Medo
Exalta-se
tanto a bondade
Na crença de
fazer o bem
E brada-se: A
vida não é justa!
Cada vez que
o bem não vem!
Mas, se o bem
pra cada um
Só se alcança
pela competência,
Cadê a
coragem pra pregar
Competição
para excelência?
Estamos mesmo
preparados,
Pregando
tanto a bondade,
Mesmo
sabendo-nos enganados?
Medo de
enfrentar a realidade?
Prefere-se
evitar a aspereza da luta
Pelo devaneio
de uma justiça superior.
Ignorância
tal não é coisa que se degluta,
Não sem ficar
afogueado de rubor!
Assim vamos
caminhando
Cabisbaixos,
passo a passo
Indivíduo,
família e nação
Rumo ao
covarde fracasso!
Nos idos de 2010, no volume I do DeMimPro6, eu já alertava sobre
o principal inimigo do homem, o medo, e cada vez que me deparo com uma questão
importante para a vida, esbarro novamente nesse demônio.
E agora, 2019?
O que mais
impressiona é a extrema covardia que domina as forças(?) políticas nesta nossa
nação.
Nunca antes,
na história deste país, tivemos condições tão perfeitas para que alguma
liderança desponte como alternativa às duas doenças, uma que domina a cena há
quase três décadas e meia[1] e a outra nascida da reação à primeira, ou seja, ambas estão
na lona, sob contagem do juiz, entretanto o silêncio é ensurdecedor.
Estas últimas
décadas evidenciaram a grande preocupação de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É
o silêncio dos bons.” Ainda que isso seja muito mais uma constatação do que
uma exortação, sempre nos deixa perplexos.
Já a malta ignara - data venia à expressão jocosa - essa grita a plenos pulmões, enchendo as malfadadas mídias sociais com enxurradas de discussões vazias, normalmente motivadas por pura vaidade.
Sempre serão
os mais convictos a gritar e esse é o problema, a convicção, a certeza é uma
enorme estupidez, por isso os sensatos normalmente se calam.
[1] Essa doença se constitui
de um só partido, nascido sob a liderança de José Sarney, o PCC – Populistas
Comunistas Corruptos, a oligarquia política do país que acredita que um governo
gigantesco e forte conseguirá conter as forças sociais que promovem a
exploração dos proletários, mas, como precisam de apoio popular, adotam o
discurso do estado provedor e pai dos pobres e, como não conseguem conter nem
suas próprias taras, sucumbem à tentação de se locupletar. Esse partidão,
composto por quase todas as sub-siglas partidárias, principalmente PMDB, PSDB e
PT, é, indiretamente, o responsável pelo surgimento do outro PCC (Primeiro
Comando da Capital), do Comando Vermelho, de mais uma dezena de facções
criminosas menores, milícias e outros grupos de extermínio, com os quais mantém
relação simbiôntica e, diretamente, das grandes quadrilhas estruturadas nos
poderes executivo, legislativo e judiciário, além dos cartéis privados mais
corruptos e inescrupulosos do mundo, mantendo com eles relação íntima de troca
de favores.
Bom, a nosso
favor eu diria que sobrevivemos - se não nós mesmos, aqueles que nos geraram -
a um suicídio, uma renúncia, pelo menos dois presidentes mortos sem explicação
convincente (Castelo Branco e Tancredo), dois impeachments, ao PT e estamos
aqui, firmes e fortes.
Parodiando o
cara que substituiu o Carl Sagan na
televisão (Neil deGrasse Tyson): O Brasil não tem obrigação de fazer sentido
para você!
A pergunta é:
Deus tem o
hábito de ficar ao lado de quem tem mais canhões, ou
Deus dá mais
canhões a quem está ao lado dele?
A resposta,
seja qual for, vai iluminar seu caminho!
Minha visão do nosso mundo político
Deixando um
pouco de lado as questões da qualidade dos políticos, já que isso é cultural e
não pode ser atribuído ao modelo de estrutura política, para mim é muito claro
que o sistema político atual no Brasil, peca pelo excesso.
