27/02/2021

Brasil tem pico de mortes... - clique para acessar o link


Tanto na média móvel de 7 dias como na de 21 verifica-se aumento na quantidade de óbitos em São Paulo, um dos estados com melhor controle da pandemia.

Praticamente todas as regiões do estado estão em alta.

Na comparação com a Itália, proporcionalmente à população, vemos que o controle da pandemia aqui foi mais efetivo,
mas estamos no pico e em alta, ao passo que a vacinação é uma interrogação.

Indicadores de taxa de transmissão indicam alguma melhora, mas, como se vê pela linha rosa (média móvel de óbitos), o crescimento é consistente.

Esta é uma crônica que gostaria de nunca ter escrito, me desculpem, mas, infelizmente, me vejo na obrigação de colocar aqui algumas ideias sobre a pandemia que se encontra, no final de fevereiro de 2021, um ano após termos registrado a primeira morte em território brasileiro, em seu pior momento.

Estão morrendo em nosso país o equivalente ao rompimento de quatro barragens de Brumadinho por dia, situação nunca vivida desde o início da pandemia.

Nosso sistema de saúde, seja público ou privado está acima do limite, hospitais de campanha desmobilizados e sem condições de recuperação em muitos casos por falta de pessoal habilitado, médicos e pessoal de atendimento esgotados, sem perspectiva de uma folga, até mesmo recursos como oxigênio já estão no limite, tendo esgotado em algumas regiões.

O governo federal numa cruzada de negacionismo e desqualificação de qualquer medida de cuidado básico só imaginável na cabeça de genocidas.

Só nos resta recorrermos a nós mesmos, tomar todos os cuidados que estiverem ao nosso alcance.

Quem tem que sair de casa, evite proximidade com outras pessoas, use máscara, se possível duas, conforme a nova recomendação da OMS, faça a higiene das mãos frequentemente e, chegando em casa evite carrear partículas para dentro, tirando os sapatos, máscara, roupa, tomando banho, enfim tomando todos os cuidados possíveis.

Quem pode ficar em casa, fique, faça suas compras por delivery e aguente a saudade, a carência, até que a pandemia acabe, não podemos morrer na praia e isso não é força de expressão (exceto a praia).

Por que todo esse discurso?

Em análise de risco a primeira coisa que devemos ter em mente é que todo risco tem duas dimensões, a probabilidade e o prejuízo.

Existem riscos de alta probabilidade e pouco prejuízo, exemplo pequenas batidas de carro, nesse caso, mesmo tendo uma alta probabilidade de ocorrência pode ser vantajoso não pagar um seguro por isso, ter um seguro só para perda total por exemplo sai muito mais barato.

Por outro lado existem riscos de baixíssima probabilidade mas de prejuízo potencial muito alto, exemplo incêndio da casa em que moramos, nesse caso, ainda que a probabilidade seja muito baixa, vale a pena pagar um seguro, afinal podemos ficar sem a casa.

Pois bem, no caso da COVID-19 estamos diante de um caso de risco cujo prejuízo é excepcionalmente alto, a morte ou a permanência de sequelas que ainda nem se tem conhecimento suficiente, enquanto a probabilidade está longe de ser pequena.

Se eu morrer, por exemplo, só fica a saudade, o que ainda é discutível, mas não sou mais responsável pela sobrevivência de ninguém, portanto a falta que vou fazer será só no âmbito dos sentimentos, mas algumas perdas, e nós já vivemos algumas, são irreparáveis, não só no âmbito sentimental, mas no da vida prática, no comprometimento do futuro dos que vão ficar.

O fato é que não sabemos como esse vírus chega até cada um, se pela circulação diária, para trabalho, escola ou compras, se pelo contato com alguém que frequenta nossa casa, a trabalho ou não.

O que está claro para mim é que esse vírus está em franca circulação e chega até nós de forma sub-reptícia. Só em nosso entorno mais próximo, já tivemos várias mortes e muitos casos de internação em UTI.

A situação do sistema de saúde coloca em risco até quem tiver uma crise de apendicite, já que não há disponibilidade de leitos.

Alguém disse que seria melhor deixar de comemorar o Natal passado para comemorar os próximos, muitos não acreditaram, estamos pagando caro por essa decisão e muitos não terão mais natais a comemorar.

Resumindo, eu não tenho nenhuma dúvida, vou continuar defendo o isolamento mais radical possível até que possamos ter a certeza de que o vírus não está circulando, pelo menos nessa intensidade.

O governo de São Paulo, com certeza o mais responsável na condução desse assunto no Brasil, está prevendo vacinar o conjunto da população até dezembro de 2021, como sabemos que os desejos de nossos governantes nem sempre são atingidos, não é difícil que isso se estenda para o ano que vem, portanto acho melhor não alimentarmos esperanças para tão logo.
O ritmo da vacinação no mundo, com raras exceções, está lento e no Brasil ainda mais, já que não há suprimento para toda a demanda.







Não vou ser eu que vou correr esse risco, por mim, por vocês e por todos.

A infectologia está longe de ser uma ciência exata e eles, os cientistas estão muito preocupados, razão de sobra pra que eu registre este depoimento.


Para quem tiver curiosidade, a pasta com todos os dados desde o início da pandemia. além de todas as minhas planilhas está no link abaixo:

https://1drv.ms/u/s!Ankb29-wbPVmg9terF7Al38fJW0kJg?e=XPqwR7

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Muito obrigado!