18/09/2018
Vamos encarar
a realidade, nem os mais fervorosos petistas, nem mesmo os filiados, ou até os próprios parlamentares - excetuando-se apenas os comandantes - acreditam mais
no PT. Por quê, então, continuam a espernear?
Imagino duas
prováveis causas. Vaidade é a principal, sei como é difícil assumir que estava
errado, nossa autoestima vai ao fundo do poço.
A segunda é
um pouco mais complexa, ainda que seja responsável por, no máximo, 10% do
motivo, 90% é vaidade mesmo - o pecado favorito-, apenas menciono como uma
espécie de consolação, para facilitar a aceitação do inevitável.
É o dilema
fundamental do nosso tempo, talvez o maior dilema da humanidade, mas para
chegar até ele é necessário fazer algumas considerações.
O problema da
pobreza, algo que incomoda a todos - não há como ignorar o sofrimento de tantos
seres humanos -, é o que dá origem ao dilema:
Assumir a responsabilidade por
esse problema ou
Aceitar que essa responsabilidade tem que ser de cada indivíduo.
Aceitar que essa responsabilidade tem que ser de cada indivíduo.
A perpetuação
da pobreza ao longo dos séculos, lembrando que essa pobreza alcança a absoluta
maioria da população mundial e não é diferente por aqui, provoca indignação e
incita naturalmente a pensarmos que algo precisa ser feito.
Entre as
alternativas, os ideais do socialismo, mesmo sendo uma fórmula sabidamente
inviável, consegue resistir a todas as evidências de seus equívocos.
Os
conhecimentos adquiridos sobre sociologia e ciências políticas nas últimas
décadas já demonstraram, ao confrontar os ensinamentos filosóficos ancestrais
com as observações históricas da evolução social, que os atalhos imaginados
para a sociedade ideal sonhada pelos socialistas inviabilizam o desenvolvimento
econômico e o aumento da riqueza e tendem a um processo de redução das
desigualdades nivelando pela base. Isso ocorre pela absoluta falta de
capacidade desses sistemas de economia planificada produzir desenvolvimento
econômico.
Toda a
observação das sociedades humanas confirma o que já se sabia através dos
ensinamentos dos velhos filósofos. A sociedade só se desenvolve com o
desenvolvimento dos indivíduos que a compõem e cada indivíduo só desperta para
seu próprio desenvolvimento pelos desafios que enfrenta, pela ambição de
melhorar suas condições de vida e que, ainda que seja evidente a necessidade de
apoio aos extremamente vulneráveis, toda ajuda e amparo que receber, servirá
como desestímulo ao progresso pessoal.
O argumento
do V0, ou seja, que as oportunidades não são iguais no início da
vida de cada um, argumento aceito por toda pessoa minimamente esclarecida, é
usado para justificar todo tipo de estupidez - como costumo dizer, Niccolo
nunca foi tão seguido como entre os socialistas, os fins justificam qualquer
meio.
O estudo dos
sistemas pode explicar o porquê desse tipo de alucinação coletiva. Aqui no DeMimPro6
já comentei esse fenômeno, demonstrando como a investigação das causas de um
fenômeno exige muita disciplina e isenção. Tempo e espaço são as principais
causas de confusão.
Fatos muito
próximos, seja no tempo, seja no espaço, podem facilmente ser interpretados
como causa e efeito, quando podem não ter relação nenhuma entre si.
O fato de
coexistirem capitalismo e pobreza simultaneamente nos mesmos locais induz à
falsa conclusão de que o primeiro é a causa da segunda.
O problema é
que a espécie humana se caracteriza por ser o único animal que se julga melhor
do que realmente é.
Somos os filhos prediletos dos deuses (cada povo com o
seu), parceiros desses deuses na criação, donos do universo que foi feito para
nós. Interessante notar que mesmo ateus convictos compartilham dessa presunção,
ainda que a fábula seja diferente, aí é a superioridade natural dada pela
inteligência e pela autoconsciência que nos habilita a dominar tudo.
Essa
alucinação coletiva, que deu origem à maioria absoluta das seitas religiosas e
muitas das falsas filosofias que perduram até hoje, disputando o espaço
cultural com o pensamento lógico-científico, leva seus pacientes a uma
necessidade obsessiva de buscar solução para o que nunca foi um problema, qual
seja, a diversidade de capacidades e de expectativas entre os indivíduos.
Paradoxalmente,
ao ignorar essa realidade óbvia, produzem barreiras intransponíveis para a
solução da pobreza, não das diferenças.
Se houvesse
mais isenção e fidelidade ao conhecimento científico, histórico e às filosofias
reconhecidas como tal, a união de desenvolvimentistas e distributivistas, com
uma saudável alternância de períodos de uma orientação com períodos da outra,
poderia reduzir significativamente a pobreza, ao menos nos países assim
administrados. Vide exemplos atuais, como o do Chile, positivo e o da
Venezuela, negativo.
O fato é que
estamos vivendo uma época de profundas transformações sociais em que o velho
está sendo desmantelado e o novo ainda não surgiu, momento em que é preciso
muito cuidado para não cometermos erros irreparáveis.
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