Uma era que nunca foi porque já era!

20/12/2023

No momento em que vemos o artificial pedindo passagem, percebo o fim de uma era, um tempo em que tivemos a ilusão de estarmos no comando do mundo.

Os novos tempos são impossíveis de prever, mas nada nos impedirá de experimentar, afinal temos a curiosidade em nossos genes.

Para a mensagem de fim de ano pensei em usar a IA, daí pensei em alguns tópicos:
  • Alegria
  • Reflexão
  • Contemplação
  • Filosofia
  • Política
  • Festas
  • Música
  • Arte
  • Descobertas
  • Memórias
Daí pedi ao ChatGPT que fizesse uma poesia, no estilo de Guimarães Rosa, com base na ideia a seguir:
Que a Alegria Reflita a Beleza que Contemplamos
Em nossos Pensamentos
Em nossos Sonhos
Em nossas Relações
Nos Sons e Imagens que nos inspiram
Promovendo as Descobertas que
Formam nossas Memórias!
Este foi o resultado:
Boas Festas a todos!


Para os jovens adultos

15/11/2023

Está chegando a vida adulta, aproveite a liberdade que você vai conquistar daqui pra frente, garanto que vai ser maravilhoso e emocionante!

Com a liberdade vem a responsabilidade, você é que vai tomar as decisões, decisões que vão afetar a sua vida, a de quem você ama e até de quem você não conhece. Isso é política, não apenas votar, coisa que daqui um ano vocês vão poder fazer, mas tudo que envolve a vida em sociedade.



Esse livro traz uma visão de como a política pode afetar nossas vidas e porque é tão importante entendê-la.
Ao ler, você talvez não conheça muitas referências citadas, minha sugestão é, não tenha pressa, vá com calma, pesquise as referências que não conhecer.

Na verdade você poderia, se quiser, mantê-lo como seu livro de cabeceira e ir, aos poucos, se inteirando de cada passagem, até mesmo buscando ler as obras citadas.

No final, não deixe de ler o posfácio, ele é muito importante.


E lembre-se sempre, se - como defende essa filósofa judia que não queria ser confundida com os filósofos e não tinha religião - o mais importante é a liberdade, não se prenda aos conceitos apresentados, critique, duvide, faça suas próprias pesquisas, construa suas próprias verdades, seja um ser político bem informado.

 O que nunca se deve tentar!

24/10/2023

Tenho dito com muita frequência que duas coisas são impossíveis de se fazer, sendo assim é perda de tempo e energia tentar:

Defender o indefensável e Destruir o indestrutível

Há muita similaridade entre a situação atual em várias cidades brasileiras, pra não dizer no país inteiro e os conflitos que estão ocorrendo no mundo, como os ataques do Hamas a Israel.

Em muitos desses conflitos, com origens e motivações diversas, há um fator em comum, a ideia de que com muito poder podemos eliminar certos “males” da humanidade.

Vejamos o caso de Israel:

A maior cagada feita pelo mundo foi a criação do estado de Israel!

Em 69, com 17 anos, eu dizia pra um amigo judeu, que acabou se tornando meu camarada na república: não sou antissemita, mas completamente antissionista!

Ora, por que eles tem direito a um estado próprio e os palestinos, povo “originário”, como se diz hoje, não tem o mesmo direito?

Entretanto, não posso defender a atitude indefensável do Hamas, porém não há como Israel destruir uma ideia, um movimento popular, por natureza indestrutível.

Não tem saída não! Independentemente de quem começou a “rinha”, o fato é que ambos os lados estão solidamente estabelecidos na cultura de seus “combatentes” e tornaram-se, ambos, poderes reais. Só o reconhecimento desse fato pode encaminhar alguma possibilidade de administração do conflito, já que este já se consolidou!

No artigo Confrangimento, do DeMimPro6, eu já apresentei minha visão sobre a natureza da sociedade humana, sua visão hipócrita-idealista de relações baseadas fundamentalmente no “quem pode mais chora menos”!