Talvez em
função da baixíssima confiança que temos em nós mesmos, em nossa cultura e,
consequentemente, em nossos políticos, fenômeno muito bem retratado por
Macunaíma e definido por Nelson Rodrigues como “complexo de vira-lata”, enfim,
talvez por causa desse nosso complexo, tendemos a criar regras excessivamente
rigorosas na esperança que elas coíbam os efeitos deletérios dessa estupidez
generalizada.
Há décadas eu
digo que somos mais realistas que o rei, ou seja, quando comparamos nossas
preocupações – não nossas atitudes – em relação a questões de segurança, de
saúde, de educação, de qualidade dos equipamentos públicos e mesmo de
comportamento, somos inclinados a criticar excessivamente a nossa realidade.
Somos capazes
de querer regulamentar esportes radicais de forma a desradicalizá-los, exigir
suporte a todo tipo de mal que nos acometa, nos revoltando quando os bares e
restaurantes não oferecem alimentos dietéticos, delegar às escolas a formação
integral de nossos filhos, reclamar da qualidade das estradas, mesmo as mais
afastadas, como se nos países desenvolvidos tudo fosse como nas Autobahn da Alemanha e considerar como
inadmissível qualquer comportamento estranho a nossas crenças, sejam
religiosas, sejam morais, independentemente de como tenhamos nos comportado
durante nossas vidas.
Isso não quer
dizer que nossa segurança, nossa saúde, nossa educação, a qualidade dos
equipamentos públicos e nosso comportamento sejam primorosos ou, por outro
lado, não mereçam preocupação e possam ser liberados de qualquer controle, mas
o fato é que, consideradas as dimensões, a diversidade cultural e os recursos
produzidos em nosso país, temos sistemas universais de saúde e de educação dos
maiores e mais bem estruturados do mundo, ainda que tenham problemas, da mesma
forma nosso sistema de segurança, transportes e manutenção dos equipamentos
públicos, ainda levando em conta os recursos disponíveis por região, estão
muito acima da maioria dos países com a mesma capacidade de produção, basta
verificar a situação em regiões similares dos USA, por exemplo.
Quero dizer
que o nível de crítica que temos em relação a essas questões é desproporcional
às diferenças de qualidade com que convivemos, comparando com países
desenvolvidos em que a tolerância com os “defeitos” do sistema é muito maior,
sendo que em muitos casos esses “defeitos” nem são considerados como tal, mas
como inerentes ao caos que é a vida ou “ossos do ofício” – no caso, ossos da sociedade.
Essa
tolerância com as deficiências do sistema é proporcional ao nível de confiança
que permeia uma sociedade, quanto maior a confiança entre os cidadãos e,
consequentemente, nas instituições, maior a tolerância.
Quando há
confiança, as ações dos demais são avaliadas muito mais pelas intenções do que
pelos resultados, os padrões de exigência passam a ser relativos. Mesmo quando
há cobrança ela é carregada de empatia, cada um tentando se colocar no lugar do
outro num esforço para entender as dificuldades e obstáculos enfrentados.
Em nosso caso
é evidente o baixíssimo nível de confiança que temos entre nós, dessa forma
buscamos padrões absolutos de exigência.
Esse excesso
de preocupação com a perfeição é a causa principal de não conseguirmos nem
mesmo o mínimo necessário para construirmos uma sociedade razoável.
Um dos
aspectos mais prejudiciais dessa visão idealista da realidade é nosso sistema
político, cujo principal defeito é ser excessivamente garantista e
excessivamente democrático. OOhhh!
Dirão os baluartes desses excessos deletérios – uma minoria barulhenta de nossa
população, mas principalmente os idealistas de esquerda – Que absurdo! – dirão - É
exatamente o contrário, precisamos radicalizar a democracia e os direitos
humanos.
Lamentavelmente
nada posso fazer em relação a isso, como disse é cultural e não vai mudar sem
muito e prolongado sofrimento.
