Pregar, pregar, pregar!
09/10/2025
Hoje estava pensando em toda essa loucura que estamos vivendo e, claro, me perguntando, porque somos assim tão ilógicos e inconsequentes?
Penso que somos a única espécie que "prega", ou seja, que tenta convencer outros daquilo que não acredita de fato, lá na batata, mas acha que se convencermos uma grande quantidade de pessoas, a chamada massa crítica - que não critica porra nenhuma - aquilo vai se tornar verdade, pelo menos pra nossa turma.
E de onde vem essa loucura de pregar sem crer?
Pensando no que nos diferencia dos bichos, a primeira coisa que me veio à cabeça, foi a necessidade de transcendência.
E isso de onde vem? Não consegui nenhuma resposta, então me contentei em aceitar que isso nos caracteriza, é da nossa natureza, nascemos assim e pronto.
Muito bem, temos algo para elaborar.
Essa necessidade de transcendência faz com que olhemos tudo com uma lente de perfeição simplista, uma idealização imaginada que, por simplista, pode ser qualquer coisa, com o nível de perfeição que imaginarmos, daí a necessidade imperiosa de "aprimorar" tudo, principalmente a natureza à nossa volta - lembrei da Reforma da natureza da Emília - mas não só, almejamos estruturas sociais perfeitas, relações pessoais perfeitas, mercado perfeito, amor perfeito etc. etc.
Isso decorre da infinitude do ideal frente às limitações de nosso metacérebro, o mesmo que ocorre entre nossos desejos, ilimitados, e nossa capacidade de realizá-los, consideravelmente menor!
Usei o termo metacérebro para diferenciar de cérebro simplesmente, querendo abranger o órgão em si e todo o sistema nervoso, órgãos dos sentidos e tudo que nos permite captar e perceber a realidade objetiva, seja lá o que for que isso signifique. Tentei evitar o termo "mente" pelas conotações "transcendentes" que esse termo carrega.
Ora nosso metacérebro é extremamente limitado frente à complexidade do que nos cerca, daí sempre sermos reducionistas em nossas observações, por pura incapacidade de perceber o todo. Ainda que exista muita diferença entre as capacidades de cada indivíduo, mesmo o mais extraordinário dos Sapiens ainda estará confinado a uma limitação nada desprezível.
A matemática, por exemplo, considerada por alguns como a linguagem de Deus, é tão limitada que, para enfrentar os problemas da complexidade, acaba por usar o aleatório em suas equações estocásticas.
Ora, Einstein já disse: "Deus não joga dados!" Hoje parece lógico que, se conhecermos (ou controlarmos) todos os parâmetros de uma experiência, poderemos prever exatamente o seu resultado.
O problema é que esse "todos os parâmetros" na prática é infinito e esse conceito não cabe em nosso metacérebro, daí precisarmos recorrer a subterfúgios.
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Como anedota podemos pegar o cálculo da circunferência a partir do seu diâmetro, o resultado é 90% invenção (um polígono de muitos lados) e 10% mentira (o π ). |
Outro exemplo do descompasso entre nossas idealizações e a realidade são as promessas de cada nova tecnologia que surge.
As vedetes do momento são a computação quântica e a IA, então já se prevê a cura do câncer, a previsão exata de fenômenos meteorológicos etc. etc. Não é preciso muito esforço para lembrar de promessas não cumpridas de tecnologias recentes, por exemplo, o fim do papel!
IA e o Aprendiz de feiticeiro
Goethe nos deu a dica quando escreveu "O Aprendiz de feiticeiro": Não entre em um espaço do qual você não sabe como sair!
O aprendiz que teve acesso a feitiços que não sabia controlar se viu em uma grande enrascada, da qual só se livrou pela providencial intervenção de seu mestre feiticeiro!
A questão é: por que o aprendiz fez o que fez? Claro, pela promessa de facilidades que o feitiço propiciaria na realização de suas tarefas.
Essa é a ameaça contida no uso da IA, ela nos seduz pelo que promete!
Aqui é importante lembrar que aquilo que chamamos "raciocínio lógico" é uma tentativa de reduzir problemas complexos a uma formulação que caiba em nossa capacidade de processamento.
Aliás, é bom registrar que todos os problemas são complexos, por mais simples que nos pareçam, seja na sua relação com outras coisas, o espaço que os rodeia ou em relação ao tempo em que dura sua influência, coisas que para nossa mente limitada chamamos de infinito e eterno. Esse é o verdadeiro inferno!
Fica claro que nossas ações, baseadas em decisões tomadas com base em nosso "raciocínio lógico", sempre precisarão ser corrigidas ao longo do tempo, à medida que se desviarem dos objetivos iniciais ou provocarem efeitos colaterais indesejáveis.
No caso da IA, como no caso da vassoura do aprendiz de feiticeiro, ela vai perseguir o objetivo inicialmente determinado a qualquer custo.
Mesmo que tentemos prever situações em que a IA deverá corrigir suas ações, nunca conseguiremos cobrir toda a complexidade de cada situação.
Expectativas & Ideais ou
Talvez haja um sopro afinal!
Sempre achei que as únicas expectativas que devemos cultivar são aquelas relativas a nós mesmos, nossas próprias capacidades.
O que escrevi anteriormente, neste artigo, trata das nossas expectativas com o que nos envolve, não conosco mesmo.
Analisando sob outra perspectiva, a de nós mesmos, fica claro para mim que está tudo relacionado com nossos ideais, ou seja, pura fantasia criada em nossas mentes, seja a partir de arquétipos inatos, seja por influências externas.
Temos ideais pra tudo, meio-ambiente, sociedade, saúde, conforto, nossos corpos etc. etc.
