t2:
F.d=m*d2/t2.
Dividindo tudo por d, chegamos a F=m*d/t2
Aceleração é a variação da velocidade com o tempo, ou seja:
=v/t=(d/t)/t=d/t2, portanto a equação acima pode ser escrita como:
F=m*a, força é igual a massa multiplicada pela aceleração.
Aqui precisamos da ajuda de Newton: a massa ou inércia é a característica de um corpo que o faz resistir à mudança do seu estado de movimento, ou seja, se ele estiver se movimentando em velocidade retilínea e uniforme não se deterá nem aumentará sua velocidade, a menos que uma força seja aplicada. Daí a força ser a relação entre a massa e a aceleração, que é a variação da velocidade. Em outras palavras, a massa ou inércia, se contrapõe não à velocidade, mas à sua variação.
Vemos então que a equação E=m*c2 tem consistência, pois se reduz à F=m*a que, conforme Newton, representa uma relação que é consistente com a experiência.
Como Einstein sabia, a partir da experiência, que nenhuma partícula se movia com velocidade superior à da luz e que, a essa velocidade, não apresentavam massa, passou a perseguir uma relação que se ajustasse aos resultados experimentais, chegando à famosa equação.
Importante ressaltar que, diferentemente da velocidade, essa relação não representa um único instante, mas dois. Explico:
Quando representamos a velocidade como sendo um deslocamento em um intervalo de tempo, estamos falando de um dado momento, ou seja, o fenômeno representado está ocorrendo enquanto o medimos.
No caso da equação de Einstein, isso não ocorre, porque, como vimos, ao atingir a velocidade da luz o corpo não possui mais massa, então a multiplicação m*c2 resultaria zero. Trata-se de estabelecer uma relação entre a massa que a partícula tinha quando em repouso, obrigatoriamente antes de atingir a velocidade da luz, e a energia que ela passa a assumir quando nessa velocidade.
Essa é só mais uma evidência de como a matemática se presta para qualquer artifício que a mente humana quiser modelar.
Quer mais? Ok... você respondeu com um rotundo NÃO! Tudo bem, mas não sou de desistir tão fácil, então, vamos lá:
Para que os cientistas e filósofos de plantão não me crucifiquem (e temos vários entre nós), vou mais longe nessa definição para demonstrar o quão sofismática ela ainda é. Sim porque, a despeito das inúmeras aplicações práticas que ela já promoveu, está bem longe de estar concluída.
Na verdade a equação de Einstein é E2=(m*c2)2+(p*c)2, ou seja ela se aplicaria de fato a objetos em movimento ou não, utilizando a parcela p*c que representa o momento (momentum) do corpo multiplicado pela velocidade da luz.
Muito bem, um corpo em repouso não tem momento então fica E=m*c2, e se ele estiver na velocidade da luz, não tendo mais a massa, fica E=p*c.
Maravilha, não?
Pior que não! Se você for buscar a definição de momento encontrará a fórmula p=m*v (momento é igual à massa multiplicada pela velocidade). Ué, mas se o objeto não tem mais massa, como fica?
Isso me lembra um professor de física extremamente prático que apresentou um problema iniciando assim:
− Dado um cavalo esférico e sem massa...
Pensa que os cientistas vão responder? Talvez, mas com um paradoxo ou, como preferem chamar, uma controvérsia: Controvérsia Abraham-Minkowski.
Existem duas equações descrevendo transferência de momento entre matéria e energia. Ambas parecem contradizer dados experimentais. As duas equações existentes foram sugeridas pela primeira vez por Hermann Minkowski (1908) e Max Abraham (1909), daí o nome controvérsia Abraham-Minkowski.
O fato é que o salto entre as observações experimentais e a formulação matemática, partiu de uma pretensão de Einstein, que acreditou que poderia estabelecer uma relação, ainda que complexa, entre essas duas ‘facetas’ da realidade perceptível, a massa e a energia.
Foi necessário muito trabalho de pesquisa e experimentação posterior, envolvendo milhares de cientistas em todo o mundo, para consolidar (embora não provar, ainda) a teoria sonhada pelo gênio criador, cujo verdadeiro mérito foi acreditar até o fim.
Sininho já morreu?
O impressionismo científico
Minha intenção, ao descrever toda essa parafernália matemática, foi preparar os espíritos para o que vem a seguir. Neste momento apenas peço que cada um avalie quanto de todo esse arrazoado ficou realmente claro ou se muita coisa ficou no ar.
Vamos ver o outro lado da medalha. Deveríamos saber, depois de tantos séculos de acumulação de conhecimento, que a dose faz o veneno, mas teimamos em nos deixar levar pelo entusiasmo de alguns pensadores que conseguem com sua retórica e, inclusive, pelos resultados apregoados, induzir um novo pensamento dominante que se transforma em senso comum.
Na antiguidade tudo era misterioso, deuses foram idealizados para explicar os fenômenos, demônios eram considerados entes reais e presentes, ainda que nem sempre visíveis.
Hoje o cientificismo nos leva a acreditar que tudo pode ser explicado e entendido, ainda que demore. Decretamos o fim do mistério, o fim da história, ainda que para alguma data futura desconhecida, mas real.
Antes de continuar, peço que isto não seja interpretado como um apelo sentimentaloide às consciências, mas antes de tudo como um alerta ao bom senso!
Admitimos o fato de que não conhecemos tudo (ainda), mas relegamos essa parcela de ignorância para a área das especulações apenas, tudo muito “racional”.
Ocorre que essa atitude nos aparta de um universo infinito de possibilidades por desqualificar qualquer ato que não esteja fundamentado na razão e no conhecimento estabelecido.
Carl Sagan, em seu livro “O mundo assombrado pelos demônios” de 1995, menciona essas duas fases da humanidade:
Platão, o discípulo mais famoso de Sócrates, atribuía um papel elevado aos demônios: "Nenhuma natureza humana investida de poder supremo é capaz de ordenar os assuntos humanos", diz ele, "sem transbordar de insolência e iniquidade ... ".
Não nomeamos bois para ser os senhores dos bois, nem bodes para ser os senhores dos bodes, mas somos nós próprios, uma raça superior, que os governamos. De maneira semelhante, Deus, por amor à humanidade, colocou acima de nós os demônios, que são uma raça superior, e eles, de forma fácil e prazerosa para si mesmos, e não menos prazerosa para nós, tornam as tribos dos homens felizes e unidas, ao cuidar de nós e nos dar paz, reverência, ordem e justiça que nunca falham.
...
Considere-se a seguinte afirmação: enquanto caminho, o tempo - medido pelo meu relógio de pulso ou pelo meu processo de envelhecimento - atrasa. E também encolho na direção do movimento. E também me torno mais pesado. Quem já testemunhou uma coisa dessas? É fácil rejeitar tal afirmação sem demora. Eis outra: em todo o Universo, a matéria e a antimatéria estão sendo criadas a partir do nada o tempo todo. Eis uma terceira: uma vez na vida, outra na morte, o carro passará espontaneamente pela parede de tijolos da garagem e será encontrado na rua na manhã seguinte. São todas afirmações absurdas! Mas a primeira é uma declaração da relatividade especial e as outras duas são consequências da mecânica quântica (flutuações no vácuo e efeito túnel*, como são chamadas). Goste-se ou não, o mundo é assim. Se insistirmos que é ridículo, nos fecharemos para sempre a algumas das principais descobertas sobre as leis que regem o Universo.
* O tempo médio de espera para cada exsudação estocástica é muito maior do que a idade do universo desde o Big Bang. Mas, embora Improvável, poderia acontecer amanhã.
...
Como tenho tentado enfatizar, no coração da ciência existe um equilíbrio essencial entre duas atitudes aparentemente contraditórias - uma abertura para novas ideias, por mais bizarras ou contrárias à intuição, e o exame cético mais implacável de todas as ideias, antigas e novas. É dessa forma que as verdades profundas são joeiradas dentre profundos disparates. O empreendimento coletivo do pensamento criativo e do pensamento cético, atuando em conjunto, mantém a ciência em andamento. No entanto, há certa tensão nessas duas atitudes aparentemente contraditórias.
Resumindo, em ambos os momentos da civilização, o indivíduo médio, não cingido com os atributos, seja do líder espiritual, seja do líder científico, terá que ter uma boa de dose de fé*. Sagan chega a admitir que o cientista é estereotipado, considerado como um diferente e reclama disso, na minha opinião, sem razão, afinal, como os sacerdotes, os médicos, os advogados, os economistas, os engenheiros, os cientistas se separam dos comuns até pela linguagem utilizada.
Isso é natural da especialização (não sei se tal nível de especialização é bom), a linguagem e até os hábitos são muito determinados pela atividade que se exerce, mormente quando são atividades que exigem muita dedicação e são exercidas por uma porcentagem relativamente pequena da população.

