Um Pragnóstico
Toda escuridão pode ser iluminada, mas...
Toda luz produz
sombra e
Toda escuridão
exige lucidez.
Todo som se
dissipa no espaço e
Todo silêncio pede
uma voz.
Todo argumento
admite o contraditório e
Todo pensamento
sábio tem outro que o contradiz.
A cada ação corresponde uma reação.
IDEAL
é
viver o REAL, presente e atento!
Experiência é uma palavra muito clara, é o ato de experimentar. Tem, além disso, o significado do que se acumula a partir desses atos, coisa que é essencialmente complexa, porque ao experimentar podemos adquirir conhecimento, mas também sentimentos, o que é muito mais difícil de compreender.
Normalmente
a complexidade é muito difícil de explicar, mas é facilmente percebida.
No
caso das experiências ou da experiência acumulada por alguém, elas afetam nosso
comportamento e atitude de forma extremamente consistente, ainda que nem sempre
seja fácil explicar essa relação de causa e efeito.
A
partir de 2010, coincidentemente o ano em que comecei a fazer o registro de
minhas experiências no DeMimPro6, passei por muitos momentos de revisão de
conceitos, convicções e, claro, sentimentos.
Neste
dia 31/10/2022, percebo algo novo, algo que já percebia, mas nunca com tanta
intensidade, que é o sentimento extremamente constrangedor de ver muita gente
no meu entorno, em uma quantidade que até dá a impressão de ser todo mundo,
eufóricos com algo, que me parece evidente estar muito longe de ser uma grande
conquista, no máximo pode ser considerado algum alívio por ver uma outra ameaça
ser afastada.
Apesar
de entender o motivo dessa dissociação entre o que eu penso e essa manifestação
toda, o sentimento é de estar excluído. É como se a seleção conquistasse o hexa
e eu não estivesse participando da festa.
Falando
em futebol, lembro que no governo Collor houve um movimento pra torcer contra a
seleção, já que se achava que isso favoreceria o governo. Eu nem cogitei de
fazer isso, assim como a grande maioria do povo que preferiu impeachar o sujeito.
Em
2002 eu estava do lado dos que hoje comemoram, um momento de catarse e, devo
reconhecer, muito mais positivo, porque, naquele momento a esperança (ou devo dizer a ignorância?) era muito grande e não estávamos
ameaçados como hoje.
Muitos
acreditam ser esta uma grande conquista (ou renascimento), ainda que outros não
vejam dessa forma, entretanto é bem possível que, como eu, pouco mais de uma
década atrás, estejam apenas seduzidos por essa atmosfera de vitória.
É
muito esclarecedor perceber em si mesmo o que faz com que tantos embarquem em
canoas furadas, sem se dar conta dos sinais de vazamento, atraídos pelo carisma
e boa retórica de lideranças populistas.
ACERVO
DE UM PRAGNÓSTICO
Já
disse Cazuza: “Ideologia, eu quero uma pra viver!” e concluía:
“... os meus sonhos foram todos vendidos tão barato que eu nem acredito...”
“Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder...”
Essa
foi a minha experiência nos últimos 50 anos, mas não lamento, afinal também
somos o resultado de nossas experiências.
Foi
uma construção em que eu sempre soube o caminho a percorrer, mas sem ter a
menor ideia de onde iria chegar.
Afinal
cheguei aqui, um Pragnóstico, pragmático em política e agnóstico
em religião.
A
experiência só constrói conhecimento se acompanhada de estudo sistemático e
nisso eu me considero bem disciplinado, ainda que não muito esforçado. A cada
momento, cada nova situação, sempre busquei me informar o máximo possível,
dentro das limitações de quem precisava buscar, além de conhecimento, seu
sustento e de sua família e, como a gente não quer só comida, quer comida,
diversão e arte, me diverti muito também.
Sempre
evitei, tanto quanto pude, duas armadilhas, achar que sabia mais do que havia
estudado e achar que a intuição ou a razão disputam a primazia do entendimento.
Em outras palavras, sempre que me deparava com uma dúvida, ou, principalmente,
com uma certeza, ia atrás de toda informação válida sobre o tema e analisava tudo
tentando equilibrar o sentimento que aquilo provocava em mim e a lógica por
trás daquelas informações.
Aqui
vale lembrar algo que tenho dito sempre:
As
opiniões não são imutáveis, mas uma nova ideia não pode passar por cima de toda
a bagagem de conhecimento anterior, temos que ser fiéis às nossas concepções e
só mudá-las quando a argumentação (ainda que criada por nós mesmos, através do
estudo) for muito convincente e estruturada.