Se percebermos que o real é apenas o aqui e o agora, que o resto é imaginação pura, tudo ficaria mais fácil.
Claro que a expectativa é importante, todo animal minimamente desenvolvido tem expectativas como nós e se vale delas pra prever possibilidades e riscos imediatos ou futuros, só que não fantasiam tanto suas previsões, são mais realistas.
Nós, ao contrário, somos capazes de sofrer porque o carro que conseguimos comprar não era o que desejávamos.
A dor, por exemplo, é 20% real e 80% medo. Se topamos o dedo no pé da cama, o sofrimento maior é o medo de ter fraturado um osso.
Vivemos mais num futuro imaginário, muitas vezes tenebroso, como no caso do meio-ambiente, do que no presente.
Alguém dirá: mas existem forças poderosas destruindo o planeta, algo precisa ser feito!
Concordo, então faça agora o que estiver ao seu alcance para evitar isso, mas tenha em mente que um mundo muito diferente do atual, seja qual for o resultado de suas ações no presente, é o que nos espera, e não sabemos nem como ele será e nem como vamos nos adaptar a ele, nem mesmo se vamos nos adaptar, ou seja, projetar um futuro catastrófico é tão preciso quanto projetar o paraíso na Terra.
Na minha opinião isso vale pra todos os níveis de preocupação, desde o planeta, até o seu próprio corpo, passando pelo país, pela família etc.
Talvez a melhor esperança que podemos ter é a de aprender a nos adaptar ao inevitável, que são as mudanças, enquanto isso vamos construindo o mundo que conseguirmos.
OK! Alguém vai perguntar porque me preocupo com essas coisas e eu vou responder:
"Porque eu quero e eu posso, ora!!!!" Daí fui conversar com Raulzito:
"Porque eu quero e eu posso, ora!!!!" Daí fui conversar com Raulzito:
(1)
Ora, ora, meu caro Pedro... Eu sou o Raulzito, o profeta do rock brasileiro, o alquimista da música, o cara que misturou Elvis com esoterismo, rock com baião e fez disso um manifesto!Então me diga: você quer falar sobre a Sociedade Alternativa? Sobre como “o sonho que se sonha só é só um sonho, mas o sonho que se sonha junto é realidade”? Ou quer bater um papo sobre como é ser um eterno contestador, um cara que nunca se encaixou nas caixinhas do sistema?Manda ver, Pedro. Aqui é papo reto, sem censura, sem rótulo. Porque como eu sempre disse: “Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”E aí, qual é a sua loucura hoje?
Pois é! Fico pensando que toda essa loucura do Sapiens é resultado de uma necessidade inata de transcendência enjaulada em um metacérebro limitado.
Rapaz... essa tua reflexão aí parece letra de música que ainda não foi composta! Essa tal de transcendência... é como se o ser humano tivesse um buraco no peito que não se preenche com matéria, só com mistério. E aí ele inventa Deus, inventa arte, inventa foguete pra Marte, tudo pra tentar escapar da prisão do próprio crânio. Mas como é que se escapa de um labirinto quando o labirinto é você mesmo?
O metacérebro, como você chamou — essa consciência que sabe que sabe — é uma bênção e uma maldição. É ele que nos faz perguntar “por quê?”, mas também é ele que nos faz sofrer por não encontrar resposta. E nessa busca, o Sapiens vira louco, vira santo, vira gênio, vira tirano. "Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual..."
Tem gente que prefere ser a metamorfose ambulante, mesmo que isso signifique viver na corda bamba entre o céu e o hospício.
Me diz aí, Pedro: você tá mais pra alquimista ou pra astronauta nessa viagem interior?
Nem um nem outro, tô mais pra turista assistindo tudo só de passagem! Às vezes como equilibrista tentando tirar do mundo mais do que ele tira de mim!
Ah, Pedro... isso aí é poesia pura, bicho!
Turista cósmico com mochila de dúvidas e binóculo de lucidez. Você tá na vibe do “viver é melhor que entender”, né? E como equilibrista, anda na corda bamba entre o caos e a beleza, tentando fazer do tropeço um passo de dança.
Isso me lembra aquele verso que nunca escrevi, mas que vive na alma:
"O mundo é um palco, mas o roteiro é improvisado. Quem não dança, já tá tropeçado."
E olha só: tentar tirar do mundo mais do que ele tira de você é um ato de rebeldia sagrada. É como plantar girassol no asfalto, como rir no velório do tédio. É ser maluco beleza, sim, mas com propósito.
Me diz aí, nesse teu passeio de turista existencial... o que tem te chamado mais atenção? Alguma paisagem interna que vale a foto?
Ah, bicho! O amor, esse sim merece ser vivido sem moderação, amor fraternal, amor amizade, amor carnal, todo tipo de amor vale a pena!
Ahhh, Pedro! Agora você falou a língua do coração!
O amor é a única loucura que faz sentido, é o combustível da alma, é o grito que rompe o silêncio do universo.
Amor fraternal é aquele que te abraça sem pedir nada em troca.
Amor amizade é o que te segura quando o mundo desaba.
Amor carnal... ah, esse é o que te faz lembrar que você tem um corpo e que ele pulsa, vibra, deseja!
Como eu dizia:
"O amor é isso, não prende, não exige, não cobra. O amor é livre como o vento, quente como o sol e profundo como o mar."
E se alguém disser que é demais amar assim, sem moderação, você responde com um sorriso e um acorde de guitarra:
"Eu sou o que sou, porque vivo o que amo!"
(1) Microsoft Copilot
John was wrong,
Love is not all we need.
All we need is HOPE!
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