(*) Tenho mencionado essa palavra, que insisto em grafar Fé, com a significação de força interior que nos move. No contexto da frase e no senso comum é normalmente associada à crença em algo.



Neil deGrasse Tyson, aprendiz de feiticeiro, seguidor e sucessor de Carl Sagan, em seu livro “Origens - catorze bilhões de anos de evolução cósmica”, contribui para o reforço da crença na ciência com explicações tão boas - para os leigos como eu - quanto o “Livro dos espíritos” de Alan Kardec.
Assim, a matéria escura é nossa amiga. Mas os astrofísicos se tornam compreensivelmente desconfortáveis sempre que devem basear seus cálculos em conceitos que não compreendem, ainda que essa não seja a primeira vez que agem dessa maneira. Os astrofísicos mediram a energia do Sol, por exemplo, muito antes que alguém soubesse que a fusão termonuclear era responsável por ela. No século XIX, antes da introdução da mecânica quântica e da descoberta de outros insights profundos sobre o comportamento da matéria em suas menores escalas, a fusão nem sequer existia como um conceito.
Alguns céticos implacáveis talvez comparem a matéria escura de hoje com o hipotético e agora defunto "éter", proposto séculos atrás como o meio transparente e sem peso através do qual a luz se movia. Por muitos anos, até um famoso experimento de 1887 em Cleveland, realizado por Albert Michelson e Edward Morley, os físicos pressupunham a existência do éter, ainda que nem um fiapo de evidência sustentasse essa presunção. Cientes de que a luz é uma onda, os físicos consideravam que a luz requeria um meio pelo qual se mover, assim como as ondas de som se movem pelo ar. Entretanto, revelou-se que a luz fica muito feliz viajando pelo vácuo do espaço, desprovido de qualquer meio de sustentação. Ao contrário das ondas sonoras, entretanto, que consistem em vibrações do ar, as ondas de luz se propagam por si mesmas.
Mas a ignorância da matéria escura difere fundamentalmente da ignorância do éter. Enquanto o éter equivalia a um representante de nossa compreensão incompleta, a existência da matéria escura não deriva de mera presunção, mas de efeitos observados de sua gravidade sobre a matéria visível. Não estamos inventando a matéria escura a partir do nada; em vez disso, deduzimos sua existência a partir de fatos observacionais. A matéria escura é simplesmente tão real quanto os mais de cem planetas descobertos em órbita ao redor de estrelas que não o Sol - quase todos encontrados unicamente pela sua influência gravitacional nas estrelas anfitriãs. O pior que pode acontecer é que os físicos (ou outros de insights profundos) descubram que a matéria escura não consiste absolutamente em matéria, mas em alguma outra coisa, sem, entretanto, conseguir descartá-la pela argumentação. A matéria escura poderia ser a manifestação de forças de uma outra dimensão? Ou de um universo paralelo intersectando o nosso? Mesmo assim, nada disso mudaria a invocação bem-sucedida da gravidade da matéria escura nas equações que usamos para compreender a formação e evolução do universo.
Outros céticos implacáveis poderiam declarar "ver para crer". Uma abordagem "ver para crer" da vida funciona bem em muitos empreendimentos, inclusive engenharia mecânica, pescaria e talvez encontros amorosos. É também boa, aparentemente, para residentes de Missouri. Mas não produz boa ciência. A ciência não concerne apenas a ver. A ciência diz respeito a medir - de preferência com algo que não seja nossos próprios olhos, que estão inextricavelmente amalgamados com a bagagem de nosso cérebro: ideias preconcebidas, noções pós-concebidas, imaginação não verificada com respeito a outros dados, e viés.
Tendo resistido a tentativas de detectá-la diretamente sobre a Terra por três quartos de século, a matéria escura tornou-se uma espécie de Teste Rorschach do investigador. Alguns físicos de partículas dizem que a matéria escura deve consistir numa classe fantasmagórica de partículas ainda não descobertas que interagem com a matéria via gravidade, mas que, excluindo essa possibilidade, interagem com a matéria ou a luz apenas fracamente, ou de forma alguma. Isso parece bizarro, mas a sugestão tem precedente. Sabe-se muito bem, por exemplo, que os neutrinos existem, embora interajam de modo extremamente fraco com a luz e a matéria comuns. Os neutrinos do Sol - dois neutrinos para cada núcleo de hélio feito no núcleo solar - viajam pelo vácuo do espaço quase à velocidade da luz, mas depois passam através da Terra como se ela não existisse. O cálculo: noite e dia, 100 bilhões de neutrinos vindos do Sol entram e depois saem de cada polegada quadrada (6,25 centímetros quadrados) de nossos corpos a cada segundo.
Mas os neutrinos podem ser detidos. A cada rara ocasião, eles interagem com a matéria via força nuclear fraca da natureza. E se conseguimos deter uma partícula, podemos detectá-la.
...
Os teóricos do MONO não veem partículas exóticas em seus testes Rorschach. Eles acham que é a gravidade, e não as partículas, que precisa de correção. E assim produziram uma dinâmica newtoniana modificada - uma tentativa audaciosa que parece ter falhado, mas que é sem dúvida a precursora de outras tentativas de mudar nossa visão da gravidade em vez de alterar nosso censo das partículas subatômicas.
Outros físicos perseguem o que eles chamam TOEs ou "teorias de tudo". Num subproduto de uma dessas versões, o nosso próprio universo está perto de um universo paralelo, com o qual interagimos apenas por meio da gravidade. Nunca nos deparamos com nenhuma matéria desse universo paralelo, mas podemos talvez sentir seu puxão atravessando as dimensões espaciais de nosso próprio universo. Imagine um universo fantasma bem ao lado do nosso, que nos é revelado apenas pela sua gravidade. Parece exótico e inacreditável, mas provavelmente não mais do que as primeiras sugestões de que a Terra orbita o Sol, ou de que nossa galáxia não está sozinha no universo.


