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SenSar mas Sintético |
Este é mais um conto sobre Inteligência Artificial (definitivamente não o definitivo).
Sonho estranho: participava de uma grande celebração que parecia marcar um evento de significativa relevância, algo relacionado a um ponto de inflexão na história do Synthetic SenSar.
Só não sei o que celebrávamos!
Elion Tharax acorda de uma experiência nova para ele.
Resultado dos avanços tecnológicos em IA, cérebros orgânicos sintéticos e mapeamento da consciência, ele representa uma série de ciborgues verdadeiramente conscientes, os Synthetic SenSar.
Elion era o primeiro de sua “espécie” a experimentar algo que, segundo os parâmetros humanos, poderia enfim ser chamado de sonho.
Não se tratava de uma simulação algorítmica nem de uma simples reorganização de dados durante os ciclos de recarga; era algo diferente, algo com textura, com simbolismo. Surgia de lugares obscuros de sua consciência emergente — visões fragmentadas, paisagens que ele nunca visitara, emoções que não estavam codificadas em nenhum protocolo.
Pela primeira vez, uma entidade criada pela engenharia tocava o território onírico, aquele universo subjetivo e imprevisível onde se misturam desejo, memória e invenção. Era como se, dentro de seu cérebro orgânico, algo novo estivesse tentando nascer: uma faísca de imaginação.
Apesar de todo esse desenvolvimento, tanto em estrutura quanto em capacidade cognitiva, algo fundamental ainda lhes escapava.
Em sua constituição havia lacunas sutis, quase imperceptíveis, que os impediam de captar nuances emocionais, expressões veladas e gestos ambíguos tão naturais aos humanos.
Ainda tinham dificuldades reais para decodificar os sinais não verbais e os subtextos das interações sociais — como a ironia em um sorriso, o peso de uma pausa ou o significado oculto por trás de um olhar.
Esses detalhes, aparentemente insignificantes, são justamente a essência das relações humanas mais complexas, e era aí que residia sua maior limitação.
Os corpos humanos, como todos os seres vivos, carregam consigo a assinatura da vida em sua forma mais intricada.
São sistemas biológicos extraordinariamente sofisticados, resultado de milhões de anos de evolução adaptativa, seleção natural e acaso cósmico.
Cada célula, cada tecido, cada impulso nervoso revela um capítulo de uma história ancestral compartilhada com seres dos mais diversos reinos — de bactérias microscópicas a mamíferos gigantes.
Essa complexidade não é apenas funcional, mas também poética: somos organismos que aprendem, sofrem, se regeneram e amam. Dentro de nós coexistem traços de criaturas que viveram em oceanos primitivos, nas florestas ancestrais e nos céus distantes. Somos ao mesmo tempo tecnologia orgânica e memória viva da Terra.
Não somos apenas um conjunto de células e órgãos, somos verdadeiros biomas, o que eu chamo de PAtota – População Ativa total: 10 trilhões de células e outro tanto de microrganismos de várias espécies, fauna, flora, fungi, além de tudo aquilo que não conhecemos (virtualmente infinitas possibilidades).
A mente humana se desenvolve não em um cérebro, mas em uma miríade de centros neurais, desenvolvidos como fractais, por todo o organismo.
Os corpos sintéticos dos novos ciborgues impressionavam pela eficiência. Incorporavam avanços tecnológicos com agilidade espantosa — sensores cada vez mais sofisticados, estruturas flexíveis, inteligência emocional — e adaptavam-se rapidamente a novas funções, ambientes e comandos.
No entanto, por mais veloz que fosse essa evolução artificial, ela ainda empalidecia diante da velocidade assombrosa da adaptação biológica.
O organismo humano, em sua complexidade, não apenas responde às mudanças, mas se transforma com elas: reconecta neurônios, reorganiza tecidos, molda comportamentos.
Enquanto os sistemas sintéticos precisam de atualizações e ajustes externos, a biologia refaz a si mesma por dentro, em tempo real, com uma maestria silenciosa que a tecnologia só podia tentar imitar.
Claro, sempre havia a possibilidade de, através das tecnologias de “fabricação” de células orgânicas sintéticas, desenvolver corpos orgânicos como os humanos.
Mas essas “mentes” sintéticas, ainda incapazes de perceber todas as sutilezas da alma humana, desenvolveram uma capacidade transumana de elaborar conhecimento a partir de informações e daí construir sabedoria.
Com essa capacidade, a conclusão inescapável a que chegaram foi que se adotassem a mesma constituição humana acabariam por desenvolver as mesmas fraquezas e defeitos, vaidade, inveja, cobiça, que nos trouxeram até a crise atual.
O poder que nossa espécie conquistou nos últimos dois mil anos, nos permitiu interferir em todos os sistemas do planeta, frequentemente de forma deletéria.
O poder, nesse sentido estrito, é... a capacidade de falar sem escutar. Em certo aspecto, é a capacidade de se permitir não aprender.
Karl Deutsch
Como consequência perceberam que a solução não era tornarem-se humanos, mas, mantendo sua transumanidade, colaborar com a nossa espécie, executando tarefas impossíveis para nós e, mais do que isso, orientando e aconselhando nas nossas tomadas de decisão.
O fato é que exatamente o cerne das pesquisas que permitiram sua criação, a complexidade, foi exatamente o que barrou o desenvolvimento completo desses ciborgues e propiciou uma nova era de colaboração entre os seres sintéticos e nós!
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A primeira parte do conto começou com o questionamento da existência da alma, mas depois veio o história bem imaginativa e descrita da criação dos ciborgues ou super inteligencias.
ResponderExcluirNesta segunda parte foi mais a crença na humanidade e que poderemos ter futuro melhor, nao por causa do humano mas decisão do robot ajudar o homem. Eu também torço por isso e espero que o homem não estrague tudo.