Éramos nós os astronautas x Paranoicoceno
Assistindo a série Franklin e, assim, conhecendo mais a história desse personagem tão importante na história dos Estados Unidos, de repente me vieram à mente algumas figuras da nossa história, como Ruy Barbosa, barão do Rio Branco, até mesmo, guardadas as devidas proporções, Ulysses Guimarães e isso reavivou uma constatação já de algumas décadas, de que esse tipo de personalidade não existe mais, e não me refiro ao nosso país, mas a todo o mundo dito civilizado.
Me veio à mente, de imediato, dois artigos do DemimPro6: "Éramos nós os astronautas" e "Paranoicoceno".
Percebi, mais uma vez, a ligação essencial entre eles.
A ideia de que o excesso de informação que vivemos atualmente, imposta pelos meios de comunicação disponíveis que nos bombardeiam com todo tipo de notícia, seja comercial, política ou cientifica, que esse excesso de informação tende a nos imobilizar parece ir além da interferência em nosso comportamento, na verdade está alterando nossa evolução como espécie.
Sócrates, através de Platão, nos disse: "Só sei que nada sei!" Excesso de informação traz consigo um excesso de dúvidas.
Durante alguns anos, depois de aposentado, tive uma empresa de consultoria em sistemas administrativos e tivemos, como clientes, operadores e administradores de planos de saúde.
Durante esse período, como analista dos processos, tive que me envolver profundamente na cultura desses profissionais, o que me permitiu um olhar "pelo buraco da fechadura", ou seja, ver o que ocorria "dentro", mas estando "fora".
Isso me permitiu perceber como ocorriam os "vieses" na forma de pensar e de agir dos envolvidos.
Essa percepção só foi possível pela minha situação de poder observar tudo pelo "buraco da fechadura", porque essas distorções são quase inevitáveis para quem está "dentro" dos processos, isso é parte do "custo" do nosso sistema de especialização, cujos benefícios são o progresso científico e tecnológico.
Ainda que seja inevitável não posso ignorar seus efeitos deletérios.
Foi daí que surgiu a percepção que resultou no artigo "Confrangimento", em que eu demonstro onde estão as falhas de vários processos tidos como ideais, mas cujos resultados não correspondem ao esperado.
Outra percepção forte foi a que originou o artigo "Paranoicoceno".
Revisitar esses artigos podem dar uma boa ideia do que eu estou querendo dizer, mas, para simplificar digo que, hoje, quando escuto profissionais dessas áreas pregando "prevenção" como a "única" atitude "sensata" num mundo "perigoso", torço para que o público em geral reaja como de fato tem reagido até hoje, graças a deus, com ceticismo e até certo cinismo, porque se atendessem integralmente aos apelos desses profissionais de visão condicionada por seus "vieses", estaríamos castrando ainda mais nossas capacidades de vencer desafios.
Não sabendo que era impossível, foi lá e fez!
Jean Cocteau