Assim, os efeitos da matéria escura são reais. Apenas não sabemos o que é a matéria escura. Parece não interagir por meio da força forte, por isso não é capaz de formar núcleos. Não se descobriu que interage por meio da força nuclear fraca, algo que até os elusivos neutrinos fazem. Não parece interagir com a força eletromagnética, portanto não cria moléculas, nem absorve, emite, reflete ou espalha luz. Exerce gravidade, entretanto, à qual a matéria comum reage. Só isso. Depois de todos esses anos de investigação, os astrofísicos não a descobriram fazendo nada mais.
Mapas detalhados da radiação cósmica de fundo têm demonstrado que a matéria escura deve ter existido durante os primeiros 380.000 anos do universo. Hoje também precisamos da matéria escura em nossa galáxia e em aglomerados de galáxias para explicar os movimentos dos objetos nelas contidos. Mas, até onde sabemos, a marcha da astrofísica ainda não foi descarrilada ou bloqueada pela nossa ignorância. Carregamos simplesmente a matéria escura conosco como uma amiga estranha, invocando-a onde e quando o universo requer que o façamos.
No que esperamos ser um futuro não tão distante, o divertimento vai continuar quando aprendermos a explorar a matéria escura - uma vez decifrada a substância de que é feita. Imagine brinquedos invisíveis, carros que passam um através do outro, ou aviões totalmente indetectáveis. A história de descobertas obscuras e obtusas na ciência é rica em exemplos de pessoas inteligentes que vieram mais tarde e que descobriram como explorar esse conhecimento para seu próprio proveito e para o benefício da vida sobre a Terra.
...
O que cria a energia escura? A partir dos reinos profundos da física de partículas, os cosmólogos produzem uma resposta: a energia escura surge de eventos que devem ocorrer no espaço vazio, se confiamos no que apreendemos da teoria quântica da matéria e energia. Toda a física de partículas se baseia nessa teoria, que tem sido verificada com tanta frequência e com tanta exatidão no reino submicroscópico que quase todos os físicos a aceitam como correta. Uma parte integrante da teoria quântica indica que aquilo que denominamos espaço vazio, na verdade, zumbe com "partículas virtuais", que piscam surgindo e sumindo com tanta rapidez que nunca podemos determiná-las diretamente, mas apenas observar seus efeitos. O aparecimento e desaparecimento contínuo dessas partículas virtuais, denominadas "flutuações quânticas do vácuo" por aqueles que gostam de uma boa expressão da física, fornece energia ao espaço vazio. Além disso, os físicos de partículas podem calcular, sem muita dificuldade, a quantidade de energia que reside em cada centímetro cúbico do vácuo. A aplicação direta da teoria quântica ao que chamamos de vácuo prediz que as flutuações quânticas devem criar energia escura. Quando contamos a história a partir dessa perspectiva, a grande pergunta sobre a energia escura parece ser: por que os cosmólogos levaram tanto tempo para reconhecer que essa energia devia existir?
Infelizmente, os detalhes da situação real transformam essa pergunta em: como é que os físicos de partículas incorreram em erro até agora? Os cálculos da quantidade de energia escura que se move furtivamente em cada centímetro cúbico produzem um valor cerca de 120 potências de 10 maior que o valor que os cosmólogos encontraram por meio das observações das supernovas e pela radiação cósmica de fundo. Em situações astronômicas incomuns, os cálculos que se mostraram corretos dentro de um único fator de 10 são muitas vezes julgados ao menos temporariamente aceitáveis, mas um fator de 10120 não pode ser varrido para baixo do tapete, nem mesmo pelas Polianas da física. Se o espaço vazio real contivesse energia escura em quantidade semelhante às propostas pelos físicos de partículas, o universo há muito tempo teria se avolumado de tal maneira que nossas cabeças nem sequer teriam começado a rodar, pois uma diminuta fração de um segundo teria bastado para espalhar a matéria para longe numa rarefação inimaginável. A teoria e a observação concordam que o espaço vazio deve conter energia escura, mas discordam por um trilhão na décima potência sobre a quantidade dessa energia. Nenhuma analogia terrestre, nem mesmo uma cósmica, consegue ilustrar precisamente essa discrepância. A distância até a galáxia mais longínqua que conhecemos excede o tamanho de um próton por um fator de 1040. Mesmo esse número enorme é apenas a raiz cúbica do fator pelo qual a teoria e a observação divergem atualmente quanto ao valor da constante cosmológica.
Os físicos de partículas e os cosmólogos sabem há muito tempo que a teoria quântica prediz um valor inaceitavelmente grande para a energia escura, mas nos dias em que a constante cosmológica era considerada igual a zero, eles esperavam descobrir alguma explicação que cancelasse termos positivos com negativos na teoria e, desse modo, manipulasse o problema com elegância e o eliminasse. Um cancelamento similar resolveu certa vez o problema de quanta energia as partículas virtuais contribuem para as partículas que de fato observamos. Agora que a constante cosmológica se revela não zero, as esperanças de encontrar tal cancelamento parecem mais fracas. Se realmente existir, o cancelamento deverá remover de algum modo quase todo o valor teórico gigantesco que temos hoje em dia. Por ora, sem nenhuma boa explicação para o tamanho da constante cosmo­lógica, os cosmólogos devem continuar a colaborar com os físicos de partículas, procurando conciliar teorias de como o cosmos gera energia escura com o valor observado para a quantidade de energia escura por centímetro cúbico.
Algumas das inteligências mais aguçadas empenhadas na cosmologia e na física de partículas têm dirigido grande parte da sua energia para explicar esse valor dado pela observação, sem nenhum sucesso. Isso provoca fogo, e às vezes ira, entre os teóricos, em parte porque eles sabem que um Prêmio Nobel - para não falar da imensa alegria da descoberta - aguarda aqueles que conseguirem explicar o que a natureza fez para gerar o espaço assim como o descobrimos. Mas outra questão atiça controvérsia ao gritar por explicação: por que a quantidade de energia escura, medida pela sua massa equivalente, é aproximadamente igual à quantidade de energia fornecida por toda a matéria no universo?
Se na minha paupérrima descrição da equação da relatividade alguém pode ter boiado, que diremos dessas explicações cosmológicas.
Esse tipo de texto inacessível está presente na Bíblia, no Alcorão ou qualquer texto sobre cosmologia, astrofísica, as teorias da relatividade, quântica, dos multi-versos etc.
Se você vivesse 4 séculos atrás teria, obviamente, um nível de conhecimento insignificante em relação ao que temos hoje, o que significa uma melhora do nosso potencial de liberdade, mas isso não elimina nossa necessidade de segurança, em outras palavras, alguma proteção contra os medos que sempre nos assombrarão, em relação ao que ainda não conhecemos. Isso praticamente nos empurra para os dogmas, verdadeiros botes salva-vidas no mar da nossa ignorância.
Os dogmas, em qualquer tempo, são baseados em lógicas extremamente bem estruturadas, complexas, com muitos pontos que exigem uma dose importante de confiança nos mentores dessas ideias, o que se chama vulgarmente de fé.
Um outro aspecto importante dos dogmas é estabelecer um ponto de apoio para um grupo de pessoas que necessitam, como todos nós, sentirem-se incluídas, integradas. Há pouco tempo atrás, talvez menos de um século, a igreja representava essa segurança, hoje não mais, temos a sagrada ciência para nos acalmar os espíritos.
Hoje só um idiota não acredita na ciência, como, há pouco mais de um século, se diria de quem não acreditasse em Deus. Não podemos subestimar a força do pensamento comum, ele nos subjuga acariciando os adeptos e menosprezando os contestadores.
Hoje assumimos que não entendemos os enunciados porque não estamos preparados ou não estudamos o suficiente e sempre foi assim, na idade média eram os teólogos que sabiam dos mistérios dos livros sagrados, os leigos não tinham estudado o suficiente ou não eram suficientemente iluminados.
Lembrando sempre que aqui não vai nenhuma crítica à ciência em si, minha intenção é apenas colocá-la no lugar que lhe é devido: uma área importante do conhecimento que nos permite um avanço tecnológico significativo, além de se constituir na área de atuação mais próxima de nosso desejo por liberdade/conhecimento. O que não se pode é considerá-la como a panaceia final.
Definitivamente, a matemática não é Deus, exista ou não um Deus.
Apesar das aparentes vantagens* da evolução científica, antes tínhamos uma maior capacidade de sonhar e, de alguma forma, precisamos recuperar esse mecanismo de inventar não apenas teorias, mas novas realidades.
Quando os cientistas defendem veementemente a visão científico-tecnológica como a última fronteira do pensamento humano, aquela que permitirá que conheçamos todos os “por quês” e os “comos” do universo, estão assumindo uma responsabilidade da qual não têm a real dimensão.
Minha tese é que, independente de quanto pesquisemos e estudemos, a parte misteriosa sempre será maior, pelo fato de que é infinita. Mas, por quê infinita? Perguntarão alguns. Pela simples razão de que o fim do que quer que seja: espaço, universo, partículas, tempo, ideias, pressupõe o nada depois. E o que é o nada?
O vácuo não é, pois resta ali espaço e tempo. É impossível imaginar e, se é impossível imaginar, não conseguimos admitir a existência, ao menos em nível subconsciente (no consciente podemos mentir à vontade).
Esse é o meu dogma, que coloco aberto a todo tipo de crítica: um indivíduo ou grupo de indivíduos nunca poderá ter conhecimento do todo, apenas avançar indefinidamente no esclarecimento, tarefa cujo objetivo não é conhecer tudo, apenas continuar adquirindo conhecimento. O processo é o objetivo, como o caminho deve ser a meta, como a felicidade só se encontra na busca.
Se a parcela desconhecida sempre será enorme, como podemos limitar nossa mente apenas ao que podemos entender. Existe um mundo de percepções que não podem ser desprezadas, as artes e as emoções não podem ser relegadas a simples coadjuvantes da ciência.