O fato é que
temos um sistema político que garante a qualquer um que tenha recursos, lícitos
ou não – incluídos aqui os empreendedores do crime organizado em todas as suas
modalidades - manter seus privilégios a despeito de todas as evidências de seus
crimes.
Pior do que
isso é o sistema representativo que inventamos, em que o indivíduo escolhido
para presidir o país não tem poder para presidir nada, tolhido por uma teia de
burocracias parlamentares e rituais de aprovação quase intransponíveis,
descaracterizando completamente o governo que se pretendia obter quando da
eleição do infeliz. Claro que nossos defensores da estupidez dirão, indignados:
– Graças a deus, pelo menos temos instâncias de controle para evitar erros
irremediáveis.
Esquecem que
a evolução, seja de um organismo, seja de uma sociedade, só ocorre a partir dos
“erros” que são o resultado de ações transformadoras e, portanto, em algum
grau, em desacordo com as normas vigentes.
O caso Julian
Assange é interessante para entender porque precisamos “dar uma chance ao
erro”.
É sabido que ele violou leis e até uma ética de que os estados
nacionais teriam o direito de esconder certas informações por motivos de
segurança nacional, leis essas que não estavam sob nenhuma pressão da
sociedade, ou seja, eram aceitas, pelo menos tacitamente, pela maioria,
entretanto, essas informações revelaram, como era de se esperar, fatos que
chocaram a opinião pública.
Esse fato, aliás, é exatamente o motivo pelo qual eram
sigilosas, quer dizer, considerando que o chefe de estado eleito pelo povo
teria a confiança desse povo, seria obrigado, por circunstâncias críticas, a
tomar decisões drásticas e, eventualmente, cometer atos de violência pelo bem
maior que seria a garantia da soberania e da segurança da nação. Afinal não é
de se esperar, para pessoas normais e inteligentes, que alguém consiga
administrar seja o que for, de forma mais correta do que nós mesmos fazemos,
dando nossos jeitinhos nem sempre tão perfeitos, inclusive para corrigir
eventuais “jeitinhos” cometidos e que resultaram em consequências contra os
nossos interesses – “ninguém é perfeito, não é mesmo?”
Isso é mais crítico quanto maior a responsabilidade de sua
posição na sociedade, dessa forma, no cargo mais alto, de chefe de estado, as
coisas escabrosas vão fazer parte do dia a dia. Só não percebe quem não quer.
Muito bem, considerando esses últimos argumentos – e concordando
com eles – alguém poderia considerar correto terem prendido o cara e coibido
sua ação, entretanto, esse desmascaramento permitiu que esse maquiavelismo
fosse percebido pela sociedade como um todo, provocou um choque na hipocrisia
dominante no discurso dos poderosos e, inclusive, permitiu esse arrazoado que
estou fazendo aqui.
Não sei que consequências isso terá, mas, com certeza, resultará
em algum tipo de evolução na forma como administramos nossas sociedades.
Sem esses rebeldes e sem a possibilidade do que consideramos
errado hoje, não há possibilidade de criar o amanhã.
A irresponsabilidade vem de permitir que minorias, usando de
artifícios ou da força, imponham suas ideologias sem nenhum filtro democrático.
Quero dizer que, se precisamos dar uma chance ao erro que seja, pelo menos, um
“erro” escolhido democraticamente.
A única forma
de evoluir é admitir as mudanças pedidas pela maioria e tentar viabilizá-las da
melhor forma possível, eventuais desvios poderão ser corrigidos na próxima
eleição ou mesmo poderão levar a um processo de impeachment, agora, impedir que
o presidente e sua equipe implementem as mudanças pelas quais foram eleitos é,
para dizer o mínimo, estupidez de vira-latas que pretendem ser mais realistas
que o rei e, principalmente, contra a democracia.
Convicção
Cerca de 25%
da população brasileira, dividida igualmente entre em petistas e bolsonaristas,
são o que poderíamos chamar de convictos, aqueles que defendem suas opções como
se fosse caso de vida ou morte.