Quando observamos a questão do crime organizado, sejam traficantes ou milicianos, seja em nossa bela nação macunaímica, seja em qualquer lugar do mundo, podemos perceber o mesmo fenômeno de visão distorcida, com o "estado oficial” prometendo acabar com o “estado paralelo”.

É evidente que não posso defender a atitude indefensável de criminosos, entretanto não há como o estado destruir uma força, uma estrutura capilarizada na sociedade, inclusive no próprio "estado oficial": polícias, justiça, executivo e legislativo, ou seja, já é um poder indestrutível.

O PSDB fez um grande acordo com o PCC em 2006, sem o qual não haveria paz em São Paulo, na época muitos boatos ocorreram e nós, os hipócrita-idealistas (sim, admito que fui um deles), ficamos horrorizados.

Ocorre que foi a coisa mais sensata e, principalmente a única possível, a se fazer.

Em tempos da suprema hipocrisia do “politicamente correto” a mentira é a única alternativa que resta aos representantes de um estado de joelhos, como hoje está o estado de Israel.

A nós resta perceber o que está ocorrendo e agir no sentido de evitar a concentração de poder em um lado só!

Comentário:

Os judeus são a personificação do povo perseguido, com os primeiros eventos registrados na própria história da formação desse “povo”.

Ao mesmo tempo se consideram o “povo escolhido por deus”.

A pergunta que eu sempre fiz ao meu amigo judeu era: afinal quem são os sectários?

A mesma pergunta que fiz ao meu amigo "opus dei" e que hoje faço aos politicamente "corretos"!

Agora, não se engane, esse não será o motivo da próxima guerra mundial, o Iraque, o Afeganistão, Taiwan, Ucrânia, Trump, Bolsonaro, Milei etc. etc., demonstram muito claramente minha tese de sempre: o mundo não resiste a muitas décadas sem uma grande guerra!

 Negacionismo: As origens

19/06/2023

Eu me interesso sobretudo pelo repensar que os avanços das ciências físicas e biológicas exigem! ... 
Há infelizmente, no universo dos cientistas, um conformismo, uma satisfação tanto maior porque ela lhes mascara a questão cada vez mais terrível: para onde vai a ciência? 

Introdução ao pensamento complexo 
Edgar Morin
Não é de hoje que tenho falado sobre a crise ideológica pela qual o mundo vem passando, afinal é mais do que inesperada, para muitos de nós é inconcebível, inexplicável o que vem acontecendo, a ameaça cada vez mais forte de um retrocesso montruoso na compreensão da realidade.

Este artigo, inspirado por Edgar Morin, é uma continuação de outro: https://demimpro6.blogspot.com/2023/01/gramsci-e-o-negacionismo-05012023.html, de 01/2023.

Desde o policiamento ideológico, passando pelo politicamente correto e chegando ao negacionismo, vivemos uma verdadeira convulsão social.

No livro "A Meta" de Eliyahu M. Goldratt, há um escoteiro, Herbie que, sendo o mais lento da tropa, está sempre atrasando a marcha, a solução foi colocá-lo na primeira posição da fila, dessa forma  o grupo se manteve unido. Essa é uma boa metáfora para a lógica da marcha de uma sociedade e mesmo dos nossos grupos de convivência.

O avanço da ciência, aliás como toda acumulação de capital (conhecimento é um capital), tem sido promovido de forma extremamente concentrada  - e não se trata de um fenômeno localizado, ocorre em toda a sociedade humana. Mais, como no caso dos capitais financeiros ou políticos, esse capital é protegido por todo tipo de barreira à sua disseminação.

Quando menciono barreiras não me refiro apenas às institucionais, como propriedade intelectual, patentes etc., mas principalmente as comportamentais, como a arrogância comum a muitos dos que detém algum conhecimento.

Apenas como exercício de raciocínio, é possível imaginar que uma sociedade que promova um melhor compartilhamento do conhecimento, ainda que isso resulte em menor avanço científico, seria mais desenvolvida sociologicamente do que a nossa. Claro que não se trata de nenhum tipo de exortação, pra mim está claro que a natureza da vida - somos seres vivos - é a competição e a acumulação. Só digo essas coisas talvez na esperança que o avanço da consciência permita o surgimento de sociedades mais harmoniosas, uma semente de conceito para o futuro.

