Fundamentalismo
à   b r a s i l e i r a

adendo ao artigo Confrangimento
31/05/2016
Sobre o Estado de Direitos* indico três obras interessantes para reflexão:
  1. O livro “A Casa dos Espíritos” de Isabel Allende;
  2. O filme “Uma lição para não esquecer” com Paul Newman e Henry Fonda, direção de Paul Newman;
  3. O filme “O milagre de Anne Sullivan” baseado no livro “The Story of my Life”, de Helen Keller.
As primeiras duas mostram a luta pelos direitos dos dois lados: daqueles que assumem a responsabilidade direta pelos seus direitos e daqueles que sonham com um Estado de Direitos. A primeira pela insuspeita sobrinha de Salvador Allende, a segunda pelo conhecido defensor de causas liberais nos Estados Unidos, Paul Newman.
A partir dessas visões podemos refletir um pouco mais sobre o que é “direito”.
Quanto à terceira obra, diz respeito a como libertar uma criança cega e surda de seu próprio isolamento.
Se pensarmos bem, cada um de nós é um pouco cego e surdo para algum aspecto da vida e, se isso for verdade, como me parece claro que é, quem e como alguém poderá nos libertar? Uma Anne Sullivan nos desafiando ou uma mãe amorosa nos protegendo?

A fábula do passarinho



Um passarinho voava para o sul, para se preparar para o inverno.
No caminho, encontrou uma forte nevasca.
O frio era tão intenso, que o passarinho quase congelou e caiu no chão.

Enquanto ele estava ali deitado, sem conseguir se mexer, quase morrendo, uma vaca que passava pelo local, defecou em cima dele.
O passarinho começou a perceber o quão quente estava.
O calor da bosta da vaca o manteve aquecido e isolado do frio. Estava tão quentinho que ele começou a cantar de felicidade.
Um gato passando nas proximidades, ouviu o canto e seguiu o som até encontrar o passarinho.
Ao localizá-lo no meio da merda, o gato imediatamente, tratou de retirá-lo dali e começou a limpá-lo.
Assim que o passarinho ficou limpinho, comeu o coitado!

Moral da história

  1. Nem sempre aquele que te põe na merda é seu inimigo.
  2. Nem sempre aquele que te tira da merda é seu amigo.






* Não confundir com Estado de Direito


As Máfias, O Comunismo e o Fundamentalismo

Máfia: A origem da palavra máfia tem duas hipóteses: um termo do dialeto siciliano, mafia, inspirado em mahyah, que em árabe significa audácia, ou uma expressão da época em que os italianos lutavam contra as invasões napoleônicas: Movimento Anti Francesi Italiano Azione (Movimento de ação italiana contra os franceses).
Percebe-se que há uma raiz comum às duas explicações: Coragem, seja pela audácia seja resistência.
O que caracteriza as máfias é exatamente o enfrentamento do establishment, a ação destemida de um grupo pela conquista de poder.
Não há sociedade imune a essas organizações, que existem pelo mundo afora:
  1. A máfia siciliana: Cosa Nostra
  2. A máfia americana
  3. A máfia russa
  4. A máfia japonesa: Yakuza
  5. PCC no Brasil
  6. Máfia Colombiana: FARC
  7. Máfia chinesa: Tríade
  8. A Yardie Britânica
  9. A máfia albanesa
  10. A máfia sérvia
  11. A máfia israelita
  12. A máfia mexicana
Todas tem influência nos governos de seus países e algumas em vários países.
Fazer vistas grossas sobre a atuação desses grupos tem sido a prática comum no mundo inteiro por um simples motivo: a incapacidade total de dominá-los.
Por quê? Porque eles não tem medo!
Também por isso o establishment é e sempre será invencível! Sendo o estrato mais poderoso da sociedade, por ter a habilidade de negociar bem com todos os seus núcleos de poder, sempre dominará a esmagadora maioria de nós, tão ciosos de nossa segurança (eu tinha escrito medrosos, mas achei que alguns pudessem ficar ofendidos, embora não acredito que tivessem coragem de me falar).
Houve várias mega operações para combate ao crime organizado, o FBI de Hoover ( Os Intocáveis), a Operazione Mani Pulite e tantas outras menos famosas, mas todas de caráter eminentemente fundamentalista: o único modo de pensar é o nosso, portanto precisamos eliminar os diferentes.
Nenhuma delas chegou sequer a reduzir o poder das máfias que combatiam.
Deu-se o mesmo com os comunistas que, enquanto durou a alucinação, foram tão destemidos quanto os mafiosos. A reação fundamentalista foi o Macartismo, inspirado pelo senador americano Joseph McCarthy, cujo objetivo era eliminar não só os comunistas dos Estados Unidos, mas a ideia de comunismo.
Não é preciso lembrar dos Gulag, campos de concentração soviéticos para os contrários ao regime.
Assim como o ebola, todas essas reações extremadas foram passageiras, ainda que letais. Em pouco tempo, enterrados os mortos e curadas as feridas, as ditas nações desenvolvidas acabaram por encontrar um “ponto de equilíbrio”, tendo que admitir a presença de todos os atores, já que nem as máfias, nem o comunismo e nem o liberalismo foram extirpados da cena social.
Essa atitude é que manteve a violência e a insegurança em níveis considerados aceitáveis quando comparados com os momentos de tensão exacerbada.
Tudo em nome, muito mais do desenvolvimento econômico (leia-se abundância), do que das leis ou da capacidade repressiva de qualquer dos lados, desenvolvimento esse que permitiu a essas nações viverem por longos períodos de tempo (ao menos maiores que os das crises e confrontações) em relativa paz.
Fenômenos como o PCC, as FARC e o EI são peculiares porque têm em comum o fato de surgirem em sociedades pobres, sem capacidade econômica para satisfazer ambos os lados: o oficial e o marginal.
Desde o nosso enlouquecido Joaquim Barbosa, que comparo ao Enéas,  a gente vem flertando com esse mesmo tipo de fundamentalismo, agora personificado pelo paladino Sérgio Moro.
É possível até que o próprio não tenha se dado conta desse fenômeno e esteja simplesmente fazendo o que acha certo (ainda que eu continue suspeitando muito desse “poder”), mas o clima que se instalou é de caráter fundamentalista, não tenho dúvida nenhuma, aliás fundamentalismo muito relativo: de R$ 77.000,00 por mês. Veja artigo neste link.
Pode ser que não haja outra alternativa que não o confronto, a guerra civil, o colapso, sei lá! Não é de hoje minha impressão de que o ser humano não vive longos períodos sem uma boa guerrinha.

Mas, não se iludam, tudo isso vai passar e o poder sempre
vai estar com quem pode, não com quem quer!