Outra
preocupação constante sempre foi buscar a lógica fundamental por trás de todo
pensamento, por mais complexo que seja, ou o que seria a base desse pensamento,
o que o motivaria e o que o justificaria. Uma referência muito boa nesse
assunto é o livro “Introdução ao pensamento complexo” de Edgar Morin, onde ele
diz: “Complexidade é uma palavra problema, não é uma palavra solução.”
Não
acho que domino esses assuntos, inclusive admito que posso estar errado em
muitas das minhas conclusões, mas acho que tenho conteúdo para sustentar uma
discussão. Sem isso, não devo nem entrar num debate, o que, aliás, está se
tornando cada vez mais comum entre os radicais, aqueles que tem certeza de suas
convicções, discutir coisas sobre as quais não tem conhecimento.
Também
não acho que sou um “maluco beleza”, mas percebo que atingi um nível de
equilíbrio bom entre razão e emoção, entre o que penso e o que sinto, até
porque nunca ignorei os sentimentos, eles são, em última análise o que nos
provoca entusiasmo ou desânimo.
Nunca
cedi ao medo ou à preguiça de buscar respostas, esses são os verdadeiros
inimigos a vencer porque eles nos sequestram em crenças e convicções que em
nada contribuem para nossa estabilidade psicológica, ao contrário, nos
condicionam e viciam a ponto de acharmos que algo de ruim nos acontecerá se
abandonarmos essas fantasias.
Nesse
processo construí um acervo que, longe demais de ser completo, se constitui em
uma base bem razoável para alguém que tenha como objetivo mais do que seguir o
que outros pensam, mas buscar seus próprios caminhos de conhecimento, caminhos
sem fim e onde as certezas se transformam em curiosidade.
Sempre busquei informações evitando qualquer preconceito, com o intuito de buscar respostas ainda que nas fontes menos atraentes para mim, como por exemplo a Bíblia, que desde adolescente achava, além de difícil de ler, muito sem sentido, mas, mesmo assim, assumi minha ignorância e fui tentar entender as mensagens ali registradas.
Passo
agora esse acervo para que outros possam, não trilhar o mesmo caminho, mas
desbravar os mistérios do conhecimento por sua própria bússola. Um acervo que,
se não é completo, é suficiente para dar a partida nessa exploração. As fotos a
seguir são dos livros e publicações que já estão devidamente organizados para
essa doação.
A
sequência a seguir não respeita a ordem cronológica em que os li, até porque
depois de mais de quatro décadas já não me lembro dessa ordem, mas tentei
colocar em uma ordem lógica que acredito facilite a construção de uma base
razoável para entendimento das questões em discussão.
Começando por uma análise sobre a situação do pensamento político em uma era que já foi chamada das incertezas e algumas especulações sobre futuro.
A
evolução política do mundo também foi objeto desses estudos.
Como
não podia deixar de ser, minha grande curiosidade sempre foi pela nossa
cultura, daí minha admiração sobre Darcy Ribeiro, que talvez seja, junto com
Mário de Andrade, uma das melhores referências sobre o assunto, mas não são
deles os livros a seguir, porque para concluir que eles estavam certos me
custou ler todos estes:
Nos
anos 80, com a criação do PT e tendo em conta minha tendência ao pensamento anarquista
liberal (até li alguma coisa de Bakunin,
mas “O banqueiro anarquista”, de Fernando Pessoa, é que me deu a verdadeira
dimensão dessa ideologia!), achei que ali havia uma chance de surgir algo mais
parecido com política de verdade, não a briga de conchavos pelo poder que
dominava o congresso e todas as instâncias de poder do nosso país.
Aqui
cabe uma explicação, antes de me tornar o pragnóstico que sou tinha algumas
convicções, coisas em que acreditava e discutia desde os 18 anos, uma era o
liberalismo, ou seja livre iniciativa, liberdades individuais etc., por outro
lado considerava que conceitos como propriedade eram ilógicos, afinal "porque um
animal poderia se apoderar do que quer que seja e impedir que outros pudessem
usufruir daquilo?", coisa que logo entendi que seria impraticável, pelo menos num
horizonte imaginável.
Como
consequência das ideias liberais me convenci que o capitalismo é a forma natural
de funcionamento de uma sociedade complexa, ou seja, se adotamos o caminho do
progresso científico, tecnológico e social não temos alternativa, o capitalismo
não é uma ideologia, é a forma natural como essa sociedade vai organizar suas
transações.
Considero
o livro “A riqueza das nações” de Adam Smith, um trabalho de pesquisa e
observação sobre como isso ocorre, similar ao livro “A Origem das Espécies” de
Charles Darwin. Nenhum dos dois expõe uma ideologia, apenas explica as
conclusões da observação isenta dos fenômenos.