Como em 1789 estamos vivendo a revolução dos desprezados, só que o motivo agora não é a fome, mas a contestação do tipo de alimento em discussão.

A ciência passou a ser o grande inimigo a ser combatido!

Afinal como aceitar que todas as crenças, principalmente as religiosas, fundamentadas no medo, que embasaram toda a construção social que deu sustentação à vida dos crentes, tinha sido um erro?

Seria aceitar, não só o erro em si, mas o fato de ter caído num verdadeiro "conto do vigário" - sem trocadilho! Aceitar que, apesar de toda a convicção de suas liberdades, de sua independência, de seu poder, tinha, na verdade, sucumbido ao medo? Nunca!

O medo é e sempre será o primeiro e o principal inimigo a enfrentar!

O fato é que o negacionismo é uma manifestação revoltada dos ignorantes que, de forma ostensiva, tem sido desprezados como seres inferiores.

Dois exemplos na minha vida:

- Nos anos 80 do século passado eu vivia uma busca pelas minhas crenças e passei por uma fase de pesquisa do espiritismo. Cheguei a frequentar um centro espírita algumas vezes, mas ao me deparar com a resistência da minha companheira, acabei abandonando a ideia.

Não via como, um eventual benefício ou mesmo evolução que eu pudesse experimentar nessas práticas, poderia ser bom, se não compartilhado com ela. Seria, ao contrário, fator de desagregação e desarmonia.

- Na mesma época vivíamos, no ambiente profissional, o contraste entre os poucos,  como eu, que haviam mergulhado no aprendizado da informática e a maioria que via esse assunto como impenetrável.

Claro que eram profissionais com muita experiência em suas áreas, muitos bem mais velhos que eu, mas que começavam a ser menosprezados por suas dificuldades com a nova tecnologia, que começava a dominar os ambientes de trabalho.

Percebendo essa realidade, montei um curso de tecnologia da informação dentro da empresa em que trabalhava, como uma atividade paralela às minhas funções habituais, para todos os colegas do departamento.

Em seis meses treinamos, eu e um colega que se juntou na tarefa, mais de cem engenheiros e técnicos.

Pouco tempo depois, um dos participantes do curso, inicialmente dos mais resistentes, se tornou um especialista em DOS, o sistema operacional da Microsoft à época, passando a ser a fonte de consulta para todos nós.

Gosto de pensar que ao escalar o buraco da ignorância em que, aliás, sempre estaremos, temos que estender a mão aos que estão abaixo, eventualmente ele nos ultrapassará e estenderá a mão para nós!

Na minha opinião não pode haver evolução sem o compartilhamento do conhecimento - minha frase referência é "o conhecimento compartilhado é mais eficaz!"

 

Aqui! Ó!

Versão DemimPro6 de Hai-Kai

 

10/05/2023

R.I.P.

Um velório diverso

Momento que revela

No seu mais profético verso

Rita viva e cheia de graça

Fazendo um monte de gente feliz!

Rita In Paradise 



Tempos radicais

10/03/2023

Fala-se muito de aceitação, mas na verdade o que se tem praticado é a radicalização!

O "bendito" patrulhamento, que se julgava ser uma característica da esquerda radical, tornou-se uma praga, minando a confiança entre amigos, dentro de famílias, mostrando que é um desvio de conduta dos inseguros, por consequência radicais, cujas ideologias nada tem a ver com suas convicções, mas com a direção dada por algum guru que represente, para esses pobres diabos, o abrigo e a proteção de que tanto carecem.

Me surpreendeu como esse mal afeta tanta gente, como acaba com o equilíbrio e a racionalidade, além é claro do respeito e educação.

Tudo isso é muito exacerbado pela comunicação eletrônica, não só as chamadas mídias sociais, mas qualquer meio de comunicação instantânea em que se pode simular uma conversa, inclusive emails, comunicações que ocultam os interlocutores atrás de um "verdadeiro" avatar, como "fake" faces.