São aqueles
que reagem a qualquer provocação, seja ela real ou apenas brincadeira, que não
se entregam mesmo diante das evidências mais claras e são, também, os maiores
empecilhos a qualquer tipo de mudança.
Vale a pena
refletir sobre como essas convicções se formam, quão racionais são as opções
que fazemos.
Se um
cientista defender a teoria do multiverso, afirmando que experimentos
científicos demonstraram a possibilidade de existência de várias dimensões,
cada uma contendo um universo próprio, e outro defender a existência de apenas
um universo, com base em outras experiências, com teorias consistentes e
aceitas pela academia, ainda que não definitivas, cada um de nós, desde que
interessados no assunto, poderá inclinar-se para uma ou outra teoria.
Dificilmente
entraríamos em atrito sério com alguém que não concordasse conosco.
Entretanto,
quando se trata de liberalismo e socialismo, que são tão incertos como a teoria
de tudo perseguida pelo Stephen Hawking, nos atiramos em discussões
violentas, não como alguém que está defendendo uma ideia, mas como quem está se defendendo de
um inimigo perigosíssimo.
Perguntar-se
por que isso ocorre seria de grande valia para entender o que se passa com
esses temas em nossa cabeça.
A emoção é a
ferramenta dos comunicadores, seja através da arte, seja da exortação política.
Como está
cada vez mais claro no momento político que passamos (primeiros meses do
governo Bolsonaro), a direita não prima por essa habilidade, enquanto a
esquerda representa uma verdadeira legião de formadores de opinião – não, não
vou falar de novo sobre o gramscismo, fiquem tranquilos – esses formadores de
opinião ocupam a mídia, as escolas e as artes, enquanto a direita – aqui falo
do liberalismo econômico, não em relação a questões morais e de comportamento -
talvez pela presunção de estarem defendendo o óbvio, nunca se preocuparam em
convencer ninguém.
Outro fator
decisivo é nossa tendência a pintar tudo de cor de rosa, tornando a defesa de
uma ideologia que encara um mundo real, competitivo, em que muitos – a maioria
– não terá acesso aos benefícios do progresso, quando confrontada com uma
ideologia que promete um paraíso, onde o bem triunfará e todos viverão em
harmonia e abundância, em uma tarefa extremamente difícil, se não impossível.
Esse estado
da nossa cultura após 300.000 anos da emergência do sapiens, precisa ser considerado na pesquisa dos motivos pelos
quais pensamos como pensamos. A racionalidade não parece ser nosso principal
capital intelectual.
Sou
radicalmente contra o comunismo e nunca acreditei que ele tinha morrido. Assisti
duas séries da Netflix bem interessantes - O levante da Páscoa e Traidores -
que mostram como a União Soviética quase dominou a Europa e só não conseguiu
pela pertinácia dos Estados Unidos que, contra tudo e contra todos, nunca se
acomodou e, como em 64 no Brasil, reagiu fortemente às pretensões dos
vermelhos.
Interessante
que a primeira trata de um movimento ocorrido na Irlanda em 1916 e que provocou
a morte de um civil, amigo de James Joyce, que veio a inspirar o famoso
personagem Leopold Bloom, do não menos famoso Ulysses.
Apesar do aparente
final do comunismo na Rússia, a ideia continua muito viva, tanto que qualquer
um de nós vai lembrar de alguém próximo que tem uma quedinha por essa
ideologia, o que é fácil de entender, quem não gostaria de um mundo onde não
houvessem pobres nem fronteiras, até o John Lennon. Quem não reconhece esse
fato não está preparado para a vida real.
O fato é que
isso é utópico, o ser humano não funciona como um robô, fazendo o que o governo
manda, daí terem que impor tantas restrições às liberdades individuais e o motivo
da perda de produtividade nesses regimes, até seu colapso.