Nesse
livro, “A riqueza das nações”, Adam Smith salienta os problemas desse tipo de
organização social, com a tendência inevitável à concentração de riqueza e
crescimento das populações carentes, observando que caberia aos governos criar
sistemas de compensação para minimizar esses efeitos, o que até hoje entendo
que seja uma união entre os princípios liberais e os do socialismo.
Todas
as teorias alternativas são construções ideológicas baseadas em um desejo muito
forte de promover justiça social. O primeiro problema é serem apenas isso,
construções ideológicas, já que, mesmo em sociedades primitivas e muito menos
complexas do que o chamado “mundo civilizado”, nunca houve nada parecido com os
sistemas propostos por essas teses, o segundo problema é que, em todas elas, a
necessidade de haver geração de riqueza é dada como um fato consumado, esquecendo
que ao eliminar a livre iniciativa, elimina-se o estímulo a essa geração de
riqueza.
Além
disso sempre envolviam a concentração de poder, inclusive quando propunham sistemas
de tomada de decisão colegiados - aliás essa é a forma mais efetiva de
estabelecer ditaduras baseadas em decisões “democráticas”. Meu liberalismo
inato sempre teve como premissa combater toda concentração de poder, seja
daqueles com quem simpatizo, seja dos que rejeito.
O
PT nesse contexto representava um enigma a ser desvendado, porque tendo sido
criado pelos mais renitentes socialistas, como Zé Dirceu, Genoíno, Vladimir
Palmeira e outros, se apoiou totalmente nas lideranças sindicais mais fortes da
época, que nem sempre tinham as mesmas convicções, além de terem se firmado por
suas habilidades de negociação, não de confrontação, além de intelectuais como
Sérgio Buarque de Holanda, Hélio Bicudo, que, como eu entendiam que o caminho
do progresso deveria ser pela democracia, não pela revolução.
Nesse
ambiente tentei buscar as informações para tentar entender toda essa barafunda.
Para
mim, que até essa época (anos 80), tive como premissas a democracia, a livre
iniciativa e o capitalismo, não como as melhores formas de organização social,
mas as únicas possíveis, essa imersão no mundo da esquerda, totalmente nova
para mim, foi ao mesmo tempo excitante e reveladora, embora tenha resultado em
grande confusão.
Percorri os caminhos do pensamento anarquista, que sempre me atraiu muito, mais como utopia do que ideologia, com Bakunin, socialista, com Marx e companhia, e, claro os ideólogos do PT,
A
confrontação do que consegui obter das leituras e o que vivi dentro do ambiente
político, tem participado de campanhas, planos de governo etc., foi aos poucos
me dando uma certa segurança de que os radicais não tinham apoio suficiente no
partido para implementar seus planos extremistas e que a liderança cada vez
mais forte do fenômeno Lula, sindicalista e depois político extremamente
pragmático, estava fazendo o partido de refém.
Meu
apoio quase incondicional ao Lula nessa época se deveu muito à minha convicção
de que ele não era de esquerda, muito menos socialista, era um cara obcecado
pelo poder e suficientemente carismático para conseguir isso. Por outro lado me
parecia bem intencionado e o partido tinha uma organização e uma militância que
nenhum outro chegava nem perto.
Sempre
busquei apoio nas bases filosóficas que sustentaram o pensamento de todas as
correntes ideológicas existentes.
Muitas
vezes encontrei joias de sabedoria nas fontes mais inusitadas.
AUTOSECTARISMO
Paródia de Autopsicografia de Fernando Pessoa
Todo crente é
um sectário,
Desdenha tão completamente,
Que chega a achar otário,
De outra crença qualquer crente.
E os que ouvem
o que prega,
No que diz creem bem,
Não a crença que ele prega,
Mas só a que eles não tem.
E assim, nas
calhas de roda,
Gira, a entreter o que sente,
Esse comboio de corda
Que é nossa própria mente.
Poema
que dedico a Lulistas e Bolsonaristas!
A
minha opinião (complexa como eu) é que, ao não julgar e punir os excessos da
ditadura, como fez a Argentina, por exemplo, criamos um monstro. Os militares
se sentiram intocáveis e se acham acima dos poderes.
Pra
mim, o Bolsonaro não "usou" as Forças Armadas, mas nasceu dessa
convicção, de que eles são os guardiões contra a esquerda.
Por
outro lado, a tal da "anistia ampla, geral e irrestrita" que os
militares sempre repetem que deve valer pros dois lados, não deixa de ser
característica de nossa cultura, menos radical.
O
problema é que os "radicais", ainda que minoria, se sentem poderosos
nesse ambiente.
