L i v r a i - n o s   d o   m a l
17/12/2014
Tenho uma tese! Grande novidade, dirão alguns.
Bem, de qualquer forma, como todas as teses partiu de uma ‘vontade primária’, aquilo que define como a gente vê o mundo, no que acreditamos, nossos valores etc. etc. Enfim, a ‘forma’ do recipiente no qual acrescentamos o que se aprende.
Essa tese foi tomando corpo a partir de leituras, trocas de ideias e, principalmente, da experiência de viver, de ter que lidar com a beleza e com a feiura do mundo, de ter que buscar por sustentação, cuidar do meu grupo, dos meus dependentes. Coisas que sempre entusiasmam muito, mas também exigem um bocado de determinação.
Vamos a ela:
Lembro-me de ter citado em algum lugar a ideia de que o ‘demônio’ é uma fera acorrentada, impossibilitada de nos alcançar, que apenas nós podemos nos colocar ao alcance dela, por nossa única e exclusiva vontade.
Muito bem. Essa ideia me induziu a tese, que, parodiando Rita Lee, ficaria assim:
“Feiura vem dos outros e vai embora,
Beleza vem de nós e demora!”
Conforme essa lógica, livrar-nos do mal depende só de nós.
Até aí não chega a ser nenhuma novidade, todos os ensinamentos esotéricos ou filosóficos e até psicológicos, indicam esse caminho.
Entretanto, acho que seria interessante ir um pouco mais além, ou mais pro fundo (profundo, hein?).
Para demonstrar minha tese vou buscar o tema inicial do DeMimPro6: os 6 tesouros, contribuição do já célebre Lincoln, que, como bom pescador de ideias, captou e redesenhou o que segue, com algumas contribuições minhas:

6 tesouros
A Conquista dos novos Tempos Modernos

"O tempo é muito lento para os que esperam.
muito rápido para os que têm medo,
muito longo para os que lamentam,
muito curto para os que festejam.
Mas, para os que amam, o tempo é eternidade.”
William Shakespeare

Contemplação da Beleza
Pedra de toque, instrumento a partir do qual se inicia a conquista

Vejo o mundo e o mundo me vê!
Mundo feio: sou pura maldade;
Faço o bem: a beleza vem!
Autonomia

1ª força a ser utilizada na conquista


Medo: paraliso.
Movo: encorajo.
Quero: vou em frente!

Espaço
1ª conquista, define as possibilidades

Vou: o universo conspira a meu favor!
Tempo

2ª conquista, permite exercer Au. no Es.


Eu: onde e quando quero!
Ambiente Saudável
3ª conquista, resultado das anteriores

Agora sou só Desejo e Vontade virando Saúde!
Tranqüilidade

Conquista final, só pode ser atingida a partir dos passos anteriores


Paz Ciência!
Navegar é preciso, mas
Eu Morro por uma vida boa!
Se Deus quiser que eu viva sem fazer nada, que eu faça por merecer!

“Das profundezas desse bosque,
Da essência das pedras parece sair –
O canto da cigarra.”
Haicai – Matsuo Bashô

Esses são os verdadeiros tesouros dos tempos modernos, tempos do gene atropelado.

As conquistas materiais não satisfazem, queremos mais.
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte
                      Comida
Titãs
De todos esses tesouros tenho a impressão que a Contemplação da beleza deve ser, se não o mais importante, a chave para todos os demais.
Ela é a capacidade de perceber a beleza que está nas coisas e pessoas, separando atos de intenções, ou, quem sabe, a beleza que está em nós mesmos. Aprender a confiar, porque é a confiança a única cola que mantém uma sociedade unida e evoluindo.
A feiura é óbvia, a beleza precisa de certa disposição para ser percebida. O problema é que ela está lá, independente de ser percebida, porém se não a vemos não temos como ter uma visão abrangente da realidade, ficamos limitados aos nossos medos e inseguranças.
Por que buscar a beleza, eventualmente oculta, nas coisas? Porque é libertador, a feiura é limitante.
Ao contemplar a beleza estamos sendo fiéis ao nosso maior anseio: a liberdade, ao ignorá-la estamos nos submetendo aos nossos medos e inseguranças.


A beleza é fiel?



A frase de pára-choque “Deus é fiel!”, lamentavelmente, está equivocada. Se o Deus citado é a personificação da beleza e do bem ele nunca será fiel a nada, simplesmente porque não precisa. Nós é que, através de nossa livre decisão, é que podemos escolher ser fiéis a Ele, ou a ela, a beleza, no nosso caso.
Quem é fiel é o demônio, este sim, caso caiamos em tentação ele não nos abandonará nunca, por toda a eternidade.
Trata-se, em última análise, de uma escolha simples: liberdade ou segurança.
Acreditar em teorias da conspiração enfraquece a confiança, duvidar de tudo e de todos: políticos, governo, imprensa, empresas, superiores, juízes de futebol, é a melhor forma de aprofundar medos e tornar o mundo muito feio.
É bom desconfiar
De ser desconfiado
Não vou desconfiar de você
Até que prove o contrário
                        É Bom Desconfiar
                   Titãs
Nesta altura todos estão pensando: mas, e se todos são safados mesmo, como acreditar? Simplesmente admitindo que nós também somos safados em alguma medida, isso muda tudo e nos transforma em críticos e não hipócritas.
É tudo uma questão de limites: na essência estamos todos sujeitos a incorrer em erro, a questão, e disso não tenho nenhuma dúvida, é que temos limites - os tais valores de que já falamos - que nos impedem de cometer erros muito grandes, entretanto, se não temos a humildade de admitir nossa falibilidade, cobramos do outro uma perfeição impossível de ser alcançada e passamos a ver a tal ‘safadeza’ em tudo e todos.
O fato é que uma parcela significativa dos ‘outros’, incluindo políticos, governantes, jornalistas, empresários, chefes e juízes de futebol, é como nós, apenas imperfeitos, embora alguns, também não tenho dúvida disso, exacerbem. O problema é que nunca, mas nunca mesmo, temos informação e discernimento suficientes para construir uma conclusão minimamente razoável sobre o ‘outro’. Em outras palavras, qualquer julgamento sempre será leviano.
Desde que me lembro, sempre disse que eu era como o mineiro: confio incondicionalmente até ser traído pela minha confiança, mas será só uma vez!
Continuo achando essa atitude a mais saudável para estabelecer uma sociedade consistente e perene, porque o arredio, o desconfiado de todos, aquele que se coloca todo o tempo na defensiva, não consegue estabelecer relacionamentos e compromissos duradouros e intensos e o crédulo, de tanto se decepcionar, passa a não acreditar no mundo, passa a se fechar.
Para completar a minha música preferida, que reúne beleza, criança, confiança e coragem!




Eu fico com a pureza das respostas das crianças:

É a vida! É bonita e é bonita!

Viver e não ter a vergonha de ser feliz,

Cantar, 
A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
É a vida! É bonita e é bonita!


O Que é, o Que é?