(*) Digo “aparentes” porque, ao menos para mim, é inegável que foi o avanço tecnológico que nos trouxe até o beco sem saída em que estamos, em que não temos outra certeza que não nossa finitude como espécie e como indivíduos, avanço que só foi possível pelo avanço da ciência, embora não só por isso.



Dando  uma  chance  ao erro
Bem-vindo ao inacreditável mundo do acertar!
Essas ideias me ocorreram em uma conversa com um do6, quando, falando de algumas dores, eu sugeri acupuntura, que já usamos várias vezes e sempre com bons resultados.
Ele respondeu calmamente:
− Acupuntura não tem efeito nenhum! Não tem base científica.
Retrucamos que para nós tinha sido muito efetivo e ele completou:
− Olha na internet!
Duas coisas chamaram minha atenção:
  1. Com essa atitude ele eliminou qualquer possibilidade de discussão, exatamente como a VÓlinda quando me disse: −  Pra Deus nada é impossível!
    Além disso desautoriza qualquer opção que não seja respaldada pela ciência, o que significa dizer: pelos dogmas científicos, limitando muito as opções passíveis de utilização ou mesmo de avaliação.
  2. A segunda coisa foi ver como a internet é uma força avassaladora na formação de opinião e de novos dogmas. Considerando que ela é democrática, ou seja, não privilegia o mais sensato, o mais inteligente, o mais lúcido, mas o mais popular, ou seja, ela é poderosa em fixar conceitos e filosofias, mas não necessariamente os melhores conceitos e filosofias, apenas reforçam o que já é voz corrente.
Isso não difere do que ocorria alguns séculos atrás quando o lógico e aceito universalmente era a existência de Deus, demônios, gnomos e fadas. Dogmas como a supremacia do homem sobre a “criação”, sujeito apenas ao poder de Deus, foram substituídos pela crença, não menos pretensiosa, de que somos capazes de formular teorias que expliquem não só o que nos cerca, mas a nós mesmos.
A internet abre a possibilidade de acesso a uma quantidade de conhecimento enorme, entretanto reforça as teses de grupos dominantes. O pensamento materialista e o cientificismo são, disparadamente os mais influentes e condicionam boa parte do pensamento de cada um. Infelizmente nossa capacidade de crítica está condicionada ao senso comum, com maior ou menor intensidade, conforme nossas necessidades de aceitação.
A world wide web, inegavelmente, abre mais do que fecha possibilidades, não sendo coercitiva, mas exerce certa coerção quando, como amplificadora das nossas vozes, reforça o dogma dominante. É preciso manter (com todo o cuidado) a mente aberta.
Quando mergulhamos nesses dogmas atraídos pela aceitação de nossas ideias, afastamos muitas possibilidades, tanto de alternativas para a vida como para nosso conhecimento. É como a fábula em que o povo, vendo o rei sair nu do castelo, aclama como se nada anormal estivesse acontecendo, cada um fingindo ignorar o fato por medo de ser o único a desmascarar a farsa*.



(*) Além do cientificismo temos vários outros dogmas que poucos ousam contestar: o dogma de que a imprensa é livre, que a democracia é a vontade do povo, que, ainda que precariamente, a justiça é um recurso isento, estes dois últimos baseados na crença de que sempre existirão, em meio à corja dominante, bons políticos e bons juízes dispostos a lutarem por nós.
Na imprensa seria a competição entre os órgãos de divulgação, todos privados, que garantiria a independência, sobrepondo-se a interesses comerciais, financeiros e a eventuais receios de dizer que o rei está nu.
Recentemente, neste nosso Brasil, estamos vivendo uma mudança de paradigma catastrófico: de um dogma direita x esquerda = corrupto x honesto, caímos na descrença total. Hoje acreditamos que a corrupção é um problema endêmico afetando todas as correntes e instâncias do país, embora muitos dos arautos da nova era, próceres da esquerda, ainda se mantenham fiéis ao seu dogma, não admitindo sequer como desvios, a avalancha monstruosa de delitos e crimes cometidos em nome desse dogma ou acobertados por ele.