Essa
convicção parte de algo muito mais essencial. Faz muitas décadas que adotei o
seguinte lema: o conhecimento distribuído é mais eficaz!
Partindo da
certeza de que o conhecimento é a essência da vida e a sua busca é a força
vital do universo, é fácil verificar que se esse conhecimento for distribuído o
resultado será infinitamente superior à opção de centralização.
Isso se
constata no processamento de dados, por exemplo, o processamento distribuído,
introduzido pelo PC foi o que transformou iniciativas criadas em sistemas
centralizados, como a internet, em uma revolução do conhecimento.
Da mesma
forma a economia descentralizada em que o capitalismo se baseia é infinitamente
mais eficaz do que a centralização proposta pelo socialismo.
O Olavo de
Carvalho defende princípios com os quais eu concordo, o liberalismo e a
individualidade responsável, embora eu esteja convencido que isso, tal como o
socialismo, é uma utopia. No momento atual, na sequência de um período
desastroso de distribuição irresponsável, constitui-se na única opção razoável.
Quanto ao
personagem citado, além de ser radical, o que, por si só, já seria suficiente
para ler seus textos com reservas, é também paranoico com a ameaça de retorno
do socialismo, coisa que ele meteu na cabeça da nossa família imperial, além de
ser uma besta fera.
Esse é o
problema, eles estão obcecados com a extinção do Gramscismo que inundou a
cultura do mundo nas últimas décadas e não enxergam mais nada, não percebem que
as mudanças que esse movimento promoveu, só comparável aos efeitos da igreja
romana na formação e consolidação do senso comum, por mais terrível que possa
parecer, como todo o atraso decorrente da visão fundamentalista, enfim, por pior
que possa parecer, é uma mudança que não se reverterá em uma geração, na
verdade nem acredito que se altere por aprendizado intelectual, acho que só o
sofrimento, como no caso do catolicismo, que precisou das cruzadas e da
inquisição para começar a provocar alguma resistência, da mesma forma, acho que
só o sofrimento, a miséria e a violência, como pode se antever no micro-exemplo
da Venezuela, poderá provocar uma reversão dessa insanidade, isso se não
estivermos extintos antes.
A realidade é
irritantemente indefinida, não se sujeita a ideologias. Quando, em 11/09/2001,
houve os ataques ao World Trade Center, muitos líderes, políticos ou não,
movidos por um impulso patriótico, tiveram a pretensão de corrigir tudo,
reconstruir o que havia sido colocado abaixo, compensar financeiramente todas
as vítimas, eliminar as ameaças terroristas pelo mundo afora e restaurar a pax
americana que parecia imperar desde a 2ª guerra mundial.
O fato é que,
nem a maior potência econômica e militar do mundo, reunindo todos os seus
“poderosos capitalistas” conseguiu restabelecer aquele estado de coisas. O
terrorismo passou a ser uma realidade, ora mais controlada, ora menos,
permanente no mundo.
Da mesma
forma, a guerra contra as drogas está fadada ao fracasso, são movimentos globais
resultantes das pressões sociais que não conseguimos administrar.
As ideologias
de esquerda fazem parte desse pacote, não são passíveis de eliminação, estão
disseminadas por todo o planeta e, como um vírus não letal, contagiando todas
as mentes “bem intencionadas”. Qualquer política que tenha como objetivo
erradicar essas ideias estará, como no caso do terrorismo ou das drogas,
destinada a ser apenas perda de energia inútil.
Ma non dimenticare,
Tutto nel mondo è burla,
L’uomo è nato burlone!
Come diceva Verdi.
Necessidades
pessoais são privilégios quando vistos pelo menos favorecido.
Interesse
social é sempre conflitante com interesse individual.
Quando um
grupo corporativo defende uma política é muito diferente das demandas da
população em geral, porque os interesses, muitas vezes legítimos, sempre serão
principalmente em defesa dos componentes da corporação, sejam militares,
industriais, médicos, operários ou professores. Não se pode embarcar na
conversa desses grupos sem muita análise crítica.