É essa característica da comunicação eletrônica instantânea que possibilitou a explosão do fenômeno das fake news, afinal, de uma hora para outra, parece que a humanidade se tornou mau-caráter, na verdade o que ocorreu é que revelou-se a face oculta de muitos que, não por convicção, mas por necessidade de aceitação, se comportavam ao vivo como pessoas decentes.

Ao acreditar que são paladinos do "justo" ou "certo", atacam violentamente aqueles que julgam, por critérios muito particulares, serem contra suas crenças.

E assim vamos caminhando para nos tornar todos cegos!

Cada dia fica mais fácil entender porque bolsonaristas e lulistas me contestam!

Alguns, ainda acredito que sejam minoria, mesmo que muito barulhenta, só entendem posicionamento político se baseado em verdades definitivas.

Claro que posturas radicais levam ao ódio, não há como ser radical e não odiar, daí se comportam como se tivessem nascido no oriente médio, sua motivação são as suas crenças, seu entusiasmo é o ódio ao contrário.

Voltando ao início, repito, isso vale para uns como para outros, não há diferença no radicalismo, por isso é tão difícil ser racional nesse ambiente, qualquer ideia não radical será interpretada como traição pelos dois lados e já estaremos sendo devidamente odiados.

Tenho que reconhecer que aos poucos venho mudando minha percepção sobre a humanidade, já não critico as pessoas que pensam e agem dessa forma, acho que, como abelhas, formigas ou cupins, alguns espécimes são mais suscetíveis a comandos instintivos do que racionais, sendo assim não têm domínio total de suas opiniões.

Infelizmente isso me leva a certa radicalização, a de acreditar cada vez mais que os ideais de uma sociedade que permita paz e harmonia, ainda que seja o desejo da maioria, nunca vai vencer os poucos beligerantes que dominam o mundo.



O paradoxo é que a felicidade nunca vai existir pra ninguém enquanto não existir para todos!

 Gramsci e o Negacionismo

05/01/2023

Teoria de Gramsci

Antonio Gramsci foi um intelectual e líder político italiano que viveu no início do século XX. Ele é conhecido por sua teoria da hegemonia cultural, que se baseia na ideia de que as elites políticas e culturais exercitam o poder e a influência sobre as massas não apenas por meio da coerção e da repressão, mas também por meio da persuasão e da ideologia.

Segundo Gramsci, as elites mantêm o poder através da construção de uma "consciência hegemônica", isto é, uma ideologia que é amplamente aceita e compartilhada pela sociedade como um todo. Esta ideologia é promovida através dos meios de comunicação, da educação e da cultura, e ajuda a justificar e legitimar o status quo.

Gramsci argumentou que as elites hegemônicas são capazes de manter o poder porque são capazes de persuadir as massas de que seus interesses estão alinhados com os interesses das elites. Quando as massas aceitam a ideologia hegemônica, elas são menos propensas a se rebelar e mais propensas a aceitar o status quo.

Gramsci também argumentou que os grupos subalternos, aqueles que são oprimidos ou excluídos pelas elites hegemônicas, podem resistir à opressão através da "guerra cultural", isto é, lutando para construir uma consciência alternativa que desafie a ideologia hegemônica e apoie a mudança social.

Definição de Negacionismo

Negacionismo é o ato ou a atitude de negar ou contestar alguma verdade histórica, científica ou outra forma de conhecimento estabelecido. Isso pode incluir a negação de eventos históricos, como a existência do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, ou a negação de fatos científicos estabelecidos, como a existência do aquecimento global causado pelo homem. O negacionismo é frequentemente motivado por interesses políticos, religiosos ou ideológicos e pode ser utilizado como uma tática para desacreditar ou deslegitimar as opiniões e ideias de outras pessoas.

