É exatamente essa classe política fisiológica e alimentada pelo governo que deve assumir em caso de golpe:
Michel Temer, o vice que já fez até discurso de posse, que conduziu o seu partido a romper com o governo, mas não renunciou.
Eduardo Cunha, braço do crime organizado (alguma coisa tinha que ser organizada por aqui), conduzindo o grande conchavo que deverá comandar o país.
Aí vem o maior dos mistérios: A República de Curitiba!
De onde vem esse poder?
Por um lado, parece estar chegando a alturas nunca dantes sobrevoadas, atingindo alguns dos Godfather mais poderosos, mas aparentando certa inapetência quando os investigados não são do governo.
Curiosamente, a 22ª fase da operação Lava Jato, batizada de Triplo X, é um desses casos.
Uma das buscas foi na filial brasileira da Mossack & Fonseca, recentemente popularizada no episódio dos Panama Papers. A suspeita era de que o famoso triplex do Lula fizesse parte de uma negociação intermediada por essa empresa.
Fato é que entre os documentos apreendidos durante a Triplo X, aparecem ligações potencialmente ilegais de offshores com as Organizações Globo. Não à toa, a Globo registrou timidamente o escândalo internacional que monopolizou a atenção da mídia estrangeira nos últimos dias.
Há outros ilustres nativos, vários envolvidos em crimes de corrupção, no rol de clientes do escritório panamenho. Robson Marinho, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e acusado de receber propina durante sua passagem pelo governo do tucano Mário Covas, é dono da Higgins Finance.
Segundo o Ministério Público, Marinho embolsou 2,7 milhões de dólares em troca de contratos fraudulentos assinados com a multinacional francesa Alstom. A propina teria ainda abastecido o caixa 2 de campanhas eleitorais do PSDB paulista.
Além dos Marinho globais e do Marinho tucano, os proprietários de offshore até agora flagrados na enorme pilha de documentos incluem políticos brasileiros de sete partidos: PSDB, PDT, PMDB, PP, PSB, PSD e PTB.
Constam da lista, entre outros, o indefectível Eduardo Cunha, presidente da Câmara, o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, o ex-ministro Edison Lobão, o falecido tucano Sérgio Guerra, acusado por um dos delatores da Lava Jato de ter recebido 10 milhões de reais para abafar uma CPI, e o ex-deputado federal João Lyra.
Os Panama Papers, pelo que se viu até o momento, não vem ao caso para o juiz Moro.
Ao contrário de outras fases e do padrão de comportamento do juiz Moro, os representantes do escritório panamenho não amargaram longos períodos na cadeia nem tiveram os pedidos de prisões temporárias convertidos em detenções preventivas, cuja suspensão fica a critério da Justiça. Foram soltos em tempo recorde, menos de dez dias após a operação. Entre os libertados perfilava-se o principal representante da companhia no Brasil, Ricardo Honório Neto.
O executivo trabalha na Mossack & Fonseca há ao menos dez anos e é bem relacionado, com contatos na própria Polícia Federal. Em 2007, um e-mail interceptado prova que Honório Neto havia sido informado a respeito de uma operação da PF no escritório da empresa.
Na mensagem, ele avisa da ação e orienta subordinados a destruir e ocultar documentos antes da chegada dos federais. Esconder informações é, aliás, uma prática corriqueira e contínua na companhia. Escutas telefônicas recentemente autorizadas que embasaram a Triplo X flagraram Ademir Auada, um dos presos em 27 de janeiro e logo liberado, a confessar a destruição de papéis do escritório.
Teria sido apenas desatenção ou algum interesse específico explicaria o comportamento incomum da turma de Curitiba no episódio?
Oi Pedro, acho que em momentos de indecisão e impasse, em que coisas tão importantes estão em jogo, como o empoderamento de um bando de golpistas caso esse processo de impeachment passe, não dá pra titubear.
ResponderExcluirSe acha que o governo é ruim, esperem a eleição para trocar, pois governo "ruim", no nosso presidencialismo, não é crime. E se este governo cometeu crime de responsabilidade, que façam a lição de casa e a tirem com um impeachment bem embasado tecnicamente. Como isso não foi feito e a peça jurídica que embasa este impeachment é uma aberração, negociada pelo Eduardo Cunha, é golpe sim senhor.
Por outro lado, se não acha que os fins (tirar Dilma) justificam os meios (usar qualquer argumento, de qualquer forma e sem rigor algum), vale o Princípio da Precaução: queimar etapas pode por em risco a democracia e, por Ela (não pela Dilma) é preciso ser prudente, no mínimo. Dos 38 deputados que aprovaram a abertura do processo de impeachment, 33 tem processos por corrupção. A Dilma não tem. Em caso de impasse, como vc coloca na sua consciencia, deve valer o princípio citado. Abraços!