Análise SenSática
Gramática Profunda
20/11/2015




O medo, como primeiro e principal inimigo do conhecimento, é excelente para usarmos como base desta Análise SenSática:
A primeira coisa a ser considerada é que uma vida não analisada não merece ser vivida.
Isto posto podemos dizer que análise precisa de pensamento, ou seja, uma vida só percebida fica assim como a vida de uma ameba com órgãos sensoriais.
A causa que o SenSar sempre assumiu é a de mostrar que pensar “antes” é uma inversão terrível, é o que provoca tanta necessidade de terapias e outras drogas. O pensar vem depois pelo simples fato de que o perceber é imediato, é instantâneo e, ao tentar pensar antes, estamos apenas ignorando o sentir, tirando conclusões através do raciocínio não SenSado e nos tornando uns Invertidos (palavras do Lincoln).
Muito bem, então vamos lá, me valho de um fato recente que ocorreu com a Patrícia:
Ela me contou sobre o acidente que aconteceu semana passada, vindo de Campinas: o carro em que vinham rodou na pista e, por muito pouco, não acontecia uma tragédia.
Considerando que ela faz esse percurso mais de uma vez por semana, em esquema de transporte solidário, a preocupação (medo) se instalou. Por outro lado ela estava muito satisfeita com o esquema que eles montaram porque ela não precisava dirigir esses 100 km de ida mais 100 de volta, o que era muito cansativo, lembrando que Nilo (8 meses) e Olívia (7 anos) estão em casa e, como toda criança, exigem muita dedicação.
Quando eu disse a ela que isso era só um medo a mais, que ela não deveria mudar sua rotina por causa disso, ela respondeu com muita razão: - falar é fácil!
Aí é que entra nossa análise, vamos à Gramática Profunda:
. Sentir medo é inevitável, está na esfera do “perceber” e é muito bom reconhecê-lo e encará-lo;
. A única arma que temos contra o medo é a coragem, mas não a coragem irresponsável, a coragem calculada;
. Se deixarmos de fazer tudo que represente algum risco ou que já deu errado, acabaremos imobilizados, porque sempre haverá alguma coisa dando errado em nossas vidas;
. Viajar em uma estrada como a Bandeirantes, ainda que seja todo dia, é algo arriscado, mas perfeitamente dentro dos limites do razoável, afinal basta ver as estatísticas de acidentes, talvez seja mais perigoso andar a noite em Pinheiros do que ir até Campinas de carro;
. A partir daí podemos até usar a neurolinguística (ou outra coisa, afinal todos temos nossas estratégias para isso) para ajudar e propor alguma lógica (sofisma) que nosso medo entenda. Por exemplo:
- Sua cota de acidentes está esgotada e você se safou bem, então não precisa mais se preocupar! ou
- Esse acidente serviu de alerta, vamos ter mais cuidado! ou ainda
- Esse acidente foi para o deus dos acidentes, agora ele está satisfeito!
Esse último tópico me lembra algo que já contei pra vo6: nos anos 80, ainda com os filhos pequenos, passamos por fases muito difíceis, mercado de trabalho muito ruim, incertezas, medos etc. Me lembro que a estratégia que eu usava era pensar que, em caso de ficarmos sem recursos, poderíamos sempre ir para o meio da mata Atlântica (no Espírito Santo, por exemplo, que ainda tinha muita mata inexplorada), viver de peixes e fruta-pão, como coletores. Claro que meu lado racional não acreditava nisso, mas não era o meu cérebro que eu queria convencer, era o meu coração e, francamente? Eu acabava rindo e funcionava!
Assim podemos criar coragem e seguir em frente. Não é fácil mesmo, mas eu acho que sem algum sofrimento não conseguimos nada.
O sofrimento, o medo, a dor, fazem parte da vida e, por mais que sejamos fortes e corajosos não temos como evitá-los. Isso, por paradoxal que pareça, é o que faz a vida tão maravilhosa, sem isso a ausência de estímulo nos levaria à inanição e à morte.

Já ouvi falarem: - Não tenho medo da morte, mas do sofrimento!
Ora, então o que resta é morrer, porque viver sem sofrimento é imposível.