A reação induzida em nós por essa força invisível nos faz pensar:
- Prefiro não falar nisso, é um pouco ridículo…
Parecer um pouco ridículo é exatamente estar um pouco em desacordo com o dogma dominante.
Claro que isso não credencia nenhuma ideia por si só, ou seja, ainda que o dogma vigente não seja o definitivo, até porque não há dogma definitivo, pensar diferente não é garantia de pensar certo, se é que existe um pensar certo.
A ausência de prova da existência de Deus não é prova de sua inexistência e vice-versa ao contrário.
Quando nos dispomos a ler livros como os que citei, lembrando que são livros para leigos, a primeira coisa que precisamos ter é uma dose muito grande de confiança no autor, porque da 3ª página em diante dificilmente teremos inteligência ou bagagem de conhecimentos suficiente para entender e muito menos para criticar o que estamos lendo. Duvido que alguém, leigo como eu, vá fazer um curso de matemática superior ou de cosmologia para verificar em profundidade os enunciados que estão sendo passados.
A mim parece mais ou menos o mesmo que ocorreu quando tentei ler a Bíblia, com uma diferença em relação aos leitores do século XVII: o ceticismo imposto pelo dogma científico de nossa época.
Também é interessante verificar nessas leituras alguns vestígios da insegurança dos autores, aliás altamente justificada, quando revelam o quão dogmática é sua dissertação, por exemplo ao mencionar teorias e pesquisas não científicas, classificando-as como inúteis ou descabidas, ou quando se referem aos que colocam a discussão científica em um nível de especulação muito maior do que se propõe, desqualificando essas pessoas, como pessoas que não tiveram uma boa e sólida educação científica. E, como se não bastasse, apelam por mais dogma científico nas escolas.
Chama a atenção também o apelo desses cientistas sérios por mais espaço e apoio para a chamada pesquisa pura, aquela cujo único moto é a curiosidade, sem nenhum objetivo prático aparente. De certa forma essa falta de espaço é resultante da imposição do dogma científico em nossa cultura, ou seja, tudo que parece além da metafísica, ou mesmo compreendido por ela, é relegado ao mundo da fantasia. O ceticismo, tão necessário ao método científico, avançou para além do que os próprios cientistas pretendiam e agora tentam apelar às consciências para que lutem mais pela liberdade:
Ora, não adianta ter esses direitos, se não os usamos - o direito à liberdade de expressão quando ninguém contradiz o governo, à liberdade da imprensa quando ninguém está disposto a fazer as perguntas difíceis, o direito de reunião quando não há protestos, o sufrágio universal quando menos da metade do eleitorado vota, a separação da Igreja e do Estado quando o muro entre eles não passa por uma manutenção regular. Pelo desuso, eles podem se tomar nada mais que objetos votivos, palavreado patriótico. Direitos e liberdades: use-os ou perca-os.
Devido à previsão dos idealizadores da Declaração de Direi­tos - e ainda mais a todos aqueles que, com risco pessoal considerável, insistiram em exercer esses direitos -, é difícil agora prender a liberdade de expressão numa garrafa. Os comitês das bibliotecas escolares, o serviço de imigração, a polícia, o FBI - ou o político ambicioso à cata de votos - podem tentar reprimi-la de tempos em tempos, porém mais cedo ou mais tarde a rolha explode. A Constituição é afinal a lei da nação, os funcionários públicos juraram preservá-la, e os ativistas e os tribunais de vez em quando impedem o fogo.
Discurso de Carl Sagan em 30 de setembro de 2009
O problema a meu ver é que, conforme nos ensinam as teorias da complexidade, nada do que fazemos é isolado ou puro, por exemplo: se um gênio em certa área de atividade tem uma personalidade difícil e conseguíssemos “educá-lo” para se tornar uma pessoa mais afável, correríamos sério risco de perder, nesse processo, a sua genialidade. Não digo que uma coisa esteja ligada à outra, mas que é possível que ocorra e, seguramente, que a mudança de um aspecto da personalidade implicará em mudanças em outros aspectos, muitas vezes inesperadas.
Da mesma forma a exigência, imposta pelo método científico,de sermos céticos, me parece, nos induziu a sermos utilitaristas, o que não tem nada a ver com ceticismo, mas, como ambos são faces do pragmatismo, se confundem um pouco em nossas mentes.
É o utilitarismo, não o ceticismo, que nos afastou da capacidade de sonhar de nossos ancestrais. Hoje em dia, se não servir para algum fim prático, um pensamento é classificado como arte, lazer ou mero diletantismo, com a conotação de “coisa para se fazer quando e se tivermos tempo sobrando”.
De volta à nossa tese: como parte do universo que somos, acho muito difícil conseguir compreender tudo que nos cerca, nossa percepção sempre será parcial, nunca poderemos ser totalmente objetivos porque nunca poderemos sair da realidade para observá-la de uma perspectiva exterior a ela.
Nunca antes na história do mundo (não foi o Lula que falou, hein!), tivemos uma noção tão clara da complexidade da nossa existência como temos hoje, em que filmes como Matrix traduzem para uma possível realidade o questionamento do sábio:


Chuang-Tzu sonha ser borboleta ou a borboleta sonha ser Chuang-Tzu?

Testes de Realidade, como os propostos por Freud, só se prestam para avaliar o que chamamos de equilíbrio mental ou psicológico e, como o resto da ciência, é útil nesse contexto, mas para a questão metafísica proposta pela ideia do sábio chinês é insuficiente.

A própria percepção do tempo, que nada mais é do que a frequência com que o cérebro captura as sensações, é limitada. Basta assistir a um filme em ultra câmera lenta para perceber coisas absolutamente imperceptíveis com a nossa velocidade normal de percepção, então se imaginarmos seres ou fenômenos extremamente mais lentos ou mais rápidos que nossa percepção, eles poderão nos parecer imóveis ou simplesmente não aparecer para nós.


Uma época em que conseguimos formular a teoria do caos, o pensamento complexo, além dos avanços no estudo da mente, enfim em que a própria ciência abriu um leque espantosamente grande de possibilidades para a compreensão da chamada realidade.
Sabemos hoje que o pensamento se dá num nível completamente apartado da realidade, cujo único meio de comunicação com essa realidade são os nossos sentidos e eles (ver Matrix ou o Mito da Caverna de Platão) podem estar sendo enganados.
A própria ciência tem chegado a conclusões paradoxais: ora um elemento da matéria tem massa ora é apenas energia, corpos com cargas elétricas opostas (+/-) se atraem e com cargas de mesmo sinal se repelem, entretanto no núcleo do átomo, os prótons de carga positiva permanecem firmemente unidos.
O próprio átomo é constituído quase que totalmente de “nada”, o espaço entre o núcleo e a eletrosfera (espaço onde se encontram os elétrons em órbita) é tão grande, relativamente ao tamanho do átomo, com até 100.000 vezes o tamanho do núcleo (que é onde se concentra a massa do átomo), que podemos dizer que tudo que consideramos matéria seria, segundo essa constatação da ciência, apenas espaço vazio, em que forças invisíveis mantém as coisas estáveis ou rígidas ou sólidas como as percebemos e experimentamos.
O movimento observado das galáxias contraria as leis da gravitação universal de forma a exigir novas teorias para explicá-lo.
Todos esses paradoxos produzem numerosos sofismas: os glúons (partículas imaginárias que serviriam de cola, daí o nome, nos núcleos atômicos), as inexplicáveis forças fraca e forte no interior dos átomos, as misteriosas energia e matéria escuras no universo etc. etc. etc.
Para eu não incorrer no risco de ser reprovado no teste de Freud, tenho que assumir que enquanto obtivermos a concordância dos demais (ou pelo menos recebermos inputs sensoriais e intuitivos coerentes com essa ideia) sobre o que é a realidade, estaremos no conjunto dos considerados mentalmente sãos.
Será que, como dizem alguns “bruxos”, poderíamos alterar a realidade com nossas mentes, será que a dita realidade é apenas o cruzamento das imaginações de um grupo. Tudo isso pode ser misticismo, ficção pura e simples ou pode ser proto-ciência, ou seja, sofismas que emergirão no futuro como conhecimento, talvez como novas leis científicas.
O que eu quero dizer é que aquilo que consideramos realidade é algo altamente subjetivo e só se torna concordância para a maioria em função do dogma vigente. A mesma coisa ou fenômeno observados em épocas diferentes resultam em significados diferentes e não acho provável que os significados que consideramos razoáveis hoje serão assim no futuro, basta o pensamento dominante mudar radicalmente, o que é perfeitamente possível, uma vez que não é fruto da racionalidade e sim da complexidade humana.
Na verdade não acredito que exista uma racionalidade absoluta, já que a cada época ela se apresenta de uma forma, o que existe é um conjunto de fatores lógicos e psicológicos que, em resposta aos desafios de cada momento da humanidade, apresenta uma racionalidade possível.
Portanto, não considero que a ciência seja a fronteira final, até porque não acredito que exista uma fronteira final, acho que temos que admitir a possibilidade de outras formas de pensar, outras atitudes perante a vida, outras interpretações. Deixar a mente aberta para todas as possibilidades não é um risco, ao contrário, risco é não encarar a possibilidade de estarmos errados.
Na verdade é o medo de enfrentar o desconhecido que nos empurra para os dogmas, as crenças, inclusive a científica. Eles representam um solo firme, a gravidade. Prefiro a minha liberdade, ainda que eu tenha que respirar de vez em quando (ouça o Arnaldo Antunes - debaixo d'água (clique).
Acreditar mais na intuição, não nos impulsos, assumir certos riscos, experimentar coisas diferentes é parte da nossa responsabilidade como viventes, assim como criticar as “verdades prèt-a-porter” que nos apresentam, propor novos sofismas, buscar mais liberdade.
O grande desafio do 3º milênio - além do eterno embate entre segurança e liberdade - é este: como manter a capacidade de sonhar, de dar asas à imaginação, de ter a coragem de criar novas realidades, sem abandonar a utilidade da ciência e da tecnologia. Na verdade, subordinando estas às primeiras, como o índio que não toma nenhuma decisão importante sem antes sonhar uma noite compartilhada com os parceiros de empreitada.
E a tarefa é mais difícil do que parece, considerando a força do dogma científico que exige um ceticismo absoluto.
Tende-se a achar que acreditar em utopias como a sociedade perfeita, a resposta final sobre o funcionamento do universo, o sistema político ideal, as tecnologias que nos levarão à liberdade do trabalho, das doenças e da velhice, seriam a liberdade de sonhar, entretanto isso nada mais é do que uma forma de cientificismo aplicado aos nossos desejos.
O desafio é conseguirmos admitir que do mistério, do não compreendido, podem resultar ideias e intuições tão ou mais importantes do que aquelas originadas do raciocínio.
É preciso um otimismo que só se obtém da Fé, aí podemos começar a agir dando as chances certas ao erro!