Quando o
cobertor é curto, alguém tem que deixar os pés pra fora, o desafio é o
seguinte:
1 - Se
exigirmos que apenas os mais ricos sejam penalizados, estaremos interferindo
com todos os empreendedores e alguns rentistas e teremos dois tipos de desestímulo
à produção, o psicológico, gerando menos estímulo e confiança do investidor e o
financeiro, sobrando menos dinheiro pra investimento das empresas;
2 - Se
distribuirmos o ônus uniformemente pela população, aumentaremos a pobreza e o
sofrimento dos mais pobres.
Desde a
guerra fria o mundo civilizado percebeu duas coisas, que o socialismo é
inviável e que o liberalismo também é inviável, ou seja, como ficou célebre
desde aquela época, o segundo é a exploração do homem pelo homem e o primeiro é
exatamente o contrário.
A partir
dessa constatação os liberais aprenderam que são imprescindíveis políticas
sociais para dar conta da extrema pobreza, não da desigualdade, esta decorrente
das diferenças naturais entre os indivíduos, e principalmente no sentido de garantir
as mesmas oportunidades a todos.
Isso nunca
foi alcançado totalmente, exceto em algumas bolhas de riqueza, normalmente
resultantes de muitas décadas de exploração de outros povos, mas todos os dados
mostram que, nos últimos 100 anos os mais pobres alcançaram condições de vida
muito melhores, em média, do que no século anterior, claro que estamos falando
dos países que colocaram essas políticas efetivamente em prática.
Hoje é
praticamente consenso que, além da segurança interna e externa, a universalização
dos serviços de saúde e educação são pressupostos para o desenvolvimento.
Repito aqui o
que se tornou um mantra nos meus textos: não pretendo convencer ninguém de
coisa nenhuma, apenas expor as minhas conclusões que frutificarão na mente de
cada leitor quando vier a maturidade, se ela vier, já que muitos estão de tal
forma inoculados com ideias pré-formatadas baseadas em devaneios atraentes que
correm o risco de se tornarem uma legião de Peter
Pan achando que não precisam amadurecer e, dessa forma, convencidos de
serem altruístas, acabarem por ser os mais egoístas.
As
experiências políticas reais nunca são totalmente liberais nem totalmente
socialistas, sendo uma composição de princípios de uma e de outra ideologia, o
desafio é encontrar o equilíbrio entre elas.
Por isso, a
única solução é a alternância de poder, já que temos a tendência de insistir
cada vez mais em nossos princípios, provocando cada vez mais desequilíbrio.
Especulações
sobre a emergência de um novo tipo de inteligência, extracorpórea, por assim
dizer - como mencionei no ensaio O mundo está doente!, a
inteligência artificial, propõem que ela poderia ser uma solução para esse
impasse nascido de nossas fraquezas psicológicas, mas eu, particularmente, não
acredito.
Em dois
ensaios de 2013 tentei organizar minhas ideias sobre isso:
IA é uma ameaça?
Quando se
especula sobre a IA, sobre a escalada do potencial de desenvolvimento dessas
tecnologias e quando ela ultrapassará o cérebro humano, dão a impressão de que
basta aumentar a capacidade de processamento, mapear o funcionamento do nosso
cérebro e teremos criado um novo ser senciente.
A realidade
atual do conhecimento humano não corrobora essa suposição.
Id, Ego e Superego,
apenas para ficar nos limites da teoria freud-jungiana, são tão misteriosos
hoje quanto na idade média, quando nem sequer imaginavam mais do que corpo e
alma.
Sonhos,
devaneios, imaginação, medo, desejo, fantasia, ficção, necessidades ou
patologias psicológicas, tesão ou taras, continuam sendo processos cujas origens
pertencem ao mistério, daí nossa necessidade de acreditar em mitos
transcendentais.
Nesse
contexto como podemos sonhar que poderemos algum dia criar algo que reproduza
esses processos artificialmente?