Uma forma de identificar o negacionismo é comparar a afirmação em questão com o conhecimento estabelecido sobre o assunto. Se a afirmação contradiz de maneira significativa o que é considerado verdadeiro pelo consenso científico ou histórico, ela pode ser classificada como negacionismo. No entanto, é importante lembrar que a ciência e a história são campos em constante evolução e que novas descobertas podem levar a revisões de nossa compreensão do mundo. Portanto, é importante estar sempre aberto a novas informações e ser capaz de avaliar crítica e independentemente as afirmações que se encontram. Além disso, o negacionismo também pode ser identificado por sua tendência a rejeitar ou ignorar evidências em favor de uma narrativa pré-estabelecida ou de interesses pessoais.

Para aferir se uma afirmação é negacionismo, você pode seguir os seguintes passos:

Verifique se a afirmação está de acordo com o conhecimento estabelecido sobre o assunto. Isso pode incluir consultar fontes confiáveis, como artigos científicos revisados por pares ou fontes históricas de confiança. Em outras palavras, se a afirmação está de acordo com a "mainstream".

Considere o contexto em que a afirmação está sendo feita. O negacionismo geralmente é motivado por interesses políticos, religiosos ou ideológicos, então considerar o contexto pode ajudar a entender por que a afirmação está sendo feita.

Analise as evidências apresentadas para apoiar a afirmação. O negacionismo geralmente rejeita ou ignora evidências em favor de uma narrativa pré-estabelecida. Se as evidências apresentadas são fracas ou selecionadas de maneira tendenciosa, isso pode ser um sinal de negacionismo.

"Mainstream" é um termo usado para descrever aquilo que é amplamente aceito ou popular entre a maioria da população. Isso pode incluir ideias, crenças, práticas, produtos ou tendências que são amplamente aceitos ou adotados por uma sociedade. Algo que é considerado mainstream é geralmente amplamente difundido pelos meios de comunicação de massa e considerado como parte da "status quo" ou da norma cultural. Em contraste, aquilo que é considerado fora da mainstream é geralmente menos popular ou amplamente aceito e pode ser visto como alternativo ou subcultura.

Os textos acima foram obtidos a partir do chatGPT que é uma inteligência artificial da Openai, empresa do Elon Musk.

É interessante como ultimamente tem se falado muito em negacionismo, é um assunto praticamente novo, principalmente em função da disseminação muito grande de informações consideradas como tal - e eu digo consideradas justamente em função desses textos que eu acabei de colocar aí em cima.

O fato é que é muito difícil definir o que é negacionismo porque, na realidade, a ciência, como eu já disse várias vezes, é o templo da dúvida, o templo da especulação, o templo do questionamento, ou seja, a ciência, ao contrário do que pode parecer, se levantou contra as certezas que existiam, por exemplo, na Idade Média ou em momentos da história em que mitos foram considerados como fatos absolutamente indiscutíveis e que inclusive chegaram a ser protegidos pela lei, ou seja, era crime ir contra aquelas verdades fundamentais, haja vista o próprio Galileu que foi perseguido por defender ideias contrárias às da igreja.

Hoje estão até discutindo leis para punir ou para controlar a difusão de desinformação, como agora tem sido chamado o negacionismo, mas volto a dizer, a questão é como definir corretamente negacionismo, já que nós estamos falando apenas da "mainstream", ou seja, da corrente dominante de pensamento. A rigor, os fenômenos como o “politicamente correto” e o “policiamento cultural” que estamos vivendo, nada mais são do que a pressão da "mainstream" sobre toda a população. Ocorre que, conforme a própria definição de “mainstream”, ela acaba sendo o que é difundido pelos meios de comunicação em massa, o que, como já disse outras vezes, está longe de ser consenso para a maioria da população.

Apenas como exercício de raciocínio, ou como especulação,  vamos dizer que a revolução cultural que Gramsci propõe se concretize, por exemplo, se o socialismo, ou as ideias socialistas, ou o comunismo forem se imiscuindo na "mainstream" de tal forma que se transforme na própria "mainstream", na própria "corrente principal", significa que o mundo vai se tornar comunista. Ora, esse é o grande temor da parcela excluída da "mainstream", que, por sua vez é manobrada pelos reacionários, movidos por interesses nem sempre nobres.