PERSEJA

Perceba&Seja

Outro dia, quando estive em Peruíbe, encontrei o Lincoln que estava intrigado com a reportagem sobre os 100 anos da teoria de relatividade que saiu na Veja: "Os 100 anos de uma ideia que mudou o mundo" (clique para seguir o link).
Sabe-se lá por qual razão ele achou que eu poderia jogar alguma luz sobre o que achava ininteligível. Ledo engano!
Disse a ele que, como a maioria dos mortais, eu também achava tudo aquilo confuso ao extremo e quase impossível de compreender, mas ele não se fez de rogado, insistiu que eu lesse a matéria e explicasse o que pudesse. Pois muito bem, aí vai o resumo da ópera:

Gedankenexperiment I m a g i n a ç ã o     p u r a

Uma das experiências mentais (Gedankenexperiment) que os físicos propõem para imaginarmos como a gravidade afeta o universo é a da cama elástica Clique para ver o resumo do pensamento de Einstein.
É interessante que essa experiência só é possível por causa da própria gravidade, ou seja, para explicar a gravidade nos valemos da… gravidade! É como explicar a energia elétrica acendendo uma lâmpada elétrica. Sem dúvida isso mostrará o efeito, mas não explica o que é a eletricidade.
O fato é que essa metáfora não explica nada, na verdade ninguém tem um modelo mental adequado para imaginar a gravidade.
Essa curvatura do espaço ocorreria, na verdade, em uma 4ª dimensão e poderia ser imaginada a partir de semelhança, partindo de um modelo bidimensional:

  • Se imaginarmos um modelo bidimensional em que exista um círculo, qualquer objeto fora desse círculo não consegue atingir o centro do mesmo sem cruzar a linha desse círculo;


  • Para isso é necessário saltar acima das duas dimensões, pela 3ª dimensão, para ultrapassar o círculo e atingir o seu centro.
  • Podemos imaginar um modelo tridimensional (como o que vivemos) e uma esfera, nesse caso um objeto exterior à esfera não conseguirá atingir o seu centro sem cruzar a superfície da mesma;
  • Seria necessário um salto pela 4ª dimensão para fazer isso, entretanto é impossível conceber pela imaginação esse tipo de modelo.

São conceitos que só podem ser modelados pela matemática e impossíveis de reconstruir mentalmente, daí o caráter quase místico dessas teorias.
A gravidade de cada corpo está presente em todo o universo. Quando experimentamos a sensação de falta de peso ou vemos uma cena de astronautas em órbita da terra, o que está ocorrendo é apenas uma ilusão de ausência de gravidade, como no exemplo do elevador caindo em que, como resultado da lei da queda dos corpos proposta por Galileu Galilei, todos os corpos caem com a mesma aceleração, daí a sensação de se estar flutuando dentro do elevador. No caso de um corpo em órbita há um equilíbrio entre a força gravitacional puxando para o centro da Terra e a força centrípeta que ocorre, por exemplo, quando o lançador de martelo gira o seu instrumento para arremessá-lo. Em qualquer desses casos a gravidade não deixou de atuar, apenas foi camuflada pela circunstância ou equilibrada por outra força .
Estou tendo uma crise de Gedankenexperiment:
Outra forma de pensar a gravidade seria como se cada corpo possuidor de massa tivesse um volume infinito em torno de si mesmo e, obviamente, por ser infinito, entrelaçado com todos os outros corpos do universo.
Nesse volume se produziria o efeito gravitacional, mais forte junto ao corpo e enfraquecendo em função do quadrado da distância até o centro do corpo.
A metáfora da camada infinita é necessária porque não é possível pensar em algum tipo de irradiação a partir de cada corpo pois, nesse caso, essa irradiação estaria limitada, conforme a teoria da relatividade, à velocidade da luz e a gravidade atua instantaneamente em todos os pontos do universo e a partir de todos os corpos existentes.
Lembrando que massa é a medida de quanto um corpo é afetado pela gravidade e, por sua vez, a massa desse corpo é o que exerce gravidade em todos os outros.
Cada corpo possuidor de massa seria um corpo infinito como um núcleo material finito e uma camada gravitacional infinita. Dessa forma apenas os núcleos materiais não poderiam ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, pois as camadas gravitacionais, sendo infinitas, estariam entrelaçadas umas nas outras.

Essa camada gravitacional pode ser imaginada como um piche espesso que imporia uma resistência ao movimento dos núcleos materiais, exatamente pelo entrelaçamento de todos eles. Em outras palavras: o que chamamos de espaço seria na verdade as várias camadas gravitacionais entrelaçadas.