O mais
avançado que se conseguiu sobre o fenômeno da vida está no livro A Árvore do
Conhecimento de Maturana e Varela e apenas descreve o fenômeno da
autopoiese, como a base do processo vital, porém sem nenhuma pista de como se
poderia reproduzi-lo em laboratório. Além disso trata dos aspectos materiais da
vida sem chegar nem perto dos fenômenos psicológicos.
Autopoiese ou autopoiesis (do
grego auto "próprio", poiesis "criação")
é um termo criado na década de
1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco
Varela e Humberto Maturana para designar a capacidade
dos seres vivos de produzirem a si próprios. Segundo esta teoria, um
ser vivo é um sistema autopoiético, caracterizado como uma rede fechada de
produções moleculares (processos) em que as moléculas produzidas
geram com suas interações a mesma rede de moléculas que as produziu. A
conservação da autopoiese e da adaptação de um ser vivo ao seu meio
são condições sistêmicas para a vida. Portanto, um sistema vivo, como sistema
autônomo está constantemente se autoproduzindo, autorregulando, e sempre
mantendo interações com o meio, onde este apenas desencadeia no ser vivo
mudanças determinadas em sua própria estrutura, e não por um agente externo.
Deus é amor?
Não sou a
melhor pessoa para dar opinião sobre Deus ou deuses, já que considero isso uma
questão totalmente subjetiva, mas fiquei tentado a pegar carona nessa máxima
milenar que transcendeu muito os limites das religiões.
Posso dizer,
que, considerando a ideia de um Deus, então, sim, na minha opinião, Deus é amor!
Se associamos
essa ideia, da existência de um Deus - um criador, uma fonte de tudo - à ideia
da vida, não tenho dúvida que é o amor a força vital.
Amor como
algo necessariamente transitivo, ou seja amor por algo ou por alguém. O amor
genérico ou universal não significa nada, é como não amar, o amor só é uma
força, uma potência, quando há uma diferença de potencial que promove algum
movimento, alguma transformação.
Amor é ódio,
porque são irmãos gêmeos.
Ternura e
violência, colaboração e competição cada um a seu tempo, esse o segredo de
amadurecer sem apodrecer, sem perder a ligação com tudo que é realmente
importante!
A minoria burra vota nos
espertalhões!
Os espertalhões institucionalizam a burrice!
A maioria, sem opção, vota nos burros campeões!
Será que ser burro é a própria brasileirice?
Os espertalhões institucionalizam a burrice!
A maioria, sem opção, vota nos burros campeões!
Será que ser burro é a própria brasileirice?
Vestígios da estupidez
Tinha, até hoje, certa antipatia pelo Senna - sei, isso deve
chocar muita gente, mas é verdade - antipatia pela extrema competitividade
desse cara.
Me parecia alguém sem escrúpulos sobre o que era aceitável para
vencer, alguém que não media atitudes, esforços, ações, tendo em vista o
objetivo final, que era sempre vencer.
Hoje, assistindo uma reportagem no aniversário de sua morte
trágica, caiu a ficha e tive que me desculpar com o gênio.
Percebi que minha "antipatia" era nada mais do que
vestígios da minha estupidez, a mesma estupidez que me levou a acreditar nas
ideias de esquerda, na negação da competitividade como a única qualidade que
pode nos conduzir ao aperfeiçoamento.
Pérolas do hipocritamente
correto
Se um maluco usa seu skate pra ir pra faculdade descendo a
Consolação no meio dos automóveis, tudo bem, mas, basta uma empresa - aquelas
entidades malévolas criadas para dar lucro e explorar os proletários - oferecer
um serviço de aluguel de patinetes e vai ter que garantir a segurança do
usuário e de toda a sociedade em volta do seu equipamento.
Pensamento hiperbólico
Se meu pensamento parece confuso,
sua
razão de ser é examinar minuciosamente os conceitos de modo a só admitir por
verdadeiro o que realmente é, e declarar duvidoso o que não pode afastar o
mínimo de incerteza.
Descartes
Descartes
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