Isso é que precisa ser percebido, e eu digo isso não por me incluir entre os reacionários, eu digo isso justamente porque, para você combater alguém, você precisa antes de tudo conhecer bem esse alguém, conhecer o que está por trás da mente desse alguém, o que é que está motivando esse alguém e eu hoje, seja porque fui doutrinado ou porque fui cooptado pela "mainstream", seja porque eu estou convencido de que essas são as ideias mais válidas (o que em essência dá no mesmo!), o fato é que hoje, eu gostaria realmente de combater o negacionismo.

É importante entender que, além da própria ciência dar o direito a todas as pessoas de contestar seja qual for a verdade que se estabeleceu no momento, além disso existe a dúvida razoável, ou seja, existem coisas - e é óbvio que não é o caso da terra ser plana, mas existem coisas, como principalmente conceitos morais, que podemos ter nossas convicções e elas podem estar de acordo com a "mainstream", mas podem estar erradas e a gente precisa ter essa abertura porque senão isso vai se acirrando cada vez mais.

No momento em que, a partir da convicção de que a terra não é plana, eu admitir que, por exemplo, que alguns conceitos morais ou religiosos também não seriam admissíveis - e isso independente do que eu acredito ou do que considero justo, eu estou falando isso de forma aberta - conceitos que esbarram com dogmas religiosos, isso pode ser visto como "intolerância" em relação a essas outras formas de pensar ou outras crenças.

Aqui vale lembrar o que eu já disse antes, que aceitar a ciência também é uma crença, ou seja, para a maioria das pessoas não há como avaliar se uma afirmação científica é verdadeira ou não, a pessoa apenas acredita que estando na "mainstream", é verdade, então não deixa de ser uma crença.

Ao fim e ao cabo, acompanhar a "mainstream", aceitar a "mainstream", não deixa de ser uma crença, então nós estamos falando basicamente da mesma coisa, a única questão é a quantidade de pessoas que acredita nisso e a quantidade que acredita naquilo, ou seja, se essa balança mudar de lado a gente pode de repente se ver fazendo parte de uma onda de negacionismo, afirmando que a Terra é esférica.

É claro que isso é bem pouco provável, mas do jeito que os reacionários estão cada vez mais inflados e excitados por se sentirem cada vez mais excluídos por esse policiamento  cultural absolutista, já que entende suas convicções como verdades definitivas e absolutas, pode ser que eles acabem se tornando maioria.

Claro que eu não estou falando dos criminosos, dos baderneiros, dos violentos, dos que contestam o sistema como um todo, principalmente de forma radical, mas estes não são a maioria dessa corrente, a maioria dessa corrente são pessoas que estão dispostas a fazer parte da sociedade, mas que não concordam com alguns dogmas que estão se tornando verdade absoluta e pra eles não é. Eles passam a ser massa de manobra para os radicais.

Esse é um ponto que eu acho que merece toda atenção.


 

Meu fado é de não entender quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.

                               Manoel de Barros

 

 Socialismo x Liberalismo

01/01/2023

Neste dia de transição democrática, resolvi, mais uma vez, registrar minhas ideias sobre esse fenômeno chamado política.

O socialismo é um sistema político e econômico no qual o governo controla a produção e a distribuição de bens e serviços. O objetivo é garantir que todos os membros da sociedade tenham acesso igualitário às necessidades básicas, como alimentação, abrigo, saúde e educação. Existem várias formas de socialismo, mas todas visam a diminuição das desigualdades sociais e econômicas e a promoção da justiça social. Alguns críticos do socialismo argumentam que ele limita a liberdade individual e a iniciativa privada, enquanto outros defendem que ele pode levar a um aumento da eficiência econômica e a um aumento do bem-estar geral da sociedade.

O liberalismo é uma ideologia política e econômica que defende a liberdade individual, a propriedade privada e o mercado livre. Os liberais acreditam que o governo deve ter um papel limitado na economia e na vida das pessoas, e que as pessoas devem ter a liberdade de fazer suas próprias escolhas e tomar suas próprias decisões. Eles defendem a redução dos impostos e a diminuição da regulamentação estatal, alegando que isso cria um ambiente mais propício para o crescimento econômico. Alguns críticos do liberalismo argumentam que ele privilegia os interesses de empresas e indivíduos ricos em detrimento do bem-estar geral da sociedade e da justiça social.