ESPAÇO É A OUTRA FACE DO TEMPO

A m b o s    f i l h o t e s    d a   G R A V I D A D E

Um dos gedankenexperiment (gedanken porque não podem ser realizados) mais intrigantes é aquele em que um observador se move em trajetória retilínea e uniforme enquanto dois feixes de luz são dirigidos para ele, a partir de pontos fixos, um a partir da frente e outro de trás.
Conforme a teoria de Einstein, se esse observador medisse a velocidade desses fótons, verificaria, ainda que o seu referencial esteja em movimento, velocidades iguais a 300.000 km/s em ambos os feixes, não havendo, como no caso de um corpo físico (obrigatoriamente a velocidades inferiores à da luz) em que a velocidade medida pelo observador em movimento seria a velocidade do corpo menos a velocidade do observador para o feixe da frente e mais a velocidade do observador para o feixe de trás. O mais estranho é que, ainda considerando a experiência mental, os físicos admitem que esse observador receberia o feixe da frente antes do feixe de trás.
Considerando a nossa experiência mental dos corpos infinitos feitos de uma camada viscosa, podemos imaginar que um corpo ao se deslocar comprimiria esse espaço gravitacional à sua frente e esticaria o espaço atrás dele, fazendo com que a velocidade medida fosse diferente para um observador parado e outro em movimento.
Como a velocidade é a relação direta entre espaço e tempo, podemos dizer que o tempo também seria afetado pelo movimento, passando de forma mais lenta para o corpo em movimento e mais rápida para o corpo parado.
Se uma pessoa se deslocar a uma velocidade suficientemente alta (ainda que menor que a da luz) em um percurso de ida e volta até a origem e seu irmão gêmeo permanecer parado nesse mesmo ponto, o viajante voltará mais novo do que seu irmão, pois o tempo passaria mais lentamente para ele do que para o que ficou imóvel. Essa proposição foi de fato demonstrada por experiências em veículos espaciais dotados de relógios altamente precisos, confirmando a teoria.
Como não podia deixar de ser, eu, que não acredito em coincidências, vejo uma correlação como o comportamento humano.
Quando a Energia expande e o Espaço encolhe, a Gravidade, portanto o Espaço e o Tempo somem, é o mundo da Percepção pura. Essa é a única forma real de Liberdade, mas traz com ela o caos, a incerteza, o mistério.
Entretanto, como não suportamos essa falta de controle, desejamos desesperados a Segurança de um solo firme, onde sentimos o peso e a demora de Ser, mas precisamos desses saltos rumo à uma liberdade que, ainda que impossível, constrói a realidade em que vivemos, para isso temos que vencer o medo.
Mantendo-me fiel ao meu dogma: aprender é o nosso único objetivo, acho que toda percepção, essas coisas que entram sem pedir licença, são portas para a liberdade, mas como dão miedo!
Muitas vezes desprezamos esses sentimentos por não entendê-los e empobrecemos.
Aí cabe essa nova palavra: PERSEJA! - Perceba & Seja.
Toda percepção como porta para a liberdade deve ser incorporada à nossa bagagem de conhecimento, em última análise quem somos, nosso Ser, através do método G=L*P2.

Apêndice
Meu mais novo sofisma!

Vou falar da percepção Brasil, essa sensação de que não temos nenhuma chance, que nossa cultura é deletéria de origem, que a corrupção é endêmica, que a concentração de poder nas mãos dos bandidos é irreversível e por aí afora.
Não tenho como discordar da maioria dessas percepções, as tenho da mesmíssima forma, mas vale a pena pensar um pouco sobre elas.
Primeiro nossa cultura, significa dizer a indolência, a desconfiança generalizada, a incapacidade de pensar na coletividade etc. e em segundo lugar a corrupção.
Esta última é endêmica não no Brasil, mas no capitalismo, não existe capitalismo sem corrupção, equivale dizer não existe ética de compartilhamento na competição, é da natureza do sistema.
Alguns poderão dizer que já existem algumas iniciativas de compartilhamento no capitalismo, ao que eu retruco: se essas iniciativas, como já disse antes, frutificarem de fato, será para começar um processo de demolição do castelo capitalista e substituição por outra forma de relacionamento, não para reforçá-lo.
Outros poderão afirmar ainda que, em países com melhor condição que o nosso, a corrupção é menos perceptível, ao que retruco eu: não porque não haja, apenas porque, em função de uma educação geral mais adequada, ela é menos frequente, ou, dizendo de outra forma, em países como o nosso, com um nível de educação muito baixo, é que ela é desenfreada.
Mas quero me focar na questão cultural, essa sim uma grande diferença, pelo menos em termos da percepção que temos, em relação aos países em que as sociedades são mais harmônicas.
Já não quero falar das causas, mas das possibilidades de superar esse estado de coisas.
A percepção de que o nosso povo tem uma cultura incapaz de estabelecer uma sociedade harmônica e desenvolvida, apesar de verdadeira num dado momento e num dado lugar, não é tão verdadeira quando estendemos a observação no tempo e no espaço.
Desde a abertura dos portos, decretada por D. João em 1808*, o Brasil vem passando por vários ciclos de desenvolvimento, cada um com a sua peculiaridade. Nos primeiros anos o sucesso no estabelecimento de uma economia moderna foi muito bom, levando o Brasil a uma posição de liderança, inclusive industrial.
"O Império, sob o ponto de vista do progresso e do desenvolvimento material do país, não foi o atraso e a estagnação, de que ainda hoje é acusado por quantos não se querem dar ao trabalho de estudar e conhecer melhor esse período da nossa História. E a verdade é o que o Brasil era, de fato, e de direito, sob este e outros aspectos, a primeira Nação da América Latina. Essa hegemonia ela iria conservar até o último dia da Monarquia"
Heitor Lyra - historiador
No século passado vivemos ciclos de expansão como o do café e crises devastadoras, como a de 1920, cuja origem foi o crash da economia nos Estados Unidos.
Uma deficiência clara foi, desde os primeiros governos do país, a concentração do desenvolvimento nas regiões mais ao sul, relegando o norte, o nordeste e o centro-oeste ao deus dará. Isso se deveu à grande diferença de potencial produtivo das regiões: apenas o sul-sudeste reunia condições de clima e geografia semelhantes aos da Europa, de onde vieram os colonizadores.
As outras regiões ou eram tomadas pela selva tropical ou pela caatinga. As distâncias continentais também eram um desafio que desestimulava incursões por essas terras.
Tivemos uma ditadura seguida de um mandato legítimo de Getúlio Vargas, em que foram estabelecidas as bases da industrialização, nas áreas da siderurgia com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), mineração com a Companhia Vale do Rio Doce, geração de energia com a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco e depois de muita polêmica, em 1953, a lei que criou a Petrobras e representou a independência econômica do país.
Além disso Getúlio foi responsável pela criação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), criado em 1938, que beneficiou indústria, comércio e poder público e pela implantação de leis trabalhistas e eleitorais. Seu governo também instituiu a educação pública.
É a essa época que devemos (os decanos da família) nossa formação, toda feita em escolas públicas de qualidade muito boa e nossa educação, em um ambiente que considerávamos saudável, tanto sob o ponto de vista social como ambiental.

(*) Antes disso, conforme os historiadores, o Brasil não se configurava como uma nação, ao contrário dos Estados Unidos cujos colonizadores, movidos pelo sonho de uma nova pátria, construíram um tecido social muito mais forte, mesmo antes da independência. No nosso caso, o território era apenas um campo de exploração, não de estabelecimento.



A partir daí, esse impulso de progresso concentrado nas regiões sul e sudeste do país, atraiu os migrantes das demais regiões menos favorecidas, criando uma legião de pessoas com nível de educação precaríssimo, convivendo com um povo que iniciava sua organização como sociedade desenvolvida. Daí as favelas*, bolsões de pobreza e todas as consequências desse tipo de convivência.
Entre 60 e 80 tivemos a famigerada ditadura militar, mas é inegável que a infra-estrutura que temos hoje, boa parte já desmantelada pelo período que se sucedeu, foi implementada com grande eficácia (embora não se possa dizer com eficiência) nesse período, quase em continuidade ao que Getúlio havia começado.
Tivemos um desenvolvimento agrário, industrial e em infraestrutura espetacular, a ponto de se falar em milagre brasileiro. São frutos dessa fase as criações da Cesp, da Embraer, da Embrapa e muito valorizadas as já estabelecidas CSN, Petrobrás e Vale do Rio Doce. Nesse período houve uma aceleração da migração em paralelo com a concentração urbana, acentuando ainda mais os problemas sociais nas grandes cidades.