Estudo
e experiência me levaram a abandonar qualquer grupo político, seja qual for sua
tendência, e evitar ainda mais qualquer convicção ou radicalismo.
Idades
ou “A era que nunca foi porque já era!”
As
eras da civilização foram divididas em quatro:
Era
Antiga: primórdios da civilização (lembrando que a pré-história é considerada
pré-civilização);
Era
Medieval: também denominada "idade média", ou seja, um
intervalo entre uma época de trevas no conhecimento humano e das luzes da
ciência, por isso associada ao movimento do "iluminismo";
Era
Moderna: tudo que veio depois;
Era
Contemporânea: os dias atuais.
Como
se pode observar, essas denominações são relativas, ou seja, são referentes aos
dias atuais designando quanto tempo há entre hoje e os tempos que se quer
designar, o que, obviamente, não explica nada.
Sendo
assim proponho uma reflexão:
Com
base na divisão atualmente utilizada, encontrar designações mais adequadas para
as eras:
Era
Antiga: Era Real
Era
Medieval: Era da Ilusão
Era
Moderna: Era Material
Era
Contemporânea: Era Virtual
Nestas
duas últimas houve uma mudança que talvez seja a mais significativa e arriscada
da civilização, a mudança de foco do coletivo para o individual.
Muitos
podem achar que é apenas mais uma forma de encarar a vida e vai mudar hábitos e
formas de relacionamento, nada além.
Eu
vejo mais do que isso!
A
ciência nos libertou (?) de crenças fantasiosas e nos doutrinou para novas
crenças "científicas". Digo crenças porque para a grande maioria da
população humana os postulados da ciência são incompreensíveis, só são aceitos
(quando o são) baseados na confiança no "sistema", ou seja a crença
migrou de uma ficção além da esfera humana, para uma ficção de dentro dessa
esfera, ou seja, as instituições oficiais.
Essa
mesma ciência tem como postulado bem estabelecido (pelo menos até este início
do século XXI) as premissas da evolução das espécies, quais sejam, os impulsos
de autopreservação dos indivíduos e de preservação da espécie quando o enfoque
é o coletivo, desses derivaram-se os impulsos da competição por recursos e pela
reprodução e a seleção natural.
Ora,
com a mudança de enfoque privilegiando o indivíduo, criou-se um
desbalanceamento nessa equação.
Quais
as consequências desse desequilíbrio? Difícil avaliar, mas uma já se percebe, a
emergência de um sentimento de resistência a esse novo modo de encarar a vida
humana, como a busca individual da felicidade e aqui cabe bem a exortação usada
muito em shows de rock, talvez a maior manifestação desse individualismo
crescente, "como se não houvesse amanhã"!
Nesse
contexto sempre tive muita curiosidade pelo tema “religião”.
Passei
por todas as fases de formação católica, frequentando regularmente a igreja até
a minha adolescência. Interessante que sempre fui orientado a essa prática que
meus pais não acompanhavam, os mesmos que me orientavam!?
Já
adulto me dediquei a entender melhor essa religião, li muitos trechos da
Bíblia, embora nunca tenha tido a paciência necessária para ler inteira, e
outras publicações que um amigo “Opus Dei” me passava.
Interessante
que se, por um lado, sempre li os livros que ele me mandava, por outro, quando
dei para ele um livro sobre os primeiros cristãos, mostrando as práticas
“socialistas” dessas sociedades primitivas, ele me devolveu dizendo: “Não li,
nós temos pessoas que tem um preparo muito melhor na avaliação dessas obras e
que nos indica o que podemos e o que não devemos ler.”
Passagens
como essa foram me alertando sobre como pensam os convictos.
Outra
experiência da juventude foi com o espiritismo, que cheguei a frequentar várias
vezes com minha mãe e nessa fase de busca de entendimento recorri ao mestre do
assunto, Alan Kardec, além de outros.
Outro ramo do pensamento místico, como hoje classifico quase todas as religiões, que me atraiu muito a atenção foi o esoterismo.
Depois
de muitas imersões, não só de leituras, mas de prática, me tornei um agnóstico,
ou seja, alguém que não discute o mistério, apenas aceita que há um limite para
o nosso conhecimento e além disso, há o mistério, algo que não deve ser
explicado por qualquer forma de fantasia, apenas deve ser respeitado como tal.
Uma
exceção em relação à minhas conclusões sobre religião é o Taoísmo, que, se eu decidisse
adotar uma, seria minha escolha.
Apesar
de o Taoísmo dar uma “explicação” para o mistério, é muito mais sobre como
devemos encará-lo do que como ele seria de fato.
- Vencer o MEDO
- Vencer a CLAREZA
- Vencer o PODER
- Resistir à VELHICE
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