Como é óbvio, os dois extremos são ruins, o socialismo, ao limitar a liberdade individual e a iniciativa privada, eliminam o estímulo à geração de riqueza, à competitividade e ao progresso tecnológico, o liberalismo, ao privilegiar os interesses de empresas e indivíduos ricos, favorece a concentração de riqueza e, consequentemente, o aumento da pobreza de parcelas significativas da sociedade.

Imaginou-se que a alternância de poder poderia compensar as desvantagens de um ou de outro sistema, mas, exceto em países pequenos e com uma cultura bem desenvolvida, em que o nível de confiança entre os membros da sociedade é alto, na maioria das sociedades mais complexas só tem acirrado o radicalismo e, a cada alternância, o novo governo tenta desmontar todos os "avanços" que o anterior tenha realizado.

Resumindo, como também é óbvio, só o desenvolvimento da consciência, principalmente das parcelas mais ricas da sociedade, pode propiciar o equilíbrio necessário entre as políticas socialistas e as liberais.

Entretanto o socialismo sempre será pior do que o liberalismo, resultando sempre em mais pobreza e crises intermináveis.

E o motivo é muito simples, porque o socialismo tenta resolver os problemas da sociedade por imposição, obrigando os agentes econômicos a se submeter pela força aos planos do governo, provocando desestímulo e forte reação contra esse autoritarismo. Como efeito colateral dissemina a ideia de que os ricos e poderosos devem ser combatidos, minando ainda mais a confiança interna da sociedade.

Na minha opinião, em uma sociedade bem estruturada, o pobre vê o rico como exemplo, como a prova de que, com esforço e competência a evolução social é possível. Claro que para isso, é necessário que haja muito respeito, uma ética baseada na honestidade e práticas de competição justas, só assim a confiança, não a força,  poderá crescer e permitir um desenvolvimento com harmonia.

Ainda que o liberalismo seja incapaz de resolver o problema da justiça social, me parece um ponto de partida melhor para evolução da sociedade, uma vez que o ambiente de liberdade é mais propício para o desenvolvimento da consciência. A desigualdade social também é ruim para os negócios e os agentes econômicos tendem a buscar soluções para atenuar esse efeito deletério. Se isso realmente aconteceria no longo prazo, caso o liberalismo se sustentasse por esse período, é difícil dizer, entretanto, arrisco afirmar que pela força isso seria ainda mais improvável.

Uma ilusão frequente é a de que uma empresa estatal é um patrimônio do povo, um bem à disposição de um país. Nada mais falso, afinal, como alguém disse, ninguém sai pra jantar com o povo ou com um país, essas são apenas representações virtuais de ideias, não têm corpo, uma empresa estatal está sob o comando de alguém de carne, osso e ambições, que pode tomar decisões boas, mas também pode tomar decisões muito ruins. Infelizmente o mais provável é que sejam decisões ruins, pelo menos no longo prazo, porque serão decisões de uma só pessoa, ou de um pequeno grupo, normalmente ideológico.

Como não canso de falar, considero as convicções muito perigosas, mas, pro bem ou pro mal, não sou imune a elas, e uma das mais fortes é a de que devo combater sempre a concentração de poder, seja de que ideologia for, e nenhum sistema socialista prescinde dessa concentração, desse autoritarismo, pelo simples motivo de precisar impor pela força a divisão da riqueza.

O capitalismo liberal, as sociedades anônimas por ações, o livre mercado, são premissas para uma sociedade ter alguma chance de evoluir para um sistema como o que vemos em países socialmente desenvolvidos, embora eu reconheça que esse desenvolvimento é muito difícil em países complexos e imensos como o nosso.


O único caminho que vejo é combater qualquer concentração de poder, evitar o máximo possível o socialismo e apoiar todas as iniciativas que melhorem a educação do povo. Nesse processo, em função das circunstâncias, vou votando em representantes de várias tonalidades.