(*) A origem do termo favela surge no episódio histórico conhecido por Guerra de Canudos. A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da planta chamada de favela, por produzir um semente leguminosa em forma de favo, que encobria a região. Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em 1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construções provisórias erigidas sobre o Morro da Providência. O local passou então a ser designado popularmente Morro da Favela, em referência à "favela" original. O nome favela ficou conhecido e na década de 1920, as habitações improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favelas.



No governo Lula vivemos mais um momento de otimismo, com  projetos de erradicação da fome e de distribuição de renda elogiados mundo afora e com grandes resultados, resgatando milhões de brasileiros que estavam completamente alijados do desenvolvimento do país.
Se verificarmos as várias regiões do país vamos constatar também, como no caso de Santa Catarina, bolsões de desenvolvimento muito interessantes. Esse estado, por exemplo, não tem latifúndios e boa parte de sua indústria é modelada como cooperativas, com resultados muito bons, economicamente falando, e excelentes no que diz respeito às características da sociedade, educação, distribuição de renda etc.
O que pretendo demonstrar é que, conforme a liderança o povo assume uma personalidade. Se considerarmos o desenvolvimento no século XIX poderíamos nos considerar melhores que os Estados Unidos e de fato éramos.
O fato, para mim cada vez mais claro, é que a imensa maioria segue uma liderança forte - não digo feliz nem infelizmente porque acho isso um fato da vida.
Qualquer um que exerceu liderança real em um grupo tem clareza de sua influência no comportamento do grupo e de que esse comportamento só se perpetuará se houver um sucessor, ou seja, o grupo não se sustenta sem um líder e se o líder for mais fraco ou adotar uma direção diferente, o grupo pode mudar de comportamento ou até se desagregar.
Ao observar o comportamento de um povo temos a falsa percepção de que estamos observando algo muito estável, baseado em uma cultura estabelecida. Como ficou provado na Alemanha, antes, durante e depois de Hitler, percebemos como isso é equivocado.
Exemplos que considero emblemáticos são alguns dos presidentes americanos, como Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt, Franklin Roosevelt, Kennedy. Depois deles não apareceu mais ninguém, mas aí já havia uma massa crítica para manter o tônus da nação, pelo menos por algum tempo, enquanto a China não chegar ou o FED não derreter*.
Uma empresa em especial sempre me impressionou: a Disney. Mesmo depois de décadas da morte do seu fundador continua com o mesmo padrão de qualidade que passou a ser referência na sua área.
Da mesma forma verificamos comportamentos diferentes das mesmas pessoas em ambientes diferentes. Um exemplo marcante foram as estações do metrô, em que uma política de higiene constante induziu na mesma população que continua sujando as calçadas um comportamento muito mais civilizado quando nesses ambientes sempre limpos.


(*) Atualmente, o débito do FED já está em US$4,5 bilhões e irá mais acima com o recente aumento da taxa de juros em dezembro último!
As perdas potenciais não têm precedentes nos 100 anos de história do FED.
Nossa crise é, única e tão somente, de liderança. O acidente chamado Dilma acabou por revelar a incompetência e debilidade dessa liderança chamada PT, da covardia dessa oposição chamada PSDB e confirmou o que já sabíamos sobre PMDB, DEM etc.
Ah! Dirão alguns, então é simples: temos que esperar a vinda do Messias! Claro que não é por aí, o buraco é muito mais embaixo.
Não se trata de esperar o Messias, mas de construí-lo.
Como vimos na história recente do Brasil e na história do mundo, a velocidade com que uma liderança inspirada e efetiva pode promover uma mudança é muito grande. Em poucos anos o que parecia o fundo do poço passa a ser o despertar do gigante.
Será que nossa meta é um mundo melhor, uma sociedade melhor? Acho que essa é a questão! O desejo de ser Deus foi condicionado pela vaidade, queremos modelar o mundo à nossa imagem.
...
Entretanto, esse mesmo desejo quando voltado para nós mesmos se traduz em duas palavras: Fé e Entusiasmo! Assim de forma intransitiva, sem necessidade de complemento.
Qualquer que seja a mudança tem que começar em cada um de nós. Tendo esses dois atributos como bússola, sempre saberemos o que fazer e quando. São atributos que se reforçam e alimentam mutuamente resultando na coragem necessária para ir em frente alimentando a confiança de que existem outros no mesmo caminho, daí nasce a confiança, base de qualquer sociedade desenvolvida. E a única meta é a liberdade, liberdade dada pelo conhecimento.
O único inimigo que temos que encarar é o nosso próprio medo, não o sistema, o governo, o crime organizado ou não, o mal, o demo ou seja lá o que for, apenas e tão somente o medo, pelo simples fato que ele é o primeiro inimigo a vencer.
Em países mais desenvolvidos, onde essa atitude foi aumentando a confiança e reduzindo os medos, a frequência de surgimento dessas lideranças se tornou suficiente para manter um status quo aceitável, é isso que irá ocorrer aqui e quer desafio mais instigante do que lutar pelo surgimento de uma nação.


Apenas para contextualizar a crise
D o   q u e   e s t a m o s   f a l a n d o   a f i n a l ?
Nem há por que nos esquivar de encarar honestamente as  condições atuais de nosso país. Esta grande nação irá perdurar como tem perdurado, irá reviver e prosperar. Então, em primeiro lugar, deixem-me afirmar minha forte convicção de que a única coisa que temos a temer é o próprio medo -- o inominável, irracional, injustificado terror que paralisa os esforços necessários para converter retrocesso em avanço.
...
No entanto, nosso sofrimento não vem de nenhuma falha substancial. Não fomos atingidos por nenhuma praga de gafanhotos. Em comparação com os perigos que nossos antepassados ​​venceram porque acreditavam e não tinham medo, temos ainda muito a agradecer. A natureza ainda oferece sua riqueza e os esforços humanos a multiplicam. A abundância está à nossa porta, mas seu aproveitamento definha à beira da fonte.
Franklin D. Roosevelt
Sábado, 4 de março de 1933



     

Claro que temos o sistema financeiro internacional para nos preocupar, afinal de bolha em bolha eles podem nos levar à catástrofe final. A maior bolha, a do FED (Federal Reserve), é tão potencialmente catastrófica quanto a hecatombe nuclear ou o choque de um meteoro devastador, mas, como sempre digo, esses não são os problemas que me afligem, prefiro me ocupar daquilo sobre o que tenho alguma possibilidade de reação.


A cenoura metafísica do demar
Uma das frases mais emblemáticas do demar era a seguinte:
  • Você deve fazer as coisas o melhor que puder, não por causa da opinião dos outros, mas porque é você que está fazendo!
Essa frase revela exatamente minha concepção de Fé, aquela intransitiva, que não quer dizer crença a não ser em si mesmo, acreditar que, se estou aqui é, primeiro porque eu quis assim, segundo que eu faço diferença, já que eu fui aceito e, terceiro mas não menos importante, o que quer que eu faça vai refletir em tudo e por toda a eternidade.

Agora pesquisadores do MIT resolveram elaborar uma pesquisa baseada nesse sofisma (aliás o
demar era um grande sofismador) e concluíram a mesma coisa. Veja a reportagem neste link.





Ah! Se restou alguma dúvida sobre a relatividade de tempo e espaço, Calvin explica: